Fabio Quartararo 2021 X Fabio Quartararo 2022

FABIO QUARTARARO NÃO TEM VIDA FÁCIL NA DEFESA DO TÍTULO DA MOTOGP. Campeão vigente da classe rainha do Mundial de Motovelocidade, o francês de 23 anos passou o ano todo penando com uma Yamaha que tem um motor deficitário e, para piorar, tendo como adversário na maior parte do tempo um Francesco Bagnaia que está sentado na melhor moto do grid: a Ducati.

Às vésperas do GP da Austrália, a antepenúltima prova do ano, o GRANDE PREMIUM coloca Lado a Lado as temporadas 2021 e 2022 do ‘El Diablo’, e tenta entender o que deu certo e o que deu errado para o francês da Yamaha.

LADO A LADO
# Francesco Bagnaia em 2021 x Francesco Bagnaia 2022

Antes de efetivamente olhar para os números de Fabio, é preciso pontuar que 2022 é a primeira temporada com algum senso de normalidade desde o início da pandemia de Covid-19. O calendário da MotoGP conta com 20 etapas — graças ao cancelamento do GP da Finlândia —, mas sem o foco na Europa e a repetição de pistas vista nos últimos dois anos. Algo que, aliás, faz muita diferença no desenrolar do campeonato.

Além disso, existe uma diferença na extensão do calendário, o que vai afetar o comparativo feito aqui. A temporada 2021 contou com 18 GPs, enquanto a 2022 será encerrada com 20. Por isso, esse Lado a Lado vai considerar os números de Fabio até a 15ª corrida do ano passado, o GP das Américas, justamente quando faltavam apenas três provas para o encerramento da disputa. Os números deste ano, por outro lado, consideram as 17 provas feitas até aqui, também faltando três etapas para o desfecho da MotoGP.

O primeiro quesito de comparação é a pontuação. Ano passado, Quartararo somou 250 pontos nas primeiras 15 corridas, que representavam quase 85% da temporada. Neste ano, o francês somou apenas 219. Uma diferença, portanto, de 31 pontos. Em média, Fabio somou 18,14 pontos por corrida no ano passado. Mas, em 2022, essa marca baixou para 12,88 pontos por GP.

No que diz respeito a poles, foram cinco em 2021, uma média de uma a cada três corridas, contra apenas uma neste ano. Na temporada passada, o francês saiu na primeira fila em 14 oportunidades, mais de 93% das corridas, mas, em 2022, o top-3 do grid foi realidade em só cinco GPs, o que representa apenas 29,4% das corridas.

Em termos de vitórias, também há uma diferença importante. Em 2021, Quartararo venceu os GPs de Doha, Portugal, Itália, Holanda e Grã-Bretanha, uma média de uma vitória a cada 3,4 corridas e um aproveitamento de 33,33%. Já em 2022, as vitórias vieram em Portugal, Catalunha e Alemanha, o que resulta em uma média de um triunfo a cada 5,6 corridas e um aproveitamento de 17,64%.

No que diz respeito aos pódios, a dupla de Franco Morbidelli também frequentou menos o top-3 nesta temporada. Em 2021, o #20 conseguiu dez pódios — cinco vitórias, dois segundos lugares e três terceiros —, uma média de um pódio a cada 1,5 corrida e um aproveitamento de 66,66%. Em 2022, foram sete visitas ao top-3 — três vitórias e quatro segundos lugares —, o que resulta em uma média de um pódio a cada 2,4 corridas e um aproveitamento de 41,17%.

Outro fator que faz a diferença reside nos abandonos. Quartararo não deixou de completar nenhuma corrida no ano passado, mas não viu a bandeirada neste ano nos GPs da Holanda — por causa de um incidente com Aleix Espargaró no início da corrida que acabou por danificar a YZR-M1 e causar uma queda mais adiante — e de Aragão — por conta de um incidente com Marc Márquez. Além disso, o jovem natural de Nice, no litoral sul da França, também deixou de pontuar no GP da Tailândia, o que não aconteceu em nenhuma corrida de 2021.

Além da deficiência do motor da Yamaha, a força das Ducati e a competitividade dos pilotos da marca é um importante ponto de desequilíbrio. Também, a Aprilia ganhou desempenho neste ano e passou a ser protagonista, se tornando mais uma desafiante.

Quartararo construiu uma boa gordura no campeonato na primeira metade de 2022, aproveitando, especialmente, a demora da Ducati para se entender com a GP22 e os erros de Bagnaia, mas a segunda metade do campeonato foi especialmente custosa, principalmente pelo crescimento da casa de Borgo Panigale e do próprio Pecco, que voltou muito mais competitivo das férias.

Restando apenas os GPs de Austrália, Malásia e Comunidade Valenciana, parece improvável que Quartararo consiga se manter à frente da classificação e assegurar o bicampeonato da MotoGP. Talento para isso, ele tem de sobra. Mas a YZR-M1 não está em condições de acompanhar.

A MotoGP volta às pistas no próximo dia 13, para o primeiro dia de treinos livres para o GP da Austrália, em Phillip Island. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.

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