Carregada por Quartararo, Yamaha faz sólida defesa de título em 2022 agridoce na MotoGP
Com Franco Morbidelli completamente longe da performance que exibiu outrora e o duo da RNF também apagado, o ano da casa de Iwata é completamente dependente do francês. Para a sorte da casa japonesa, o campeão vigente faz um ano muito forte e carrega a YZR-M1 nas costas na primeira parte da temporada 2022
A Yamaha faz uma temporada agridoce na MotoGP em 2022. A YZR-M1 segue com um déficit de potência importante, mas Fabio Quartararo encontrou um jeito de tirar isso de letra para não só ser competitivo, mas também para fazer uma defesa sólida do título do Mundial de Pilotos. Do outro lado dos boxes, Franco Morbidelli parece sofrer da maldição de Avril Lavigne, enquanto a satélite RNF não é nem uma sombra daquilo que foi outrora.
Campeão vigente, Quartararo vem carregando o piano nas costas. Com o perdão do trocadinho, já que a Yamaha é também uma fabricante de instrumentos musicais, ‘El Diablo’ é o único a conseguir fazer música com a M1. É verdade que o protótipo tem lá alguns problemas, mas a M1 está longe de ser uma moto ruim. Nas mãos de Fabio, o piano soa afinado e podia ser parte de qualquer orquestra sem comprometer o andamento da música.
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Como fez ao longo dos últimos anos, Fabio veio para 2022 com uma versão atualizada, mais completa do que a anterior. Inteligente, o piloto de Nice aprendeu a driblar o déficit de potência e tem feito tudo que pode para fazer frente a adversários que são mais rápidos. Quartararo construiu uma liderança boa na primeira parte do ano e vem defendendo bem a taça da MotoGP.
Com os demais pilotos, porém, o instrumento parece até sem brilho. Franco Morbidelli, que nos tempos de SRT — hoje RNF — foi vice-campeão, atualmente parece sofrer do mesmo mal que atingiu Avril Lavigne, que estourou com o primeiro álbum ‘Let Go’, mas depois não conseguiu o mesmo impacto, levando a rumores de que “morreu e foi substituída”.
Assim como a cantora canadense, Franco segue o mesmo e continua sendo capaz de repetir os feitos de outrora, mas, por alguma razão, isso não aconteceu desde a chegada ao time de fábrica. Alguns apontam para a separação com Ramón Forcada como fator determinante, mas a Yamaha segue apostando em Patrick Primmer no comando da equipe.
Outra verdade é que, não fosse o contrato assinado quando da substituição de Maverick Viñales, Franco estaria em maus lençóis, mas ter um papel assinado para 2023 deu a ele a tranquilidade de ter uma vaga garantida. É fato também que o vínculo poderia ser rompido, mas a casa de Iwata frisou reiteradas vezes que honraria o acordo com o ítalo-brasileiro.
Do lado da equipe satélite, tem sido um show de horror. Andrea Dovizioso jamais recuperou a forma dos bons tempos de Ducati e tampouco conseguiu se adaptar a uma moto que é completamente diferente da Desmosedici com que foi três vezes vice-campeão. A experiência do retorno à MotoGP foi tão ruim que o italiano já decidiu pela aposentadoria, mas sai de cena com uma ato final que sequer precisava ter sido apresentado. O retorno de quase nada serviu.
No caso de Darryn Binder, não dá para se queixar. Afinal, quem é que esperava mais dele? Primeiro que o caçula dos irmãos sul-africanos nunca se mostrou um prodígio na classe menor. Segundo que a experiência da Honda com Jack Miller já tinha mostrado que o salto de Moto3 para MotoGP é enorme. É preciso de tempo de adaptação. Um tempo muito maior do que as 11 corridas que ele teve até aqui.
É até injusto avaliar o que Darryn fez até aqui. Pois, de fato, ele sequer deveria estar na MotoGP. Binder deveria, primeiro, ter passado pela Moto2, experimentado uma moto maior, com mais eletrônica, antes de dar o salto para um protótipo com a YZR-M1.
Ainda que a M1 seja conhecida como uma moto docinha com novatos, Darryn não é um novato comum. É um novato que saiu do ensino fundamental direto para a faculdade, pulando a fase do ensino médio. Binder não faz e nem poderia fazer um bom ano. Esperar algo diferente disso era um sonho completo.
Possivelmente alguns pouquíssimos pilotos pudessem se dar bem em um salto como esse, mas apenas pilotos no nível de Marc Márquez, Valentino Rossi, Dani Pedrosa, Casey Stoner, Jorge Lorenzo e etc. Darryn não está neste nível. Talvez nem Brad, que é o mais talentoso dos irmãos, poderia dar esse passo de maneira indolor.
Ainda que o cenário não fosse dos mais favoráveis para a RNF, surpreende que o ano seja tão ruim. Foram só 20 pontos conquistados ao longo do ano — divididos igualmente entre os pilotos —, melhor apenas do que a Tech3, que fica na lanterna do Mundial de Equipes com os estreantes Remy Gardner e Raúl Fernández.
Ao fim e ao cabo, a Yamaha tem sorte em ter Quartararo em excelente fase para defender os três diapasões. Não fosse ele, a situação seria bem periclitante. Para o restante para temporada, Fabio terá trabalho para defender o título e chegar ao bicampeonato, mas, do outro lado da garagem, é importante recuperar Morbidelli. Afinal, serão só os dois ‘contra o mundo’ em 2023.
A MotoGP agora entra em férias e volta à ativa apenas no dia 7 de agosto, com o GP da Grã-Bretanha, em Silverstone. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.
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