Chefe da Mercedes alerta para “desordem” que ‘caso Massa’ pode trazer à Fórmula 1

Toto Wolff, chefe da Mercedes, explicou que os regulamentos esportivos da Fórmula 1 são muito claros, portanto não acredita que Felipe Massa possua um caso sólido para reivindicar o título de 2008

Embora esteja acompanhando a luta de Felipe Massa para ser reconhecido como campeão da temporada 2008 da Fórmula 1 “com interesse”, Toto Wolff, chefe da Mercedes, admitiu que é uma situação que também o preocupa do ponto de vista esportivo. Na visão do austríaco, há um risco de que o esporte “entre em desordem” se mais situações do tipo vierem à tona.

A alegação de Wolff é unicamente quanto à parte esportiva da situação. Ao ser mais uma vez questionado pela imprensa sobre o caso, o dirigente explicou que os regulamentos da categoria são claros, além de existir outros fatores que determinam o campeão ao final de uma temporada.

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Massa luta na justiça para ser reconhecido campeão da temporada 2008 da F1 (Foto: Ferrari Media)

“Para ser franco, não acho que ele tenha um caso”, começou Wolff. “Estamos assinando os regulamentos esportivos. Eles são bastante claros e, como titular da licença, você se compromete”, salientou.

“Se todos trouxessem casos à tona, o esporte entraria em desordem, especialmente quando se trata de campeonatos completos: são tantas coisas que influenciam em você ganhar ou perder que não vejo um caso, sinceramente”, completou Toto.

A questão muda de figura quando se leva em consideração a parte cível — danos morais, por exemplo. Esse é o precedente que Wolff acredita que pode ser aberto e que também interessa à Mercedes, mas tudo para o chefão de Brackley é como “uma novela”.

“Do lado cível, não sei, vamos avaliar se há algum dano que possa ser reclamado. Talvez a reputação, eles estão em uma posição difícil. Mas, para mim, é como assistir a uma novela”, admitiu.

Massa também comentou as recentes declarações que surgiram no paddock da F1 sobre sua batalha na justiça e disse que o ceticismo “só mostra que estamos no caminho certo e que as pessoas na Fórmula 1 estão percebendo a seriedade e importância do nosso caso”.

“Como sempre disse, estou em busca de justiça, do meu sonho de infância, de um título para uma nação inteira, para os brasileiros. É uma luta inteiramente minha e da minha família, por isso fizemos tudo o que podíamos para ter os melhores profissionais do mundo ao nosso lado”, concluiu.

Entenda o caso:

No início de março, o ex-chefão da F1, Bernie Ecclestone, deu entrevista ao site alemão F1 Insider e revelou que já sabia do escândalo Crashgate, em Singapura, ainda em 2008, mas que decidiu não expor a informação, e que considera o brasileiro como o legítimo campeão mundial.

Na ocasião, a F1 viveu um escândalo de manipulação de resultado no GP de Singapura. O brasileiro Nelsinho Piquet bateu propositalmente com a Renault a fim de beneficiar o companheiro de equipe Fernando Alonsoque venceu a corrida e não tinha relação com a disputa de título. Massa foi um dos grandes prejudicados, já que partiu da pole-position e liderava até o acidente de Nelsinho.

Desde a declaração de Bernie, Felipe demonstrou o desejo de revisar o resultado do campeonato, inclusive avaliando uma possível ação na justiça. Ao GRANDE PRÊMIO, em março, o brasileiro falou sobre a decepção em ouvir o que foi dito pelo ex-mandatário da categoria.

“Uma situação inaceitável, que me deixou triste ao tomar conhecimento que o chefão da Fórmula 1 e o chefão da FIA souberam em 2008 e se calaram. Isso é muito grave e inadmissível para o esporte”, disse Massa.

O escândalo do Crashgate foi revelado em 2009, pouco tempo depois de Piquet ser demitido na Renault. Tanto Flavio Briatore, chefe de equipe, quanto Pat Symonds, diretor de engenharia, foram banidos da Fórmula 1, mas eventualmente reverteram a decisão na corte francesa e concordaram em se afastar do Mundial. Nelsinho nunca mais correu na categoria.

Na época, Felipe chegou a vocalizar pedidos para que o resultado do GP de Singapura fosse anulado, mas o estatuto da FIA tornou a opção impossível, já que segundo o Código Internacional Esportivo, a decisão do campeonato não poderia ser alterada após a cerimônia de premiação do órgão.

A investigação da FIA também não apontou evidências de que Alonso e a maior parte da equipe Renault sabiam do plano de batida proposital e auxiliassem na execução. O órgão entendeu que seria injusto mudar o resultado.

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