KTM ofusca concorrência na Espanha e ostenta na sprint até com piloto de testes

Brad Binder, Jack Miller e Dani Pedrosa foram os grandes nomes da quarta corrida sprint da temporada 2023 da MotoGP. A marca de Mattighofen mostrou que, além de ter uma boa moto, acertou em cheio na escolha da dupla titular e ainda tem um piloto de testes valiosíssimo

A disputa não existe, mas, se alguém fosse eleger a ‘Craque da Sprint’, a KTM levaria o prêmio com folga. A casa de Mattighofen foi a protagonista da tarde deste sábado (29) e conseguiu ofuscar a concorrência até com o piloto de testes.

Diferente do que acontece em muitas fábricas, a marca laranja optou por um piloto de testes dono de um currículo quilométrico. Dani Pedrosa não foi campeão da MotoGP, mas essa, provavelmente, é uma das grandes injustiças do esporte. O talento do espanhol de Sabadell é inegável e aparece até mesmo em meio a aposentadoria.

Chefão da KTM, Pit Beirer se jogou na comemorção (Foto: KTM)

Trabalhando com os engenheiros para desenvolver a RC16, Pedrosa quis provar uma corrida em 2023, mais de quatro anos após a aposentadoria, para entender como o novo formato impacta nas motos. É uma espécie de laboratório. Dani precisava entender por si só o que acontece nesta nova MotoGP para poder ajudar os técnicos da KTM a atenderem as necessidades dos pilotos.

Aos 37 anos, Pedrosa mostrou que segue sendo altamente competitivo e um trunfo importantíssimo para a KTM.

“Dani está fazendo um trabalho incrível”, elogiou Jack Miller. “A experiência que ele tem nesta pista nos ajudou e olhar os dados dele nos ajudou”, contou.

“Vê-lo na sexta colocação hoje depois não correr por um tempão. Acho que temos o melhor piloto de testes do grid”, exaltou.

Brad Binder concordou. E, mesmo que o #26 não esteja usando o mesmo equipamento dos titulares, lembrou que o histórico do espanhol fala por si.

“Dani, definitivamente, fez muitas voltas testando aqui, mas, com certeza, a maneira como iniciamos o fim de semana foi como finalizamos na Américas. Ele tem algumas coisas diferentes acontecendo e, na segunda-feira, vamos poder testar o que ele está testando. [Mas] Dani fez um trabalho surreal todo esse fim de semana”, destacou. “Não dá para esquecer quantas vezes esse cara venceu e ele é mais do que especial. Temos muito a aprender com ele. Ele, com certeza, é o melhor piloto de testes que alguém poderia pedir”, concluiu.

Mas, antes que alguém se anime e comece a sonhar com um retorno do pequenino piloto, Pedrosa está de tesoura nas mãos para cortar essas ideias. Nem mesmo retornos positivos como os que a história já registrou, principalmente no automobilismo, servem de incentivo.

Dani Pedrosa brilhou, mas descartou voltar à MotoGP (Foto: KTM)

“Correr de carro não é a mesma coisa que correr de moto”, indicou Dani. “Estou muito feliz e curtindo bastante o que eu estou fazendo. E ver isso hoje, ver as motos… pois eu estava no grupo. Eu fui sexto, mas dava para ver que eu estava perto, dava para ver [as motos de fábrica] em um 1-2 lutando no final. Jack, não sei o que aconteceu, mas ficou em terceiro — mas são duas motos no pódio, a minha muito próxima, é muito recompensador”, destacou.

Estreante no formato de corridas sprint, Pedrosa sublinhou a agressividade da disputa deste sábado e garantiu o sexto lugar, 1s738 atrás do vencedor. Foi a primeira vez, aliás, que a prova curta teve de ser interrompida em bandeira vermelha por causa de um acidente.

“A corrida sprint foi realmente muito agressiva. É, uma pilotagem muito agressiva, pois os pilotos tentam ganhar o máximo de posições possível, o mais cedo possível”, falou. “A segunda largada foi bem boa para mim, mas escolhi ir por fora, pois tinham alguns pilotos do lado de dentro, então escolhi ir por fora e, de alguma forma, eles vieram junto, fui forçado para fora e perdi… Nas curvas 1 e 2, eu estava por fora e perdi algumas posições. Então, ao invés de ganhar, eu perdi. Aí só tentei manter o ritmo. Estavam lutando um pouquinho na frente, mas o comportamento da moto seguindo 4, 5 ou 6 motos é bem diferente do que estou acostumado. É preciso ajustar muito os pontos de freada”, indicou.

“Estava tentando lidar com as novas circunstâncias. No fim, tentei passar Miguel [Oliveira], mas não foi fácil, ele estava lutando duro. Tivemos um ou dois momentos, mas aí perdi algum tempo e nós perdemos contato com os caras da frente, além de [Johann] Zarco esta alcançando”, recordou. “Aí decidi ao incomodar muito, tentar manter a posição e talvez tentar mais uma vez no final. Os pneus mudaram muito em comparação com o treino. Foi isso que aprendemos hoje”, completou.

Se Dani não conseguiu o pódio, a KTM assistiu Binder e Miller disputarem a vitória. No fim, foi o sul-africano que levou a melhor, enquanto o #43 sucumbiu à pressão de Francesco Bagnaia e foi terceiro.

“Hoje foi, realmente um dia fantástico. Fiz uma ótima largada e consegui pular na frente”, comentou Binder. “Não me senti muito bem nas primeiras duas ou três voltas, mas depois consegui ficar atrás de Jack e tentei ser o mais limpo possível até as últimas duas voltas, onde disse a mim mesmo que poderia tentar. Dei tudo até o final e o resultado veio. Por isso, tenho de agradecer à KTM, a toda a equipe e a Dani, por voltar e nos ajudar. Mal posso esperar por amanhã”, comentou.

Brad Binder celebrou a segunda vitória do ano na sprint (Foto: KTM)

Embora o vencedor da corrida sprint e do GP longo tenham coincidido apenas uma vez nesta temporada, Brad se mostrou confiante em repetir a dose no domingo.

“Também me senti bem nos outros dias, mas nunca assim, de estar tão na frente. Acho que agora tenho uma moto boa para poder fazer um bom trabalho”, falou. “Acho que todos esses anos de dificuldade me ajudaram. A temporada é muito longa, vamos tentar ganhar a corrida de amanhã também e depois veremos”, seguiu.

Neste início de temporada, a sprint tem como vencedores apenas Bagnaia e Binder.

“Acho que o bonito da sprint é que quando você começa na frente, pois quando você precisa tentar ultrapassar, não é fácil, pois não há muitas curvas. Mas foi lindo e estou me divertindo muito nessas corridas, mesmo que ainda prefira a longa. De qualquer forma, amanhã será uma batalha do início ao fim. Vou tentar levar alguns pontos para casa”, avisou.

Apesar de ser reconhecido pela capacidade de recuperação durante as corridas, Brad admitiu que espera não precisar sempre remar, mas se classificar melhor.

“Às vezes, há condições que jogam a seu favor. Não achei que fosse começar tão bem, mas foi o que fiz. Espero que não seja sempre forçado a fazer esse duro trabalho de recuperação todo fim de semana”, finalizou.

Terceiro colocado em Jerez, só 0s680 atrás do companheiro de equipe, Miller avaliou que a RC16 já chegou forte para esta quarta etapa.

“Em Portimão, fomos fortes perto do final do fim de semana. E aconteceu o mesmo nas últimas duas. Acho que aqui já cheguei bem”, avaliou. “Quando você meio que sabe o que esperar em termos de níveis de aderência e pode começar com uma base decente, você pode ir polindo lentamente para ter o que tivemos aqui hoje. Tomara que possamos polir um pouco mais amanhã”, declarou.

O australiano ainda sublinhou que ter as duas motos titulares no pódio é motivo de festa para a marca austríaca.

Brad Binder e Jack Miller foram os protagonistas da sprint (Foto: KTM)

“Foi ótimo para o time e para todos os envolvidos na Red Bull KTM ver as duas motos lutando deste jeito. Foi realmente bom e nós curtimos muito. Nossas motos estiveram lado a lado várias vezes e foi um bom show”, celebrou. “Nossa moto é forte. Temos pilotos de teste incríveis, que fizeram um trabalho fantástico e nos ajudaram a chegar neste ponto. É uma equipe incrível em torno de nós que está nos ajudar a fazer o melhor. Me sinto confiante para amanhã também. A potência está lá, o pneu médio funciona bem e estou empolgado para fazer 25 voltas”, concluiu.

Chefe da equipe, Francesco Guidotti não escondeu a empolgação com o sábado e destacou que a melhor posição de largada também é motivo de festa.

“Foi uma corrida fantástica e um fim de semana fantástico até aqui”, afirmou o italiano. “Sabemos que a classificação é muito importante aqui e ter todos os três pilotos nas duas primeiras filas foi lindo”, comemorou.

“Nosso processo tem acelerado rapidamente. Dois pilotos no pódio e Dani lutando pelo top-5 foi bem especial. Vamos ver se podemos fazer algo similar amanhã”, expôs. “Seria bom e muito merecido, pois todos têm trabalhado muito duro em todas as áreas da companhia. Gostaríamos de recompensar 100% o esforço. Não tem festa hoje, mas tomara que amanhã possamos comemorar”, parou.

A largada do GP da Espanha de MotoGP, em Jerez de la Frontera, acontece às 10h (de Brasília) de domingo. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade.

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