Mérito ou queda no colo: Bagnaia foi premiado com chance de título na MotoGP 2022?

A só dois pontos de Fabio Quartararo, italiano parece incomodado com quem atribui posição no campeonato às deficiências da Yamaha ou a força da Ducati. Mas recuperar 89 pontos no intervalo de sete GPs é um feito e tanto em uma MotoGP competitiva e com um adversário no nível do piloto da Yamaha

Uma resposta no Twitter deixou transparecer o incômodo de Francesco Bagnaia com aqueles que creditam o avanço do italiano na temporada 2022 da MotoGP apenas aos revezes de Fabio Quartararo, às deficiências da Yamaha ou ao poderio da Ducati. Parece até que as pessoas acham que Pecco não fez por merecer a vice-liderança da classe rainha neste ano. Ou que o pupilo de Valentino Rossi acha que as pessoas acham que ele não merece a posição que ocupa no campeonato.

Algumas verdades precisam ser postas logo de cara: Bagnaia entrou em 2022 ostentando o rótulo de favorito ao título. Afinal, ele foi o piloto mais forte da reta final do campeonato passado. Só que o início de temporada deixou muito a desejar. A GP22 se mostrou mais manhosa e difícil de acertar, o que exigiu tempo da Ducati. Impaciente, Pecco errou demais.

Francesco Bagnaia recuperou 89 pontos em relação a Fabio Quartararo no intervalo de poucas corridas (Foto: Divulgação/MotoGP)

Nas primeiras seis corridas do ano, ele somou apenas 56 pontos, contra 89 de Quartararo. Mas se aquelas primeiras etapas tinham sido ruins, as que se seguiram não foram muito melhores. As vitórias voltaram a aparecer, mas intercaladas com abandonos. Entre as etapas de França e a Holanda, o #63 venceu duas corridas, mas somou só 50 pontos, já que registrou outros três abandonos no caminho. Fabio, por outro lado, acumulou 83.

Só que o retorno das férias viu um cenário diferente. A partir do GP da Grã-Bretanha, Quartararo acumulou somente 47 pontos, com um único pódio, um impressionante segundo lugar no GP da Áustria, uma pista bastante desfavorável à YZR-M1. Pecco, por outro lado, acumulou 111, uma diferença, portanto, de 64.

Desde o descanso para o verão europeu, Pecco falhou uma única vez: justamente no GP do Japão, quando se viu diante da primeira grande chance de virar o jogo para cima de Quartararo, já que o francês pecou no MotorLand de Aragão ao atingir a traseira de Marc Márquez ainda na primeira volta em um incidente de um corrida.

Sendo assim, é fato que Bagnaia decepcionou no início do ano. Todo mundo esperava mais dele do que um início de campeonato irregular. Mas é igualmente verdade que a Ducati — especialmente a equipe de fábrica — também deixou a desejar no começo do ano, uma vez que tardou a pegar a mão da moto nova e foi ofuscada pela GP21, o protótipo antecessor.

Só que esse Pecco da segunda metade do ano é justamente o piloto que todo mundo esperava que ele fosse. Ok, o erro de Motegi foi desnecessário e podia ter custado caríssimo, mas ele acabou beneficiado pelo revés de Quartararo na Tailândia, que teve uma atuação para lá de apagada na pista molhada.

O piloto de Torino tem falhas que ainda precisam ser consertadas. Em alguns momentos da MotoGP 2022, faltou a ele a maturidade necessária para se manter na pista e pontuar mesmo que pouco, mas é injusto creditar essa vice-liderança apenas à qualidade do equipamento dele ou às deficiências da moto de Fabio.

Resposta nas redes sociais mostrou inconodo de Pecco com quem não reconhece mérito em campanha de reação na MotoGP

No GP da Alemanha, Pecco chegou a estar 91 pontos atrás de Quartararo na classificação do Mundial de Pilotos. Ninguém recupera 89 tentos sem mérito. Ainda mais alguém que teve cinco abandonos no ano.

Porém, é preciso destacar também que, não fosse a diferença de performance entre Ducati e Yamaha, possivelmente Pecco não teria chance de compensar pelos cinco abandonos que registrou. A recuperação é impressionante, mas se fez possível pelas limitações da M1, que acabaram por condicionar a performance de Fabio. Com uma moto mais frágil nas mãos, o piloto de Nice é presa fácil não só para o #63, mas também para muitos dos colegas equipados pela casa de Bolonha, que tem oito motos no grid de 2022.

Como tudo na vida, o desenrolar da temporada da MotoGP é um emaranhado de circunstâncias. Pecco não chegou a dois pontos de Quartararo apenas sentado em cima de uma boa moto. Coube a ele extrair dela o que a Desmosedici tinha a oferecer e guiá-la no máximo do potencial. Também foi incumbência dele executar uma estratégia que lhe permitisse minimizar os impactos dos muitos abandonos que teve no ano.

Bagnaia não é culpado pelas deficiências da Yamaha — Quartararo tampouco é. Ele jogou o jogo conforme ele se apresentou e lutou com as ferramentas que tinha. É mérito da Ducati ter feito uma excelente moto — de novo, aliás. E mérito dele ter sabido aproveitar o material que tinha em mãos.

Restando três corridas para o encerramento do campeonato 2022, Pecco está em uma posição muito mais favorável para ficar com o título, já que tem a melhor moto, tem aliados e luta contra um rival que tem uma moto mais fragilizada. Se conseguir o título, será mérito de um conjunto que ele ajudou a construir. Mas, verdade seja dita, se falhar e perder a taça para Quartararo, esse será um campeonato que Fabio terá conquistado na unha.

A MotoGP volta às pistas no próximo dia 13, para o primeiro dia de treinos livres para o GP da Austrália, em Phillip Island. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.

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