“A chance de entrar na F1 só passa uma vez”: Bortoleto dá pontapé inicial em sonho

"Corrida é a minha vida". É com essa expressão que Gabriel Bortoleto discorre sobre o que espera do primeiro ano na Fórmula 1, que será de muito aprendizado em primeiro lugar. Mas se a oportunidade de buscar algo mais surgir, por que não tentar?

Neste fim de semana, em Melbourne, Gabriel Bortoleto será o responsável por levar o Brasil novamente ao grid de uma corrida de Fórmula 1 em uma temporada completa, e o fato por si só já é suficiente para gerar uma verdadeira comoção no país, carente de um grande herói nas pistas desde Ayrton Senna. É, portanto, um papel que pode ser dos mais ingratos devido à expectativa que vem principalmente daquela parcela ávida por resultados, mas que pouco sabe sobre a dinâmica da principal categoria do automobilismo mundial.

Só que olhar para Bortoleto e ver os títulos na Fórmula 3 e na Fórmula 2 nos anos em que disputou tais campeonatos pela primeira vez — feito alcançado por Charles Leclerc, George Russell e Oscar Piastri — também diz bastante sobre o que esperar do brasileiro. Gabriel não é, pois, um estreante qualquer, mas alguém que realmente pode construir uma carreira sólida na Fórmula 1. E ele sabe disso, por isso tem posto em prática o dever de casa de manter os pés no chão — sem, claro, deixar de sonhar com algo maior aqui e ali, se a chance lhe sorrir.

“Eles me receberam muito bem”, revelou o piloto antes dos testes do Bahrein. “Estavam muito animados com a chegada de um jovem à equipe. Obviamente, todo mundo trabalha na F1, mas quando se é jovem, é óbvio que se quer fazer isso mais, e por isso eles foram muito gentis comigo”, continuou, destacando o orgulho de representar a Sauber, “equipe que teve brasileiros no passado que tiveram futuros brilhantes depois que passaram por lá”.

Bortoleto falou também sobre a decisão de assinar contrato para vestir o verde neon e preto, pois “quando se tem uma oportunidade para entrar na F1, você pega, porque ela passa uma vez só” — e com toda razão, já que a janela de contratações para 2026 parece fechada, mesmo com o Mundial deste ano ainda por começar. São, claro, frases comuns no repertório dos pilotos, mas dá para notar que Gabriel entende bem em qual barco está entrando e está pronto para isso.

LEIA MAIS
GUIA 2025: “A chance de entrar na F1 só passa uma vez”: Bortoleto dá pontapé inicial em sonho
GUIA 2025: McLaren retoma grandeza, mas agora briga por Mundial de Pilotos é obrigação
GUIA 2025: Norris tem McLaren soberana nas mãos para provar que aprendeu com derrota
GUIA 2025: Piastri encara dúvidas e vive ano crucial para deixar de ser coadjuvante

Nico Hülkenberg e Gabriel Bortoleto, a dupla de pilotos da Sauber na F1 2025 (Foto: Sauber)

“Trabalho muito duro para atingir meus objetivos, faço tudo o que quero alcançar. Dou tudo o que tenho. Corrida é minha vida”, enfatizou. “Sinceramente, não penso em mais nada. Tudo em meus dias, com ou sem férias, está sempre envolvido com as corridas e com o meu desenvolvimento, minha pilotagem e meu aperfeiçoamento. Eu me descreveria como um cara muito dedicado, mas estou sempre me esforçando para fazer mais e mais. Acho que sou apenas esse cara, não muito complicado. Sou simples e tento fazer o melhor que posso”, continuou.

“Tivemos uma ótima carreira nas categorias de base, na Fórmula 3 e na Fórmula 2. Acredito que a Fórmula 1 é um pouquinho diferente, tem muitas coisas novas para aprendermos, muitas coisas que não envolvem tantas pessoas na F2 e na F3. Na Fórmula 1, temos mais de mil pessoas para fazer dois carros funcionarem”, enfatizou Bortoleto. É, sem dúvida, um mundo completamente novo, do preparo ao resultado final, tudo muito bem agendado e cronometrado.

O lado bom é que ele mostrou na prática, e da melhor forma possível, com os títulos recentes, que é disciplinado o bastante para aprender rápido e atingir os objetivos traçados. Tanto na F3 quanto na F2, Bortoleto teve muita assertividade no trabalho com as respectivas equipes (Trident e Invicta). Mostrou maturidade ao assumir erros que realmente estavam em sua conta, e isso só engrandeceu as conquistas que vieram a seguir.

Além disso, Bortoleto também mostrou ter leitura de corrida, acertando em estratégias, mas sem deixar de ser (muito) combativo quando necessário. E é exatamente disso que um time como a Sauber precisa para apagar o péssimo 2024, em que conseguiu somar somente 4 pontos, ficando na lanterna da tabela. Nenhum lugar do grid é mais acirrado do que a briga no segundo pelotão, onde a ordem de forças pode variar de corrida para a corrida, dependendo da atualização levada.

“Na F2 e na F3, tentei aprender o máximo que pude sobre o carro e a direção, além de novas técnicas e outras coisas que um dia poderia usar na F1. Mas a meta sempre foi o ano em que eu estava. Quando estava na F3, pensava apenas na F3. Quando estava na F2, estava pensando apenas nisso. Se você tirar o foco do momento em que está, acho que perde um pouco dele. Ao longo desses anos, a preparação foi algo que surgiu naturalmente para mim. Vamos ver agora, durante a temporada, se ela realmente valeu a pena ou não”, salientou.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2

Gabriel Bortoleto vem de dois títulos importantes nas categorias de base (Foto: Sauber)

Bortoleto ainda terá o experiente Nico Hülkenberg ao lado, e, nesse momento, o que vale é a vantagem de poder dividir a garagem com um piloto já cascudo e que foi o grande responsável pelo sucesso da última equipe pela qual passou. Claro que é de se esperar que o alemão mantenha o ritmo forte (se o carro ajudar) e supere Gabriel no confronto direto, mas o brasileiro provou que ser novato definitivamente não é um problema!

“Nico é um piloto muito bom. Está na F1 há muitos anos, então tem muita experiência. Obviamente, gostaria de aprender com ele. Ele tem muito conhecimento sobre o carro, como pilotá-lo e como melhorá-lo durante a temporada. Seria interessante aprender com ele”, afirmou.

Dá para esperar, portanto, um duelo interessante que pode deixar a Audi mais animada para colocar logo em prática o projeto que tem como 2030 o alvo para a luta por vitórias. O interessante, todavia, é que estamos falando de mais quatro anos pela frente, e Nico já está com 37. Não que a idade represente algo nessa F1 de Alonsos e Hamiltons, mas não tem como desconsiderar que Bortoleto avança algumas boas casas se ao menos acompanhar o ritmo do companheiro de equipe.

“Estou muito orgulhoso de poder representar a Sauber”, destacou. “Mas quando chegou o projeto Audi, não era somente sobre entrar em uma equipe que está te dando a chance, mas uma que tem expectativas de crescimento para o futuro, que quer te ajudar a se desenvolver como piloto e, obviamente, que é uma marca que ganhou tudo o que fez nas outras categorias”, seguiu.

“Claro que é um trabalho a longo prazo, não é algo que acontece rapidamente, mas tenho orgulho de fazer parte disso desde o começo, porque demonstra que, no futuro, se a equipe tiver os resultados que a gente espera, vou poder ter feito parte disso, estarei fazendo parte disso, representando muito bem a marca e o meu país. Quem sabe um dia lutar por coisas grandes na F1, vitórias e títulos”, ressaltou.

LEIA MAIS
GUIA 2025: Alpine tenta organizar bagunça e aposta em Gasly para liderar projeto na F1
GUIA 2025: Alpine flerta com Colapinto e já frita Doohan antes mesmo da abertura
GUIA 2025: Williams aposta em Sainz e Albon para ganhar terreno na ‘F1 B’
GUIA 2025:  Sainz tem de esquecer Ferrari e mergulhar em nova realidade na Williams

Gabriel Bortoleto levou o C45 à pista na sessão da tarde no Bahrein (Vídeo: Reprodução/F1)

É certo que Bortoleto jamais deixará o fator ‘bandeira verde e amarela’ de lado. Nenhum piloto deixa a sua, muito pelo contrário, ou hinos não seriam tocados aos vencedores na cerimônia de pódio. Mas é preciso apenas ter cuidado para não cair na ilusão de metas irrealistas. É sempre um passo de cada vez, e se vier um ponto, tem de ser muito celebrado. Um pódio, algo quase impossível de acontecer sem que haja um salseiro em uma corrida, mais ainda. Vitória, então, nem se fala.

“O Brasil sempre foi um país que gostou muito de automobilismo, tivemos grandes pilotos, na minha opinião o maior de todos os tempos foi brasileiro, então não ter um piloto na F1 brasileiro é algo que não é nem possível. É um país que sempre foi tão apaixonado, a gente vê que mesmo sem um piloto brasileiro nos últimos anos, a gente sempre pilotou em Interlagos com muita torcida, e agora, poder representar o meu país na F1 é uma grande responsabilidade, mas tenho muito orgulho e vou dar 100% de mim, porque é o mínimo que posso fazer, dar tudo o que eu tenho, me dedicar ao máximo, aprender e levantar nossa bandeira lá em cima”, declarou.

É isso que todos desejam, mas é preciso sempre ter em mente que o caminho rumo ao topo na F1 é muito, muito árduo, até mesmo para aqueles que começaram em equipes com carros melhores.

Fórmula 1 abre a temporada 2025 entre os dias 13 e 16 de março, no GP da Austrália, em Melbourne. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades AO VIVO E EM TEMPO REAL. O TL1 está marcado para a noite ainda da quinta-feira (13), a partir das 22h30. O TL2 começa já depois da 0h e, portanto, na madrugada da sexta-feira (14), às 2h. Depois, a situação se repete com o TL3 realizado às 22h30 da sexta-feira, enquanto a classificação define o grid de largada começando às 2h do sábado (15). Por fim, a largada está marcada para a 1h do domingo (16). Tanto classificação quanto corrida terão transmissão do GP em SEGUNDA TELA no YouTube, em parceria com a Voz do Esporte. O Briefing chega para comentar na GPTV após o fim de cada dia de atividades.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.