Quartararo vai às cordas e vê título pender para Ducati e Bagnaia na reta final da MotoGP

Com atuação apagada no GP da Tailândia, francês viu rival italiano cortar para só dois pontos a vantagem na liderança do Mundial de Pilotos 2022. Com moto mais fraca e só três etapas pela frente, El Diablo tem situação mais e mais frágil na disputa pelo título

Se o título da MotoGP tivesse vontade própria, eu começaria a suspeitar que ele quer morar em Borgo Panigale. Depois de quase uma temporada inteira com a viajem planejada para viver em Iwata, o aleatório segue dando as caras para manter vivas as chances de Francesco Bagnaia. Mesmo em uma temporada com impressionantes cinco abandonos.

É fato que a Ducati tem a melhor moto do pedaço. Isso não há como discutir. A tabela do Mundial de Construtores mostra isso com uma clareza impressionante: a Desmosedici venceu 11 das 17 corridas do ano, um aproveitamento de 64,7%. E a casa de Bolonha chegou neste fim de semana à marca de 23 GPs consecutivos com pelo menos uma moto no pódio, o recorde da marca na classe.

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🧮 Quartararo tem dia duro na Tailândia e vê Bagnaia ceifar vantagem

Corrida da MotoGP em Buriram foi feita na chuva (Foto: Divulgação/MotoGP)

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Mas é verdade, também, que Pecco titubeou bastante no início do campeonato. O italiano de Torino somou apenas 31 pontos em 125 possíveis nos cinco primeiros GPs do ano. Nem tudo foi culpa dele, claro. A equipe sob a liderança técnica de Gigi Dall’Igna sofre para pegar a mão com a GP22, que se mostrou mais manhosa do que a antecessora. Mas, uma vez que isso aconteceu, o italiano passou a enfileirar vitórias.

Fabio Quartararo, por outro lado, construiu uma vantagem ‘no braço’. Desde o início do ano, ficou evidente que a Yamaha não é a melhor moto do grid, já que o déficit de velocidade deixa a YZR-M1 com uma fragilidade importante. Mas o campeão vigente soube aproveitar os momentos ruins da concorrência, os momentos bons da própria moto e até ‘fez chover’ em GPs como o da Áustria para se manter no topo da tabela.

A partir de Aragão, contudo, o trem começou a descarrilar. Ainda nos primeiros metros, Fabio atingiu a traseira de Marc Márquez e caiu. O abandono custou 2/3 da vantagem que ele tinha construído no campeonato até então. No Japão, o universo jogou a favor dele: Aleix Espargaró sofreu com um erro da Aprilia, enquanto Bagnaia errou e caiu pela quinta vez no ano. Assim, Quartararo fez a diferença subir de dez para 18 pontos mesmo em um dia onde a performance foi ruim.

Mas Buriram passou longe de ser a cidade da felicidade, como diz a tradução do idioma local, para o francês de Nice. Tudo deu errado já na primeira volta, quando ele despencou de quarto para 17º. De lá, quase não saiu. Quer dizer, ele caiu para 18º depois de ser superado por Pol Espargaró, mas fechou mesmo em 17º, 34s072 atrás de Bagnaia.

Com uma performance assim sumida de Fabio, Bagnaia tinha a chance de tomar a liderança do Mundial já neste domingo, bastava ver a bandeirada na terceira colocação, mas ele foi superado por Jack Miller, que acabou derrotado por Miguel Oliveira, que, mais uma vez, brilhou na chuva.

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Aí você pode pensar: caramba, quando é que a Ducati vai dar ordem de equipe para parar de ser prejudicada pelos próprios pilotos? Este é um jeito de pensar as coisas. Mas 1) o próprio Pecco agradeceu Miller, pois creditou à conversa motivacional que teve com o australiano a boa performance deste domingo — Jack rejeitou o crédito e se limitou a dizer que apenas lembrou ao companheiro de Ducati que ele é um dos melhores pilotos do mundo também no molhado. 2) Johann Zarco teve chance de deixar Pecco fora do pódio, mas, mesmo sendo mais rápido, evitou o ataque, já que não quis arriscar derrubar o colega de marca.

Nesta altura do campeonato, todos os pilotos da Ducati sabem muito bem o que está em jogo. E todos eles têm inteligência o bastante para saber os limites. Em termos esportivos, é até bonito que a marca de Bolonha ainda os deixe livres para disputar posição com Pecco, ainda contando que eles serão responsáveis o bastante para não colocá-lo para fora da corrida. Pode ser que chegue um momento que isso tenha de mudar, mas, até aqui, ao foi preciso jogar de outro jeito.

Ah, mas se Jack tivesse cedido o segundo lugar, Bagnaia agora seria o líder do campeonato. Verdade. Mas o próprio australiano ainda está na briga pelo título. Seria justo pedir a ele um sacrifício como este?

Mesmo com muitos tropeços no ano, Bagnaia se vale de uma moto muito forte — e do próprio talento, claro — para lutar contra um piloto que, até aqui, extraiu muito mais do que moto tinha a oferecer. Quando mais o campeonato se aproxima do fim, mais a balança parece pender para o lado da Ducati.

Quartararo não tem motor e não têm aliados, já que as outras Yamaha não conseguem acompanhá-lo. De acordo com Cal Crutchlow, já que o #20 se recusou a falar com jornalistas neste domingo, o que prejudicou ‘El Diablo’ em Chang foi a pressão do pneu dianteiro, um problema que também o afetou. Ou seja, agora, até a sorte começa também a faltar.

Na reta final do campeonato, com só dois pontos de vantagem, uma moto mais frágil e sem escudeiros, Quartararo não tem muito como se defender dos avanços de Bagnaia. Ele ainda pode se manter à frente e chegar ao bicampeonato, mas que o cenário não lhe é nada favorável, isso não é mesmo.

A MotoGP volta às pistas no próximo dia 13, para o primeiro dia de treinos livres para o GP da Austrália, em Phillip Island. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.

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