Suzuki inicia contagem regressiva de adeus melancólico à MotoGP em 2022

Em um ano que começou com alta competitividade, a casa de Hamamatsu jogou tudo para o alto ao anunciar de forma inesperada mais uma partida do Mundial de Motovelocidade. E, desta vez, sem dar o menor indício de que pretende um dia retornar

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Quando a MotoGP voltar à ativa em 5 de agosto, para o primeiro dia de treinos livres para o GP da Grã-Bretanha, a Suzuki vai iniciar uma contagem regressiva para o adeus ao Mundial de Motovelocidade. A partir do desembarque em Silverstone, faltarão apenas 94 dias para a marca de Hamamatsu colocar um melancólico ponto final em uma história que tinha tudo para ser bonita.

É sempre bom ressaltar que a história da Suzuki no campeonato é feita de idas e vindas. A última delas aconteceu no fim de 2011, quando partiu na esteira da crise econômica que assolou o mundo com a promessa de voltar anos mais tarde, o que efetivamente se concretizou em 2015. De lá para cá, a fábrica japonesa construiu uma GSX-RR sólida e protagonista, sempre com bons pilotos e encerrou um longo jejum ao conquistar com Joan Mir o título de 2020.

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Álex Rins já antecipou que deve correr com a LCR em 2023 (Foto: Suzuki)

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Com tudo correndo bem, a casa japonesa assinou com a Dorna, promotora do Mundial, para seguir no campeonato até 2026, mas, em 2 de abril, pegou todo mundo de surpresa ao anunciar que deixaria a MotoGP no fim de 2022. A decisão foi repentina e aconteceu em meio às negociações para renovação dos contratos de Mir e Álex Rins para mais dois anos. Os dois, aliás, tinham decidido ficar com a equipe.

Por causa do contrato em vigor com a promotora espanhola, as coisas não foram assim tão simples. A Dorna entrou em cena e avisou que a decisão não podia ser unilateral, o que levou a uma longa negociação, concluída apenas no início desta semana, quando a Suzuki anunciou um acordo para encerrar a participação do Mundial em 2022. Além de deixar a MotoGP, os japoneses estão de saída também do Mundial de Endurance da FIM (Federação Internacional de Motociclismo).

Diferente do que aconteceu antes, agora a Suzuki sequer fala em retorno. Os japoneses estão de saída e não fizeram qualquer promessa de um dia voltar a olhar para a MotoGP. Mas sabe o que mais é diferente? A maneira como eles estão saindo.

Álvaro Bautista, que era o piloto da Suzuki quando a marca encerrou a participação no Mundial em 2011, admitiu que ficou surpreso, mas avaliou que foi positivo que, pelo menos, os pilotos foram comunicados com antecedência. Naquela época, o espanhol só conseguiu a recolocação profissional após a morte de Marco Simoncelli, que acabou por abrir uma vaga na Gresini.

“Felizmente, eles comunicaram os pilotos que estavam se saída, pois eles me disseram apenas no fim da temporada, então não tive tempo de reagir para encontrar outro lugar”, comentou Álvaro em entrevista ao site britânico Crash.net. “Então é um misto, estou surpreso, mas, ao mesmo tempo, eles já fizeram isso no passado”, seguiu.

Desta vez, porém, Mir e Rins tiveram tempo de reagir. Álex já entregou que vai para a LCR Honda no lugar de Álex Márquez, que fechou com a Gresini Ducati, enquanto Joan é o mais cotado para o lugar de Pol Espargaró na equipe oficial da Honda. Nenhum dos anúncios oficiais, contudo, foram feitos.

Para os mecânicos e demais funcionários, a recolocação é um pouco mais complicada. Rins, por exemplo, já declarou que a LCR não lhe permitiu levar ninguém para a equipe. Livio Suppo, chefe da Suzuki, prometeu ajudar os atuais funcionários na busca por novos postos de trabalho, mas, se não aparecer nenhuma equipe para ocupar o espaço vago, é certo que o número de empregos no paddock da MotoGP vai reduzir.

Em um ano em que a GSX-RR tinha dado um passo à frente em termos de performance, a Suzuki jogou a própria competitividade para o alto com o anúncio da saída — já que a performance de Rins e Mir foi instantaneamente abalada — e caminha para encerrar mais essa passagem de uma maneira triste.

O título de Mir será sempre uma memória bonita. A coroação de trabalho bem feito, executado magistralmente sob a batuta de Davide Brivio, ainda que com um orçamento reduzido, especialmente na comparação com a concorrência. Mas a maneira com que deixa o campeonato mostra o pouco — ou quase nenhum — valor que a Suzuki dá à MotoGP. Afinal, se o campeonato pode ser descartado assim tão fácil, não deve valer lá tanto assim para a casa de Hamamatsu, não é mesmo?!

Este capítulo mais recente da história da Suzuki na MotoGP merecia um final mais bonito, mais digno de um roteiro de cinco vitórias, uma pole e 36 pódios até aqui.

MotoGP agora entra em férias e volta à ativa apenas no dia 7 de agosto, com o GP da Grã-Bretanha, em Silverstone. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.

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