Testes e comparações: sexta-feira na Itália intriga Red Bull, mas cria Ferrari x McLaren

O primeiro dia de atividades do GP da Itália passou longe de qualquer lógica. Isso porque a natureza do circuito de Monza e o teste de um novo formato da classificação forçaram mudanças nos programas técnicos das equipes. E não foi só uma questão de racionalizar o uso dos pneus, foi uma busca por equilíbrio entre a estratégia para a decisão do grid e a corrida do domingo, e isso acabou por embaralhar as cartas entre Red Bull, Ferrari, McLaren, além de Mercedes e Williams

Foi uma sexta-feira (1) das mais intrigantes para a Fórmula 1 em 2023. O clássico e velocíssimo circuito de Monza, palco do GP da Itália, foi responsável em partes pela singular tabela de tempos ao fim do segundo treino livre, mas há outros elementos que foram fundamentais para pintar o cenário em que a Ferrari apareceu à frente, seguida de muito perto pela McLaren, enquanto a poderosa Red Bull viveu uma tarde mais mundana e ainda viu um errático Sergio Pérez fechar o dia à frente do líder Max Verstappen.

Acontece que todas as equipes precisaram mudar o programa técnico por conta de um novo teste do formato de classificação, aquele que já fora usado na Hungria. Ou seja, em que é obrigatório o uso dos três tipos de compostos: pneus duros no Q1, médios no Q2 e macios no Q3. É a alocação alternativa da Pirelli, que decidiu ainda entregar aos times a composição mais macia da gama. Por isso, todo mundo precisou ir à pista com todos os diferentes pneus, sendo importante também não perder de vista a estratégia para a corrida.

Por exemplo, na primeira sessão do dia, a maioria dos pilotos usou apenas um jogo de pneus, com Red Bull, Ferrari e Mercedes lançando mão dos compostos duros. Já a Aston Martin e a Haas optaram pelos médios, enquanto Alpine, McLaren, Alfa Romeo, AlphaTauri e Williams se concentraram no macio, conduzindo stints longos, inclusive. Já a atividade complementar se mostrou mais diversa. Somente a dupla da Haas e Oscar Piastri, da McLaren, andaram com os duros, enquanto o restante do grid transitou entre médio e macio durante as simulações de classificação e corrida.

Portanto, esse vai ser um ponto crucial do fim de semana italiano da F1 e que deve proporcionar um pouco mais de drama na comparação com o que aconteceu em Hungaroring, antes das férias do verão europeu.

E se os pneus formam uma parte interessante deste cenário, a outra é completada pela natureza da pista da Lombardia. Os trechos de alta velocidade, de fato, pedem por acertos que reduzam o arrasto, e boa parte das equipes trabalhou nesse sentido. A Ferrari, aliás, preparou asas traseiras e dianteiras especiais para a etapa caseira. A SF-23 voou nas retas de Monza e pareceu não sofrer com os problemas de equilíbrio da semana passada, em Zandvoort. O ritmo em volta única foi impressionante por parte de Carlos Sainz, mas o mesmo não se repetiu com Charles Leclerc. O monegasco enfrentou mais problemas e não foi capaz de reproduzir a velocidade do companheiro de equipe. Entretanto, os dados sugerem que Leclerc possui um melhor desempenho em condições de corrida — cerca de 0s2 mais rápido.

Líder do dia, Sainz festejou o início promissor da Ferrari, ainda mais depois dos problemas enfrentados na Holanda. “No geral, fomos bem. Parece que nosso carro encontrou o ritmo novamente neste fim de semana e as características do circuito estão mais adequadas para nós”, disse o espanhol. É uma verdade: o carro italiano prefere as altas velocidades. Até por isso, os engenheiros investiram em um pacote aerodinâmico muito específico e não por acaso a velocidade final do modelo vermelho acompanhou a Red Bull, apesar de que, em performance de prova, será preciso um pouco mais de trabalho.

“O carro estava bastante bom com tanque cheio de combustível. Da minha parte, tive mais dificuldades com ritmo de classificação, mas creio que sabemos o que precisamos fazer para amanhã. Fui numa direção um pouco diferente, então temos de reiniciar e concentrar especialmente em ritmo de classificação, já que estamos com dificuldades com o equilíbrio do carro”, afirmou Charles, que ficou a mais de 0s3 do colega de time, em sexto.

Porém, não é exatamente com a Red Bull que os italianos precisam se preocupar nesse momento. E ao contrário do que conta o filme, a batalha desta vez é com a McLaren. O carro laranja também aprecia as longas retas e ganhou um acerto ainda mais refinado para garantir a velocidade em Monza. Daí, a performance consistente de Lando Norris (segundo, apenas 0s019 atrás de Sainz) e Piastri, o quarto, só 0s190 pior. A questão aqui são os pneus. A equipe inglesa buscou dados com os três tipos e encontrou certa dificuldade com o médio e macio. Portanto, há uma margem para melhoria até classificação, mas principalmente a corrida.

Lando Norris foi o segundo mais rápido do dia em Monza (Foto: McLaren)

“Estou feliz, demos alguns bons passos em frente e fizemos algumas melhorias hoje, mas definitivamente ainda não estamos numa posição suficientemente competitiva”, explicou um Norris mais realista.

E a Red Bull? Bem, a líder do campeonato segue favorita, como de costume, mas viveu uma sexta-feira mais atribulada que o normal. Pérez foi o terceiro mais rápido, enquanto Verstappen foi o quinto. Uma raridade em tempos de domínio, mas tem explicação. Os taurinos trabalharam em configurações diferentes o tempo todo. O holandês andou com mais carga aerodinâmica que a maior parte dos rivais, porque os engenheiros buscaram por um equilíbrio entre os trechos mais velozes e a parte mais sinuosa do traçado. Houve também uma preocupação com os pneus.

Diante disso, Verstappen terminou o dia insatisfeito. “No TL2, a volta mais rápida de Max foi 1min21s631, 0s276 mais lenta que a marca de Sainz. “Tentamos diferentes configurações aerodinâmicas para entender qual direção seguir”, falou Verstappen, acrescentando que “nem sempre é fácil em Monza”. O holandês se referiu ao trânsito — algo bem recorrente na pista italiana, especialmente por conta da procura pelo vácuo, situação que deve se agravar na classificação.

“Do meu ponto de vista, poderia ter sido um pouco melhor, ainda precisamos aperfeiçoar alguma coisa tanto nas curvas de baixa quanto nas mais veloz. Estou confiante de que chegaremos lá, temos de trabalhar em algumas coisas”, completou o bicampeão, explicando, em seguida, que foi atrapalhado pelo fluxo de carros, o que atrapalhou seu trabalho de simulação, o que explica sua posição na tabela de tempos. De toda a forma, e ainda não tenha tido uma sexta-feira mais normal, Max continuou com o desempenho mais consistente em situação de corrida.

Só que a segunda sessão para a Red Bull foi ainda mais trabalhosa, depois do acidente de Pérez. O mexicano escapou na Parabólica e tocou o muro, provocando uma bandeira vermelha na parte final do TL2. O incidente o fez perder um tempo precioso de pista, especialmente de preparação para a corrida de domingo.

Sergio Pérez na caixa de brita (Vídeo: DAZN)

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

A tabela de tempos ainda exibiu um Alexander Albon em uma sétima colocação interessante com a Williams, que gosta bem de circuitos como o de Monza e chega também preparada para explorar as altas velocidades. É verdade que o tailandês ficou a 0s6 de Sainz, mas igualmente certo dizer que ele só andou com pneus médios, o que abre um enorme potencial para a classificação deste sábado. A escolha pelo composto foi simples: de acordo com o piloto, era precisa testar as condições do Q2 para assegurar a passagem para a fase decisiva. Sem dúvida, é alguém a se ficar de olho.

Mesmo que não seja o melhor lugar para a Aston Martin, Fernando Alonso foi capaz de se colocar no top-8, mas se queixou muito do formato de classificação e da limitação do uso de pneus. Como sempre acontece, também é imprudente não esperar algo a mais do espanhol amanhã.

Então, há a Mercedes. George Russell foi nono colocado no TL2, enquanto Lewis Hamilton terminou apenas em 17º. A explicação: a esquadra alemã também trabalhou em configurações diferentes, com foco especialmente na corrida — Lewis sequer utilizou os pneus macios ou conduziu simulação de classificação à tarde. E enquanto o dono do carro #63 andou com menos asa, visando velocidade final, o heptacampeão foi à pista com mais carga aerodinâmica. Ainda assim, as Flechas Pretas têm um bom ritmo de corrida, o que permite também pensar em uma prova mais forte. Porém, o ritmo de classificação terá de mudar, como pediu Hamilton após segundo treino.

“O carro está bom, mas temos de melhorar com os pneus macios. O ritmo de corrida é bastante forte, então temos de nos concentrar em melhorar o ritmo de volta lançada para amanhã”, disse o britânico ao fim da sessão vespertina do dia.

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Itália, em Monza, 14ª etapa da temporada 2023. No sábado e no domingo, classificação e corrida também contam com transmissão em SEGUNDA TELA, NA GPTV, EM PARCERIA COM A VOZ DO ESPORTE. Amanhã, o TL3 abre o dia às 7h30 (de Brasília, GMT-3), enquanto a classificação define o grid de largada a partir das 11h. Já no domingo, a largada está marcada para as 10h.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.