GUIA 2025: Norris tem McLaren soberana nas mãos para provar que aprendeu com derrota

Pela primeira vez desde que chegou à Fórmula 1, em 2019, Lando Norris esteve no olho do furacão no ano passado. Tido como líder técnico da McLaren, única equipe que defendeu na categoria, o inglês viu o time enfim fornecer um carro rápido e capaz de brigar por vitórias em 2024. Elas até vieram, mas em número bem menor do que o esperado. E deixaram um ponto de interrogação: qual será a versão que Norris levará às pistas em 2025?

O roteiro já ficou até batido: depois de novo início avassalador de Max Verstappen, a Red Bull estagnou e viu as concorrentes ganharem terreno. Ferrari e Mercedes evoluíram e venceram, mas ninguém aproveitou o período tanto quanto a McLaren — que colocou o melhor carro do grid na pista ainda na primeira metade da temporada.

Mesmo assim, a discussão era muito mais sobre a capacidade ou não de Norris enfrentar Verstappen à altura do que propriamente disputar o título. A matemática permitia, é claro, mas o que se observava na pista a cada fim de semana era que os níveis entre os dois ainda apresentavam diferenças visíveis.

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Norris é rápido, e isso não deve ser questionado. Entre todas as críticas direcionadas ao inglês, a única que não encontra base em dados é questionar a velocidade de pilotagem do britânico. Isso, porém, não é o bastante para colocar alguém na rota do título mais importante do esporte a motor.

Duelando com alguém igualmente — e provavelmente mais — rápido, Norris não encontrou alternativas para igualar o nível de agressividade que Verstappen estava disposto a invocar. Implacável, o neerlandês não negocia espaços e construiu a imagem de alguém duríssimo de ser ultrapassado. E Lando sofreu com isso na pele.

O primeiro entrevero de fato veio na Áustria, e a promessa de que “perderia o respeito” por Verstappen caso este não se desculpasse ficou apenas nas palavras. A relação seguiu, mas os dois tretaram novas vezes em Austin e Cidade do México. Nesta última, o britânico chegou a chamar o neerlandês de “maluco” pelo rádio. Mesmo assim, a dinâmica se manteve igual.

O resultado, obviamente, é um Norris que entra em 2025 cercado por dúvidas relacionadas à fome de ser campeão, tão demonstrada por Verstappen a cada corrida, e à capacidade de controlar a parte emocional. O britânico já disse publicamente que “se importa demais” com opiniões alheias. Pois bem, não deve ter gostado do que leu e ouviu em 2024.

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E a falta de atitude não se resumiu a Verstappen, ainda que a ultrapassagem de Oscar Piastri na primeira volta do GP da Itália também tenha grande parcela de culpa da McLaren. O fato é que, ao contrário do neerlandês, Norris parece ter muitas dificuldades de se impor — característica absolutamente necessária em um campeão mundial, o que diz querer ser.

Com o melhor carro do grid nas mãos, Norris tem apenas uma missão em 2025: vencer corridas e se estabelecer como um dos postulantes ao título. Se a taça estará ao alcance, só as etapas da temporada e o nível da McLaren dirão; o que precisa mudar é a atitude e a noção de responsabilidade de quem tem a velocidade necessária para ser campeão.

A imagem acabou um tanto arranhada após as seguidas derrotas para Verstappen em 2024, e a atuação dominante em Abu Dhabi sugeriu que a pressão fora embora após o neerlandês confirmar o tetra. Aprender a conviver com essa pressão, algo que Lando não soube lidar no Brasil, por exemplo, é um passo vital para este ano.

O GP de São Paulo, aliás, é um símbolo dessa dinâmica. Largando na pole, Norris passou boa parte da corrida preocupado com Verstappen, que saíra nas últimas posições. Além de ser pego no contrapé com a estratégia e ver o neerlandês à frente, Lando ainda produziu uma das cenas da temporada ao rodar na relargada — ao mesmo tempo em que Max tomava a liderança para vencer.

Agora que 2024 já acabou, Norris vai recolher os cacos e aprender com tudo que passou no primeiro ano de real destaque na F1. Conhecedor da pressão e de toda a exposição que um carro vencedor oferece, Lando precisa consumar a expectativa gerada na pré-temporada em pista. A amizade com Verstappen parece ser uma prioridade para o inglês, que viu o amigo passar do ponto algumas vezes no ano passado. Chegou a hora de responder.

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