GUIA 2024: Leclerc tem ano decisivo para garantir liderança na Ferrari antes de Hamilton

Ser companheiro de equipe de um heptacampeão mundial de Fórmula 1 com certeza não está entre as tarefas mais simples, mas essa será a realidade de Charles Leclerc a partir de 2025, quando Lewis Hamilton definitivamente vai deixar a Mercedes e arrumar as malas para Maranello. A ida do britânico para a Ferrari pode ameaçar a liderança do monegasco que, desde 2019, é visto como o futuro da escuderia mais icônica do esporte a motor.

O dono do carro #16 já esteve ao lado de um multicampeão antes: Sebastian Vettel. Durante as temporadas 2019 e 2020, Leclerc terminou à frente do alemão em ambas oportunidades. Em seu primeiro ano pela equipe, que até então era chefiada por Mattia Binotto, Charles somou 264 pontos, 24 a mais do que o ex-Red Bull. No ano seguinte, a vantagem foi ainda maior: 98 tentos contra apenas 33 do tetracampeão.

Desde 2021, após sair da McLaren, Carlos Sainz se tornou companheiro de Leclerc na Ferrari. O espanhol foi superior no primeiro ano da dupla, mas acabou sendo derrotado nas duas últimas temporadas. Mesmo sabendo que será substituído por Hamilton a partir do próximo ano, o madrilenho do carro #55 será uma pedra no sapato de Charles ao longo de 2024. No fim de janeiro, Leclerc e Ferrari anunciaram oficialmente a renovação do contrato do piloto em um acordo plurianual, deixando clara a confiança que Frédéric Vasseur deposita em seu pupilo.

Apesar de experiente na F1, o piloto de Monte Carlo terá um desafio inédito em 2025. Não é apenas um novo companheiro de equipe que está chegando para competir ao seu lado, mas o piloto mais vitorioso da história da categoria. Com sete títulos conquistados, 103 vitórias, 104 poles e 198 pódios na carreira, Hamilton superou até mesmo as marcas de Michael Schumacher.

Acostumado com as vitórias, o heptacampeão tem vivido um período de vacas magras nos últimos dois anos. Desde a mudança de regulamento em 2022, a Mercedes venceu apenas em uma oportunidade, no GP de São Paulo daquele ano, com George Russell. A última vez que o #44 subiu no degrau mais alto do pódio foi no controverso GP da Arábia Saudita de 2021.

Prestes a completar 40 anos de idade, Hamilton decidiu não persistir no erro. Insatisfeito por não ter sido escutado por Toto Wolff e seu time de engenheiros em Brackley durante o desenvolvimento do W14, o britânico vai fazer as malas e respirar novos ares. Novo ambiente, novos colegas, novo chefe e novo carro — próximo destino: Maranello.

A pacata comuna italiana na região da Emília-Romanha vai ficar agitada. Leclerc é hoje claramente o líder da equipe e terá de provar que pode continuar nessa função, ao mesmo tempo em que Lewis não aceitará ser coadjuvante e tomará as rédeas da escuderia.

A temporada 2024 vai ser muito importante para o monegasco fincar de vez as bases na Ferrari e mostrar que pretende continuar sendo o protagonista nos próximos anos, mas, para isso, terá um desafio enorme pela frente: Sainz.

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Sim, é verdade que o #55 está de aviso prévio e avaliando as outras opções no mercado para 2025, mas isso não quer dizer que o espanhol vá apenas ‘cumprir tabela’ nos próximos meses. Muito pelo contrário. Sainz precisa mostrar seu talento e provar que tem condições de liderar um projeto competitivo quando deixar de vestir o macacão vermelho em dezembro.

O nome do madrilenho parece estar no topo da lista de desejos da Audi, que pretende — embora os planos estejam ameaçados — embarcar na F1 a partir de 2026, quando assumir por completo o controle das operações na Sauber.

Caso a marca alemã realmente desista de sua entrada na categoria, Sainz ainda possui outras possíveis opções, como até Red Bull e Mercedes. Para ter garantias de futuro em um projeto de ponta, Carlos vai entregar tudo o que tem nas pistas e mostrar que não quer mais ser um mero segundo piloto. Um indicativo disso foi a volta de 1min29s921 na última quinta-feira (22), a mais rápida dos testes de pré-temporada.

Se quiser derrotar o companheiro de equipe, Leclerc vai precisar fazer mais do que fez em 2023. Apesar de ter terminado o Mundial de Pilotos na quinta posição e 6 pontos à frente de Sainz, sétimo, a única vitória da Ferrari no ano veio exatamente com o espanhol, no GP de Singapura.

Por mais que Carlos seja um ótimo piloto, fracassar em derrotá-lo vai dar a sensação de que Leclerc não terá condições de superar Hamilton em 2025 e, desta forma, sua liderança em Maranello vai ficar seriamente em risco já na chegada do britânico.

Por isso, o primeiro passo para largar na frente de Lewis no próximo ano precisa ser dado durante as 24 corridas do atual certame. Charles precisa assumir o comando do time de Vasseur, conquistar bons resultados na pista e ser o responsável pelo desenvolvimento do sucessor da SF-24.

Após os testes de pré-temporada, ficou claro que a Ferrari deu passos importantes no desenvolvimento do novo bólido, principalmente em relação ao principal ‘calcanhar de Aquiles’ de 2023: o gerenciamento dos pneus. A esquadra italiana entra no Mundial como clara segunda força e, por isso, tem todo potencial para marcar presença de maneira regular nos pódios e, quem sabe, conquistar vitórias em etapas específicas.

Ter o piloto de maior sucesso correndo ao seu lado é algo que pode assustar muita gente, mas não Leclerc. O monegasco já mostrou que é talentoso e está amadurecendo.

Por ter apenas 26 anos e ainda ser tratado como um futuro campeão, é natural que Charles fique na sombra de Hamilton quando a próxima temporada começar, mas não há motivos para surpresa ou espanto caso supere o inglês. Antes, no entanto, precisa provar mais uma vez que é o melhor piloto da Ferrari.

A Fórmula 1 abre a temporada 2024 no próximo fim de semana, entre os dias 29 de fevereiro e 2 de março, com o GP do Bahrein. O GRANDE PRÊMIO transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após cada dia de atividade.

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