“Tão lentos quanto F2”: estratégia de ‘zero pit-stop’ transforma GP de Mônaco em procissão
Oscar Piastri comparou o ritmo da Fórmula 1 em Mônaco com o da Fórmula 2, tudo em nome da tentativa de não ter de parar para trocar pneus após a bandeira vermelha ainda na primeira volta
Em um circuito onde é praticamente impossível conseguir uma ultrapassagem sem que haja erro do piloto da frente, a estratégia de paradas costuma ser o ponto alto do GP de Mônaco, porém a bandeira vermelha logo na primeira volta criou uma situação inusitada e ainda forçou alguns pilotos a serem muito lentos para tentar levar o carro até o final das 77 restantes.
A expectativa era de uma corrida tática, com Max Verstappen largando de sexto, enquanto Charles Leclerc buscaria enfim a primeira vitória pela Fórmula 1 em casa, com uma McLaren ao lado forte e doida para estragar a festa. Só que o acidente logo após a Sainte-Dévote, na largada, entre Kevin Magnussen, Sergio Pérez e Nico Hülkenberg mudou completamente o curso da prova.
Relacionadas
Os pilotos nada sofreram na violenta batida, mas foi suficiente para criar o cenário de destruição que exigiu o acionamento da bandeira vermelha. Até então, as escolhas de pneus eram médios para o quarteto da frente, formado por Ferrari e McLaren, e duros para os carros da Mercedes e também Verstappen, logo atrás. Com a paralisação, a história se inverteu, e os carros prateados junto com o #1 passaram a usar a borracha intermediária para o que seria o stint inicial da prova.
Acontece que o ‘primeiro stint’ virou o único, uma vez que o regulamento autoriza troca de pneus em caso de bandeira vermelha, permitindo aos times eliminarem a obrigação do pit-stop caso o jogo escolhido seja diferente do anterior. E foi exatamente o que aconteceu com praticamente todo o grid, exceção a Logan Sargeant, devolvido à prova com novo tipo de composto.
A partir daí, o desafio passou a ser levar o carro até o final da prova. Ferrari e McLaren tinham certa vantagem por conta dos pneus duros, mas também tiveram de desacelerar para não correrem riscos de uma parada a poucos giros da bandeirada. Verstappen, em sexto, com Hamilton perto, porém levando boa margem para o oitavo colocado, aproveitou para arriscar mais uma troca logo assim que a Mercedes também resolveu chamar o heptacampeão aos pits.
A estratégia da Red Bull, aliás, teria sido precisa caso os cinco à frente de Max também tivessem parado, o que não aconteceu. O tricampeão ainda reclamou que durante o stint com os médios, teve de usar meio acelerador nas retas e andar com uma marcha mais alta, sacrificando cerca de 4s de tempo de volta.
Oscar Piastri, segundo colocado, foi outro que comparou o ritmo da F1 em Mônaco com o da Fórmula 2. “Tive uma tentativa [de passar Leclerc] a cerca de dez ou 15 voltas do fim, na curva 8. Estávamos indo bem devagar — acho que em dado momento, até mais que a F2.”
“Quando se anda tão devagar, há poucas opções. Mas sabia que, uma vez que mostrasse o ponto onde tentaria ultrapassar, ele seria esperto dali em diante. Consegui chegar bem perto na curva 7. Tentei mostrar o bico do carro na 8, mas ele reagiu rápido o bastante, então sabia que depois desse ponto, as opções seriam muito limitadas”, acrescentou.
O #81 da McLaren tem razão ao usar a Fórmula 2 como comparativo. A volta mais rápida da corrida 2 da rodada de Mônaco da classe de acesso, quando os pilotos têm o pit-stop obrigatório, foi em 1min22s384, de Dennis Hauger, no giro 37 de 42. Na F1, considerando todo o grid, as primeiras dez voltas foram acima de 1min20s. Para se ter uma ideia, na 4, Leclerc virou 1min22s625, enquanto George Russell fez o giro em 1min22s862.
Há, claro, de se considerar o tanque cheio no início, mas a progressão da prova deixou nítido que todos estavam tirando o pé para não ter de parar, sobretudo o primeiro pelotão. Para se ter uma ideia, na volta 40, antes de Lance Stroll abrir uma janela que ainda teve trocas táticas de Lewis Hamilton e Verstappen, os seis primeiros viraram tempos em torno de 1min18s; de Yuki Tsunoda para baixo, as marcas eram superiores a 1min20s. A volta mais rápida da prova foi de Hamilton, em 1min14s165, na 63.
Ainda a título de comparação, no GP da Emília-Romanha, a volta mais rápida da corrida 2 da F2 ficou com Victor Martins, em 1min29s580 — muito acima do 1min18s589 de George Russell.
A Fórmula 1 retorna de 7 a 9 de junho com o GP do Canadá, nona etapa da temporada 2024.
Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!