GUIA 2024: MotoGP muda concessões e lança boia para resgatar Honda e Yamaha
Promotora do Mundial de Motovelocidade, a Dorna venceu a queda de braço com as fábricas da MotoGP e conseguiu mudar a regra das concessões para tentar acelerar a reação das fábricas japonesas. Assim, Ducati perde benefícios, enquanto Yamaha e Honda ganham vantagens
A MOTOGP NÃO ABRE MÃO DE UM GRID EQUILIBRADO. Em meio a uma fase de domínio da Ducati, a Dorna, promotora do Mundial de Motovelocidade, conseguiu convencer as fábricas e lançou uma boia de salvação para tentar resgatar Yamaha e Honda do fundo do Mundial de Construtores: 2024 tem um novo regulamento de concessões em vigor.
Essas vantagens previstas em regulamento não são nenhuma novidade na MotoGP. A primeira versão surgiu em 2015 e tinha o mesmo objetivo atual, mas em um cenário completamente diferente. Há nove anos, a meta era que os demais pudessem se aproximar de Honda e Yamaha, além de atrair novos participantes ao campeonato. Os beneficiários podiam contar com mais motores e mais combustível, por exemplo.
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Foi com esse sistema que a Ducati começou a se reerguer. E foi por meio dele, também, que Suzuki, KTM e Aprilia puderam entrar ou voltar ao campeonato, evoluir e até vencer — a marca japonesa foi campeã em 2020 com Joan Mir. O resultado, na prática, foi um Mundial mais disputado, com protagonistas variados.
Mas, desde a chegada de Gigi Dall’Igna, a Ducati, que ficou sem vitórias entre 2011 e 2015, se reergueu a ponto de ser a marca dominante da atualidade. E não foi só ela. Aprilia e KTM também aceleraram a evolução e, graças a bons resultados, perderam o direito de contar com essas benesses.
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Ano passado, Yamaha e Honda ficaram na lanterna do Mundial de Construtores, um cenário completamente diferente daquele que deu origem às concessões. Só que, pelas regras, ninguém mais tinha direito a esses benefícios. Nem elas.
Aí a Dorna entrou em cena, buscando uma maneira de lançar uma boia salva-vidas para ajudar as gigantes do Japão. De pronto, a ideia encontrou resistência, principalmente de Aprilia e KTM.
Depois de muita negociação, veio um sistema que divide as construtoras em quatro grupos, levando em conta a pontuação no campeonato. Campeã, a Ducati ficou isolada no topo do ranking, perdendo alguns benefícios que costumava contar. E foi isso que desagradou.
Outrora beneficiada por concessões que foram aprovadas por Yamaha e Honda, a Ducati não foi uma grande opositora da mudança na regra, também por entender que uma eventual saída das casas de Iwata e Hamamatsu teria um impacto negativo no campeonato. Mas, agora, Borgo Panigale sente que foi punida por trabalhar bem — a mesma queixa que faz, por exemplo, das mudanças no Mundial de Superbike.
Em meio à troca de acusações entre as marcas europeias, o novo sistema vem aí, mas com revisões semestrais para evitar vantagens indevidas a alguém que eventualmente tenha acertado a mão na hora de desenvolver os protótipos.
Como funciona o novo sistema de concessões da MotoGP?
O novo formato acordado pela MSMA (Associação das Fábricas de Motocicletas Esportivas) é um bocado mais complexo do que o anterior. Ao invés do número de pódios, como acontecia na regra em vigor até 2023, o que vai definir a posição de cada marca o ranking é a porcentagem de pontos em relação ao máximo possível no Mundial de Construtores, que leva em conta apenas o resultado da melhor moto de cada marca.
A | B | C | D | |
Porcentagem de pontos | Maior ou igual a 85% dos pontos | De 60 a 85% dos pontos | De 35% a 60% dos pontos | Menos de 35% dos pontos |
Ou seja, usando o calendário passado, quando aconteceram 20 GPs (20 x 25 pontos) e 19 corridas sprint (19 x 12 pontos), temos:
A | B | C | D | |
Porcentagem de pontos | Maior ou igual a 619 pontos | De 437 a 618 pontos | De 255 a 618 pontos | Menos 254 pontos |
Levando em conta o resultado obtido no campeonato passado, a Ducati fica solitária no grupo A, KTM e Aprilia ficam no grupo C e Yamaha e Honda no D.
A | B | C | D | |
Em 2023 | Ducati – 700 pontos (96%) | Vazio | KTM – 373 pontos (51%) | Aprilia – 326 pontos (45%) | Yamaha – 196 (27%) | Honda – 185 (25%) |
Cada um destes grupos têm direitos diferentes.
A | B | C | D | |
Pneus para teste | Até 170 | Até 190 | Até 220 | Até 260 |
Testes privados | Só com pilotos de teste | Só com pilotos de teste | Só com pilotos de teste | Livre |
Circuitos do calendário para teste | 3 circuitos | 3 circuitos | 3 circuitos | Qualquer circuito |
Wild-cards | 0 | 3 | 6¹ | 6¹ |
Motores por temporada | 7 ou 8 | 7 ou 8 | 7 ou 8 | 9 ou 10 |
Especificação do motor | Congelada | Congelada | Congelada | Descongelada |
Atualizações aerodinâmicas | 1 | 1 | 1 | 2² |
²A especificação anterior deve ser descartada
Com a divisão, a Ducati fica impedida de fazer wild-cards, por exemplo, enquanto Yamaha e Honda poderão testar inclusive com os pilotos titulares — mesmo os das equipes satélites —, além de terem a liberdade de desenvolver os motores ao longo do ano.
Para as fábricas do grupo D, existe uma barreira no quesito teste: ninguém pode testar em uma pista do calendário duas semanas antes do GP — como determinado o regulamento do Mundial de Motovelocidade.
Para garantir a justiça entre as equipes, essa divisão será recalculada em duas janelas:
Primeira: Do primeiro ao último evento da temporada
Segunda: Do primeiro evento após o veto aos testes no verão europeu até o último evento antes do veto aos testes no ano seguinte.
Ou seja, com base em 2023, as fábricas já ganharam ou perderam direitos, mas o cenário será reavaliado no início do veto aos testes de verão.
Caso uma fábrica mude de grupo, os direitos são, obviamente, alterados:
De forma imediata, muda o número de pneus destinados a testes; a liberdade de testar com os titulares; o número de circuitos para teste; o número de wild-cards — inclusive com a possibilidade de cancelamento de participações anteriormente aprovadas pela Comissão de GP; e o limite de atualizações aerodinâmicas.
Caso uma fábrica passe do grupo C para o D, aumenta o número de motores permitidos, a especificação fica livre e mais uma atualização aerodinâmica é liberada, desde que a anterior seja descartada.
Para a temporada seguinte, caso uma fábrica mude do grupo D para o C, o número de motores será reduzido e a especificação fica livre, a menos que a fábrica volte ao ranking D no fim da temporada.
Yamaha e Honda ganharam um auxílio importante para acelerar o crescimento, mas cabe a elas fazer o mesmo bom trabalho que a Ducati fez no período em que contou com as concessões.
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A MotoGP volta a acelerar no final de semana de 7 a 9 de março, em Lusail, no Catar, para a abertura da temporada 2024. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.
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