Ferrari confirma força em disputa acirrada com Red Bull no Bahrein. Mercedes desaba na F1

A Ferrari deu uma demonstração de velocidade neste sábado no Bahrein, ao colocar seus dois pilotos no top-3 do grid. Max Verstappen se intrometeu e é uma ameaça real aos italianos. Enquanto isso, a Mercedes carrega o posto de terceira força da Fórmula 1 2022

Se os treinos livres do GP do Bahrein já confirmavam aquilo que se viu na pré-temporada, a primeira classificação de 2022 serviu apenas reforçar essa impressão. O fato é que a Ferrari e a Red Bull estão em uma liga própria neste momento. Ambas dominaram a sessão que definiu o grid de largada e a posição de honra poderia realmente ter ficado com qualquer um dos lados. Os pequenos detalhes, sempre eles, foram decisivos, mais uma vez. Diante disso, Charles Leclerc brilhou naquilo que faz de melhor: voltas rápidas. Foi a décima pole do monegasco, que abre essa nova era da Fórmula 1 na ponta.

Depois de dois anos penando para encontrar performance e distante de qualquer briga com Mercedes ou com os taurinos, a decisão de focar no projeto do efeito-solo em 2021 parece ser recompensada. A F1-75 tem velocidade e se dá muito bem nos setores mais sinuosos do circuito. Além disso, tem na confiabilidade seu ponto forte, sem contar o motor poderoso – Alfa Romeo e Haas que o digam. Tanto é assim que os dois ferraristas foram capazes de encarar o RB18 nos trechos mais rápidos do traçado barenita.

“Foi muito apertado e será assim ao longo do ano. É ótimo ver os novos carros na pista, são todos bastante diferentes e é legar ver vários deles com bom desempenho. É uma boa briga. As expectativas estão postas, nós as criamos. Somos a Ferrari, todos estão esperando por nós e, depois dessas temporadas difíceis, trabalhamos ainda mais forte em nossas fábricas”, disse um entusiasmado Mattia Binotto, após a classificação deste sábado (19), que ainda viu Carlos Sainz em terceiro, somente pouco mais de 0s1 acima.

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A VOLTA QUE DEU A CHARLES LECLERC A POLE-POSITION DO GP DO BAHREIN (Vídeo: F1)

A dobradinha da Ferrari só não veio por causa de Max Verstappen. Não foi à toa o campeão do mundo era favorito à pole. O holandês liderou dois dos três livres do fim de semana e caminhava, após um forte Q2, para a disputa da máxima colocação do grid. Só que um errinho na parte final do giro decisivo acabou tirando a chance de Max. Ainda assim, não dá para reclamar do segundo lugar. E nem do quarto posto de Sergio Pérez.

O caso é que o carro dos energéticos se mostrou rápido no primeiro e no terceiro setores do traçado. O modelo não sofre com o ‘porpoising’ e apresenta um equilíbrio invejável em quase todo o tipo de curva. Mais do que isso, o ritmo de corrida é o melhor até aqui – a Ferrari surge um pouco atrás.

“A Ferrari esteve forte durante toda a pré-temporada e dava para notar que os dois times estavam muito próximos. Charles fez uma ótima volta no fim da classificação, enquanto Max teve um problema na última curva. A diferença é muito pequena [para perdoar um erro]”, afirmou Christian Horner, o chefão da equipe austríaca.

Max Verstappen garantiu o segundo lugar no grid de largada do Bahrein e também na lista de maiores velocidades de sábado (Foto: Red Bull Content Pool)

“A corrida será fascinante, até para descobrir se os carros vão conseguir correr próximos. É uma viagem de descobrimento. Não sabemos qual a força do nosso ritmo de corrida, mas temos mais para tirar do nosso carro. Andamos bem ontem, mas só vamos saber quando as luzes se apagarem. Aí, sim, entenderemos”, completou.

Aqui entra uma particularidade interessante. Como a regra de escolha dos pneus no Q2 não vale mais, a opção de compostos para o início da prova se torna um ponto de questionamento, diante da diferença de performance entre os compostos macios, médios e duros. A Pirelli aposta em uma estratégia de duas paradas, assim como em anos anteriores, mas alerta sobre a decisão do composto ideal para o início da corrida. “Com o clima mais frio semelhante ao do segundo treino livre e pneus mais duros da gama, o aquecimento da borracha é marginal, especialmente com as temperaturas da pista caindo à medida que a noite avança”, explicou Mario Isola, chefe da Pirelli.

“Com asfalto abrasivo e layout exigente, a corrida do Bahrein terá 57 voltas e deve ter duas paradas, como foi o caso nos anos anteriores. Um pit-stop não está completamente fora de questão, mas será mais lento. A grande decisão para as equipes será em qual composto de pneu começar, já que o pelotão tem livre escolha de pneus para a largada.”

“Como há uma diferença de desempenho bastante grande em termos de tempo de volta entre os compostos, aqueles que largam com o pneu macio terão uma vantagem de ritmo grande inicialmente em comparação com os médios, enquanto quem quiser começar com o pneu duro enfrentará uma considerável vantagem, um enorme déficit de velocidade”, emendou.

Deste ponto de vista, será interessante acompanhar as escolhas de Ferrari e Red Bull. Os taurinos parecem aquecer os pneus com mais facilidade, uma vez que os ferraristas precisavam de mais de uma volta.

Então tem a Mercedes. A multicampeã segue enfrentando problemas com seu W13. Ainda seja um modelo ousado e de soluções extremas, o carro continua a pular – muito mais que os rivais. E isso cobra um preço em termos de configuração. A real é que os engenheiros precisam tirar velocidade para ‘acalmar’ o modelo prata. Lewis Hamilton e George Russell tentaram ao longo do dia achar soluções diversas, mas, no fim, os ganhos gradativos. Ainda assim, a esquadra segue longe das duas rivais e agora ocupa uma inglória terceira posição na ordem do dia.

Lewis Hamilton teve trabalho com a Mercedes na classificação (Foto: Mercedes)

O heptacampeão acertou a volta final do Q3 para garantir o quinto posto do grid. O recordista de poles se esforçou, mas o carro ainda precisa de mais tempo para ser propriamente domado. Os 0s6 de diferença para Leclerc dão uma dimensão do tamanho do problema que a Mercedes tem nas mãos. Russell ficou apenas em nono, mas cometeu um erro no primeiro que tirou do páreo.

“Acho que temos que ser realistas sobre nosso nível de desempenho no momento em que é: somos a terceira equipe mais rápida do grid. Neste momento, estamos com mais arrasto do que todo mundo. Você pode ver que perdemos muito na reta principal, mas nem tanto nas demais”, afirmou Toto Wolff, chefe da Mercedes, ao ser perguntado também sobre a força do motor alemão – curioso perceber que, no top-10 do grid, só as unidades da equipe de fábrica apareceram.

O dirigente ainda fez contas e entende que o déficit é de 0s5 neste momento. “Realisticamente, é meio segundo que estamos perdendo em uma única volta. Vamos ver amanhã. Estou um pouco cauteloso sobre onde estaremos amanhã, mas de qualquer forma, é um aprendizado. Já estivemos em uma situação difícil no passado com uma unidade de potência Ferrari muito forte e, em 2021, estávamos 0s4 atrás de Max”, acrescentou.  

Enquanto a Mercedes tenta se reencontrar, ao menos duas equipes foram capazes de achar um caminho dos mais interessantes e brilharam na noite do Bahrein. Valtteri Bottas tirou tudo de uma Alfa Romeo que tem um assoalho bem diferente e mais leve, para encostar no antigo companheiro de Mercedes. O finlandês sai em sexto. E aí tem a história mais sensacional deste comecinho de temporada: a Haas.

A imagem do dia no Bahrein (Foto: Haas F1 Team)

A equipe americana também abriu mão do carro do ano passado para se concentrar no acerto do novo projeto. É bem verdade que o carro branco e vermelho ainda tem problemas de confiabilidade, mas ninguém pode negar que é rápido.

Depois de um rolê mais do que aleatório, Kevin Magnussen se encaixou nessa Haas reformulada. Larga em uma heroica sétima colocação. E para descartar a pecha de circunstancial, Mick Schumacher será o 12º.

Dos pontos negativos da classificação, estão Daniel Ricciardo, que caiu ainda no Q1. E a Aston Martin. Esperava-se mais dos verdinhos, mesmo sem Sebastian Vettel.

A largada do GP do Bahrein está marcada para as 12h (horário de Brasília) do domingo. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e EM TEMPO REAL.

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