‘Fico’ de Hamilton na F1 abre portão para o que parecia impossível: soldados de Masi
Michael Masi é, por enquanto, o diretor de provas da F1. Recentemente, uma onda de defesa do que parecia ser indefensável vem tomando conta do grid. Ao que tudo indica, a confirmação de permanência do heptacampeão mundial Lewis Hamilton parece ter servido de gatilho para os 'advogados' do australiano
“Não houve muito que ele tenha feito de errado.” Foi assim que, nesta quarta-feira (16), o diretor esportivo da Alfa Romeo, Beat Zehnder, defendeu as ações tomadas por Michael Masi no GP de Abu Dhabi do ano passado.
Zehnder não foi o único que tomou partido em relação à controvérsia, decisiva para o título mundial de Max Verstappen. Também na quarta-feira, Danny Sullivan, vencedor das 500 Milhas de Indianápolis em 1985 e membro da rotação de comissários da FIA, afirmou que Masi “trabalha como um cachorro durante todo o ano” e culpou a recomendação de término de corridas em bandeira verde pela bagunça nos Emirados Árabes Unidos.
Coincidentemente – ou não -, declarações pró-Masi, como estas, vêm tornando-se mais frequentes depois que Lewis Hamilton utilizou as redes sociais (após cerca de dois meses) para dizer que “está de volta”. A confirmação da permanência do heptacampeão mundial na categoria parece ter sido o gatilho necessário para que uma onda de defesa do indefensável – até então – tomasse conta do que circunda o grid da F1.
E se Zehnder e Sullivan não representam nomes de muito peso, que talvez não sejam levados tão a sério pela opinião popular, a coisa muda de figura quando pilotos da Fórmula 1 começam a entrar em cena e dar o seu pitaco sobre a questão.
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“Eu apoio Michael e acho que muitas outras coisas que ele fez nas últimas temporadas foram ótimas”, disse Lando Norris que, justiça seja feita, cobrou por mais consistência do diretor e comissários. Já o companheiro de equipe do britânico, Daniel Ricciardo, foi mais a fundo. “O esporte, de maneira geral, tem muito mais exposição hoje, o que é ótimo para alguns elementos, mas provavelmente coloca sob pressão gente que não quer ficar nessa condição ou que não está acostumada a isso. É difícil olhar para trás e imaginar quando um diretor de corridas ou um comissário apareceu tanto na mídia. É um território único e desconhecido.”
A dupla da McLaren não foi a única a se mostrar favorável a Masi. Tetracampeão mundial, Sebastian Vettel relembrou que o atual – por enquanto – diretor assumiu o posto repentinamente após a morte de Charlie Whiting e que, por conta disso, não teve um início fácil de trabalho. O alemão ainda revelou que deseja que o australiano siga no cargo, ainda que tenha que “focar no esporte e não tanto no show”.
Não só de pilotos é composta a advocacia de defesa de Masi. Representantes de equipes, como Josh Capito, chefão da Williams, e Jonathan Wheatley, diretor da Red Bull, também escolheram os seus lados na questão.

Um dos poucos que parece manter firme a postura anti-Masi é Lance Stroll. O piloto canadense recentemente voltou a chamar de “ridícula” a decisão tomada em Abu Dhabi e não escondeu o descontentamento com a inconsistência no seguimento das regras. Mas a fonte deve ser relevada pelos laços que a família Stroll mantém com a Mercedes, parte interessadíssima na controvérsia.
E já que falamos nela… no mesmo dia das declarações de Zehnder e Sullivan, o perfil oficial do time publicou uma foto de Hamilton com a legenda “ano 16”. Ao (in?)diretamente reiterar a volta-daquele-que-não-foi, a Mercedes sutilmente manda um recado claro: não está alheia à tal onda de defesa.
A confirmação da permanência de Hamilton só aconteceu porque a FIA dava todos os indícios de que estava pronta e se preparando para superar Michael Masi. Ao revelar que o diretor de provas ficou muito abalado com a repercussão dos fatos em Abu Dhabi, Peter Bayer, secretário geral da entidade, foi o famoso “morde e assopra”: declarou suporte da FIA ao australiano, mas fez questão de ressaltar a necessidade da investigação do ocorrido em Yas Marina e, inclusive, admitiu a possibilidade de ser o novo dono do cargo.
Claro que tal possibilidade não se originou do acaso. A própria entidade, na figura de seu presidente, Mohammed Ben Sulayem, indicava uma nova direção. Sulayem pediu que Peter Bayer fizesse propostas de mudanças, otimizando a estrutura organizacional da Fórmula 1 e da própria FIA para o ano de 2022.
A cereja do bolo foi a remoção dos nomes de Michael Masi e Nikolas Tombazis do site oficial da Federação Internacional do Automobilismo. Agora, somente Bayer aparece nas funções de diretor de provas e chefe de assuntos técnicos, cargos respectivos de Masi e Tombazis.

Dada a conjuntura, se antes Hamilton queria uma rápida resolução das investigações sobre Abu Dhabi para confirmar sua presença no grid em 2022 – e a FIA se mostrou favorável a isso -, agora o heptacampeão mundial terá que lidar com os soldados de Masi, que atuam mais perto do que o britânico poderia inicialmente pensar. Se serão capazes de reverter uma decisão que se mostrava tão certa quanto o sol e a lua, a descoberta virá via Conselho Mundial de Automobilismo, no Bahrein, uma semana antes do começo da temporada, quando os resultados finais e decisões sobre todo esse processo saem de forma definitiva.
A Mercedes aguarda uma ação contundente da entidade, que obviamente não quer perder uma figura tão competente – e, consequentemente, popular – como Hamilton. Ainda mais em uma temporada histórica como a de 2022 promete ser. A bola e o relógio, principalmente, estão no campo da FIA.
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