Opinião GP: Pódio do GP do Canadá entrega o que F1 tem de melhor e deixa a gente sonhar

O pódio de campeões do GP do Canadá foi um vislumbre daquilo que a Fórmula 1 pode muito bem ter para si. De fato, é preciso de alguns passos à frente de Aston Martin e Mercedes, mas enche os olhos a mínima chance de um duelo Fernando Alonso x Lewis Hamilton. E indo além: até de uma batalha tripla, incluindo o implacável bicampeão da Red Bull

É COMO DIZEM POR AÍ, estão deixando a gente sonhar… O pódio do GP do Canadá não foi só emblemático pela quantidade de títulos — 11, quase 12 —, mas especialmente por aquilo que a Fórmula 1 pode se tornar. É um cenário raro e que demanda uma sorte que talvez o Mundial nem mereça. Mas o fato é que a maior categoria do esporte a motor teve um vislumbre de um futuro dos mais promissores e agora corre o risco de ao menos reviver uma das rivalidades mais quentes das últimas décadas, enquanto aplaude a um cada vez mais espetacular Max Verstappen.

E é importante falar de Verstappen antes de tudo. O pódio no Gilles Villeneuve disse muito sobre o holandês. A fotografia do bicampeão ‘escoltado’ por dois dos maiores nomes da história não é por acaso. O bastão já parece nas mãos de Max, só que Fernando Alonso e Lewis Hamilton não parecem prontos para soltar de vez. Quer saber? Ainda bem! De qualquer maneira, o piloto do carro #1 novamente esbanjou velocidade e não deu chances a ninguém, mesmo em um dia que não estava totalmente confortável com o desempenho de seu RB19. Desta vez, os pneus deram mais trabalho ao líder da F1. Ainda assim, Max seguiu firme para a vitória — a sexta em oito corridas até aqui e a 41ª da carreira.

Enfim, Verstappen iguala Ayrton Senna e entra em um seleto grupo de maiores vencedores da F1, onde está apenas a elite da elite deste esporte de mais de 70 anos. E é justo que se sente à mesa com esses nomes e que compartilhe ainda o pódio com ao menos um deles. No Canadá, o competidor de 25 anos se mostrou mais confortável ao falar da 100ª vitória que deu à Red Bull do que propriamente da histórica marca de triunfos. É muito compreensível, uma vez que a equipe taurina é sua base e tudo que conhece dentro do Mundial.

Mas é notável também que alcance tais registros ainda com tanto pela frente. Ele disse que não liga para números e nem para eventuais comparações, porque “todos têm carreiras diferentes”. De fato, as conquistas não são equivalentes, mas bastante significativas, por certo. E revelam muito do talento e de como Verstappen chegou a esse ponto. “Eu odeio comparar gerações diferentes”, disse o holandês. “Tudo o que posso dizer é que quando eu era criança no kart, sonhava em estar na F1 e nunca teria sonhado em ganhar 41 GPs. Então, empatar com Ayrton é incrível, mas espero que não pare por aqui”.

Dificilmente vai parar. Por ora, Max enfrenta apenas a si mesmo em 2023, diante da já conhecida supremacia dos taurinos. E o que o GP do Canadá mostrou, na verdade, é que o campeonato começa a ensaiar uma dura batalha atrás do holandês — e que, em certo momento, vai acabar por envolvê-lo se a F1 tiver muita sorte. De toda a maneira, Aston Martin e Mercedes tomaram a dianteira, muito embora a Ferrari não pareça tão distante assim. Mas as coisas em Maranello andam no seu próprio tempo.

A versão atualizada do W14 é um acerto. É claro que ainda tem alguns pontos fracos, como o desempenho em curvas de baixa velocidade e a tração nesses trechos. Mesmo assim, o carro obedece a um padrão. Não consome excessivamente os pneus, ganhou velocidade e é muito eficiente em setores rápidos, como Barcelona mostrou. Em Montreal, a Mercedes encontrou um pouco mais de dificuldades. Só que Hamilton e George Russell foram capazes de preencher essas lacunas, sobretudo o heptacampeão.

O ritmo de classificação ainda segue aquém de outrora na F1, mas o desempenho de corrida é muito consistente. Tanto no Canadá quanto na Espanha, Hamilton flutuou em marcas que foram de 0s1 a 0s3 piores que as de Verstappen, que tem sempre uma sólida regularidade em termos de tempos de volta. Quer dizer, os alemães conseguiram cortar uma desvantagem que era assustadora no início da temporada.

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Lewis Hamilton e Fernando Alonso: nova disputa vem aí? (Foto: AFP)

“Sabíamos que o Canadá seria uma de nossas corridas mais difíceis. Conseguir um bom e sólido terceiro lugar, não muito distante de Max [Verstappen], é um resultado muito positivo — apesar de acreditar que ele segurou o ritmo no final da corrida. Estamos mais próximos do que estávamos no início do ano e, com o outro carro, teríamos sido assassinados nesse tipo de pista”, explicou o chefão Toto Wolff.

Quase o mesmo pode ser dito sobre a Aston Martin. A equipe britânica também promoveu uma série de atualizações no carro verdinho. A diferença aqui é o projeto dos ingleses já havia começado de um ponto bem mais competitivo do que a Mercedes. Então, foi mais uma questão de aprimorar os setores mais frágeis. O que o grupo liderado por Mike Krack tentou é ganhar velocidade de reta e um comportamento mais estável. E, aparentemente, esse objetivo foi atingido no Canadá. A performance de classificação, ainda que na chuva, impressionou, mas foi na corrida que as novidades surgiram, de fato.

A perda de posição para Hamilton na largada custou a Alonso a chance de se aproximar mais de Verstappen — a performance do espanhol espantou na fase intermediária da corrida, quando passou a andar no mesmo ritmo do piloto da Red Bull. Então, com o desenrolar da corrida, ficou cada vez mais claro o acerto do time britânico. O modelo se mostrou rápido nos trechos mais velozes, e Fernando foi capaz de passar Lewis na pista. O único detalhe foi o desgaste de pneus um tanto maior. Ainda assim, no geral, o ritmo da Aston Martin esteve ligeiramente à frente da Mercedes.

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“Fernando esteve no controle de tudo e conseguimos manter a Mercedes atrás. As atualizações funcionaram como esperávamos, o que nos deixa felizes, pois estávamos um pouco pressionados após Barcelona. Agora, precisamos trabalhar no próximo passo”, afirmou o dirigente.

O cenário agora é um pouco menos desolador do que era no início da temporada. Aston Martin e Mercedes são quase equivalentes, e a tendência é de que esse salto de qualidade se confirme nas próximas etapas. Dá até para falar da Ferrari, que acertou a estratégia e também apresentou um ritmo muito maior em condições de corrida com ambos os carros. E essa é também uma das grandes notícias do fim de semana canadense da F1.

Portanto, com alguma ajuda, já dá para imaginar um Alonso x Hamilton 2.0 real, com uma pitada vermelha. E indo além, também não é possível ignorar que há uma mínima chance de Max tomar parte nessa batalha. Então, sim, estão deixando a gente sonhar. Há argumentos para tal.

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