GUIA 2025: MotoGP vive impasse à espera de aprovação de negócio entre Dorna e Liberty

UMA DAS GRANDES NOTÍCIAS DO ANO PASSADO AINDA SE ARRASTA NOS BASTIDORES DA MOTOGP. Em abril de 2024, o Liberty Media, grupo dono da Fórmula 1, concretizou um meganegócio no esporte a motor e comprou 86% das ações da Dorna Sports, detentora dos direitos comerciais do Mundial de Motovelocidade. O acordo uniria ainda mais os principais campeonatos de carros e motos do mundo.

Criada em 1988, a Dorna é detentora comercial do Mundial de Motovelocidade desde 1992 e do Mundial de Superbike (WSBK) desde 2013. Sob a batuta da empresa espanhola, comandada por Carmelo Ezpeleta, a MotoGP passou por diversas transformações esportivas e como produto para ser vendido a emissoras de televisão e espectadores.

Em 1998, dez anos após a criação, a Dorna foi vendida para a CVC Capital Partners, que já teve também os direitos da F1. Atualmente, porém, a companhia era dividida entre três acionistas principais: Bridgepoint Capital, CPP Investments e cerca de 22% nas mãos da Dorna. O negócio entre o Liberty Media e a Dorna, porém, precisou enfrentar uma avalição regulatória. Em 2006, por exemplo, a CVC Capital Partners foi forçada a vender a categoria das motos quando comprou a F1 devido às regras da União Europeia para casos de concorrência.

Desde então, porém, pouco se avançou. A temporada 2025 da MotoGP se avizinha, com início previsto para esta semana, mas o acordo entre Liberty Media e Dorna está empacado nos bastidores. Tudo porque a negociação dependia da aprovação de órgãos antitruste de quatro lugares: Brasil, Austrália, Reino Unido e União Europeia — além das avaliações de Espanha e Itália. No meio disso tudo, em agosto do ano passado, a empresa americana disse que venderia uma participação de US$ 825 milhões (cerca de R$ 4,7 bilhões na cotação atual) da Fórmula 1 para financiar a compra da MotoGP.

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Acontece que a União Europeia surgiu como última barreira para a aprovação do acordo e tem feito jogo duro. Em outubro, o parlamentar belga Pascal Arimont pediu que a Comissão da UE investigasse o Liberty Media, por temer práticas de aglomeração comercial.

Desde então, uma sequência de eventos complicou inda mais o acordo. A Comissão Europeia passou a mostrar ainda mais preocupações com um possível monopólio do grupo. Teresa Ribeira, chefe deste departamento e vice-presidente da Espanha, assumiu o caso preocupado com a repercussão da negociação em setores de streaming e radiodifusão, pois F1 e MotoGP agora ficariam sob o mesmo guarda-chuva.

Procurado pelo GRANDE PRÊMIO na época, o Liberty Media seguiu se mostrando confiante em obter a aprovação. Porém, a Comissão Europeia decidiu investigar John Malone, principal acionista do grupo, e como os direitos de transmissão de emissoras rivais afetariam países como Bélgica, Irlanda e Países Baixos. Uma nova resposta sobre possível aglomeração comercial, no entanto, foi adiada.

O ano virou, mas tudo seguiu estacionado. Pior ainda, a Comissão Europeia decidiu empurrar uma resposta definitiva sobre o assunto para 16 de junho. Enquanto isso, o Liberty Media e a Dorna tentam mostrar uma confiança na resolução do caso, mas a negociação segue parada no meio do caminho por suspeita de monopólio.

Sob o guarda-chuva da Dorna estão não apenas MotoGP e Mundial de Superbike, mas também MotoE, Mundial Júnior, as Talent Cup Ásia, Britânica e do Norte, o World Series de MiniGP, a Red Bull Rookies Cup e o Mundial Feminino de Motociclismo. Logo, todas essas categorias ainda podem ser afetadas durante todo o processo que se arrasta nos bastidores sem qualquer previsão de resolução, seja ela positiva ou negativa.

A MotoGP volta às pistas neste fim de semana, com o GP da Tailândia, em Buriram, abertura da temporada 2025. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.

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