GUIA 2024: Haas demite Steiner e busca ‘nova era’ na F1 com filosofia de “pés no chão”

Profundamente incomodado com mais uma lanterna na F1 em 2023, Gene Haas mandou Guenther Steiner embora e promoveu o japonês Ayao Komatsu. Mais do que uma mudança de cargo, a chegada do engenheiro significa uma alteração marcante de filosofia na equipe americana

Última colocada do Mundial de Construtores da Fórmula 1 em duas das três últimas temporadas (2021 e 2023), a Haas busca virar a página e iniciar uma nova história na categoria em 2024. E isso custou até mesmo o cargo do empolgado Guenther Steiner, chefe do time americano por oito anos e grande rosto da escuderia mundo afora. Agora, a direção é outra: baixar as expectativas e manter os pés no chão.

No ano passado, a Haas simplesmente não competiu. Viveu de pontos esporádicos e dependentes de condições externas, mas nunca podendo confiar no próprio carro. Nico Hülkenberg até fez uma boa temporada, considerando o equipamento que tinha em mãos, e conseguiu somar nove pontos. Kevin Magnussen, bem abaixo do companheiro, contribuiu com três.

O fato é que a falta de força e a lanterna do campeonato — que já era um fato consumado antes mesmo de o ano acabar — esgotaram a paciência de Gene Haas, o dono. Steiner, que prometia uma evolução que nunca veio, caiu. Para seu lugar, chega Ayao Komatsu, engenheiro de longa data da equipe e pautado muito mais em estatísticas e calma do que na empolgação que fez o ex-chefe viralizar na série ‘Drive to Survive’.

Steiner, encarregado de comandar toda a montagem da Haas em sua entrada na categoria, em 2016, não sobreviveu à curva descendente desde o promissor quinto lugar de 2018. Os números são claros: nas últimas cinco temporadas, a Haas só conseguiu ficar acima do penúltimo lugar uma vez, em 2022. Nas duas edições anteriores, não passou de três pontos. E uma nova última colocação em 2023 foi a gota d’água.

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Guenther Steiner saiu da Haas após oito temporadas (Foto: AFP)

Formado em engenharia automotiva na Inglaterra, Komatsu chega para alterar essa direção. Ex-BAR — onde foi vice do Mundial de Construtores de 2004, atrás apenas da Ferrari —, Renault — como engenheiro de performance da equipe de testes e depois engenheiro de corridas de Vitaly Petrov — e Lotus — engenheiro pessoal de Romain Grosjean e posteriormente engenheiro-chefe —, o japonês não é um novato na F1.

Seu papel na Haas até o ano passado era diferente, é verdade. Diretor de engenharia de pista a partir de 2016, Komatsu viu sua reputação crescer dentro do time e se tornou diretor-geral do setor até ser promovido a chefe de equipe para 2024. É, de fato, o grande momento da carreira do japonês, que prega foco nos números e trabalha de uma forma bastante diferente ao antigo dono do posto.

“Somos um negócio baseado em performance”, disse Komatsu em sua apresentação. “Nós obviamente não temos sido competitivos o suficiente ultimamente, o que tem sido uma fonte de frustração para todos nós. Temos um suporte incrível de Gene [Haas] e de nossos vários parceiros, e queremos espelhar esse entusiasmo com um produto melhor na pista. Temos uma grande equipe de pessoas em Kannapolis, Banbury e Maranello. Juntos, sei que podemos atingir os resultados que somos capazes de ter”, afirmou.

Komatsu assume a Haas com a missão de botar ordem na casa (Foto: LAT/Haas)

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A mudança de filosofia, inclusive, foi sentida pelos pilotos antes mesmo de a temporada começar. Magnussen já elogiou o método de trabalho do novo chefe e disse que sua chegada ajuda a evitar um “otimismo irreal” para a temporada. Definitivamente, baixar as expectativas é um dos pontos focais da Haas para 2024.

“As expectativas estão sendo muito bem administradas este ano”, disse Magnussen. “Acho que em alguns anos houve um otimismo irreal nas temporadas, e também fui afetado por isso. Ayao deixou bem claro que ainda não acha que saímos da posição do ano passado, mas já falou que vê a trajetória de desenvolvimento parecendo muito mais forte”, explicou.

“As expectativas são baixas no início, mas altas para a temporada como um todo”, ressaltou. “Acho que temos uma grande mudança no comando, mas é interessante. Acho que Ayao trabalhará do seu jeito, mas acho que ele traz muito conhecimento técnico e experiência”, completou.

Lanterna em 2023, a Haas espera mais um ano bem difícil em 2024 (Foto: Haas)

Hülkenberg, por sua vez, foi além e afirmou que, com todo o conhecimento técnico de Komatsu, é impossível “sacanear” o novo chefe. “Ele [Komatsu] é um cara totalmente diferente, uma pessoa diferente. É um engenheiro, tem uma história diferente, com muita experiência e know-how. Ninguém consegue sacaneá-lo, porque ele sabe o que está acontecendo. Vê muito as coisas pelo lado técnico”, explicou.

Quanto aos pilotos, pouco pode-se dizer de Hülkenberg, que fez o que pôde nas classificações e tirou da cartola alguns resultados de destaque ao longo da temporada. Nas corridas, porém, o carro andava para trás e passava longe de repetir o ritmo de volta lançada. Sofrendo com o desgaste dos pneus e em um conjunto fundamentalmente lento, o alemão invariavelmente deixava as provas bastante frustrado.

Magnussen, por sua vez, precisa dar um passo à frente. Superado por Hülkenberg na concorrência interna de classificações [13 a 9] e corridas [15 a 7], o dinamarquês até fez o público esquecer de que o alemão era quem estava em uma temporada de retorno à Fórmula 1 depois de três anos de ausência. Para quem foi piloto da Haas em seis dos últimos sete anos [a única exceção foi em 2021] e conhecia a equipe, Kevin deixou bastante a desejar.

Com os mesmos pilotos, mas um novo chefe e uma filosofia bastante diferente, a Haas sabe que terá mais um ano bem difícil na próxima temporada. Sem conseguir acompanhar a evolução da Williams, o time americano disputou o posto de pior equipe com a Alfa Romeo, que será Sauber este ano e ainda vive uma etapa ‘zumbi’ antes de virar Audi em 2026. Mesmo assim, conseguiu perder. A pré-temporada não indicou grandes alterações, e a equipe começará mesmo como a pior do grid em 2024. No entanto, com os pés no chão, a expectativa é de que uma nova filosofia alcance melhores resultados no futuro.

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