Ducati se agiganta em território Yamaha e põe Quartararo em maus lençóis em Misano

Em uma pista onde o histórico joga a favor da YZR-M1, o líder do Mundial de Pilotos não escondeu a decepção por ser 'jantado' por um enorme pelotão de Ducati, que só não dominou as seis primeiras posições do grid de Misano por causa da intromissão de Maverick Viñales, que usou a Aprilia para furar a fila de Desmosedicis

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A Ducati pintou Misano de vermelho. Mesmo jogando em um território conhecido por ser casa da Yamaha, a marca de Borgo Panigale chegou perto de dominar as duas primeiras filas do grid e só não enfileirou seis motos na grelha de partida porque Maverick Viñales se intrometeu na ‘brincadeira’ neste sábado (3).

Em uma tarde onde a chuva se fez mais ou menos presente, aparecendo só para tumultuar, Jack Miller botou fim a um jejum que vinha desde o GP da Argentina de 2018 e conquistou a pole-position do GP de San Marino e da Riviera de Rimini ao cravar 1min31s899, só 0s015 melhor do que Francesco Bagnaia, o segundo colocado. Enea Bastianini ficou com o terceiro posto, com Marco Bezzecchi lacrando o top-4 das máquinas de Bolonha.

📺 Onde assistir ao vivo o GP de San Marino e da Riviera de Rimini de MotoGP

Jack Miller cravou a pole em Misano (Foto: Divulgação/MotoGP)

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Com 1min32s118 já no instante final da sessão, Maverick Viñales furou o bloqueio das motos de Gigi Dall’Igna e colocou a Aprilia na quinta posição, diante de Johann Zarco e Luca Marini.

Historicamente, a pista de San Marino é um território da Yamaha. A casa de Iwata venceu oito das 17 corridas realizadas no traçado, mas, desta vez, a fábrica japonesa está em maus lençóis: Fabio Quartararo se classificou apenas em oitavo, 0s347 mais lento do que o ponteiro.

A diferença é mínima, é verdade, mas o problema é outro. Escalar o pelotão com uma moto que pena para fazer ultrapassagens tendo de encarar seis Desmosedici será uma verdadeira epopeia.

“Esse é o problema, onde eu posso ultrapassar?”, indagou. “Essa é uma pista em que há muita aceleração e freada. Se eu me aproximo, não posso fazer nenhuma ultrapassagem, não posso tentar, como na Áustria, mas o risco que eu assumo é muito maior. Vou ter de fazer uma grande largada, uma grande primeira volta e arriscar muito nas quatro primeiras curvas”, indicou.

‘El Diablo’ destacou que as classificações têm sido um problema para a Yamaha e destacou que é preciso encontrar uma solução.

“Estou começando a me divertir muito menos nas sessões de classificação”, comentou Fabio. “Foi o máximo que eu podia fazer, mas estou muito decepcionado”, seguiu.

Fabio Quartararo teve a vida bastante dificultada em Misano (Foto: Divulgação/MotoGP)

“Nestas condições, em algumas curvas, não podia subir na zebra, como na curva 6. Por isso, não podia carregar velocidade, como temos de fazer com a Yamaha, e não tínhamos nenhuma aceleração. Então, basicamente, as curvas 6 e 7 não foram muito boas, e na curva 15 eu tive de usar menos velocidade, porque realmente não podia aproveitar as zebras”, indicou. “Assim, estou decepcionado, mas sempre é o mesmo problema. Começo a me divertir muito menos do que antes, temos de encontrar uma solução para classificar mais rápido”, defendeu.

Além disso, Fabio lamentou que não conseguiu tirar proveito da punição de Bagnaia, que perdeu três posições no grid por ter atrapalhado Álex Márquez ainda no primeiro dia de treinos, mas, mesmo assim, vai largar na frente.

“No final, ele fez uma classificação incrível. É decepcionante, que estejamos sempre lutando com os mesmos”, lamentou. “Eles são rápidos. Acho que a moto deles é a referência agora. Mas, claro, é difícil, porque eu dou 100% de mim, fiz o melhor que pude, mas só consegui ser oitavo”, seguiu.

“São só 0s3, mas é a oitava colocação. Então é realmente decepcionante, mas, em condições normais, sei que meu ritmo é bom”, concluiu.

Diferente de Quartararo, Miller está mais do que satisfeito. O australiano vive uma fase excelente, possivelmente a melhor dele na MotoGP, e também vê a moto é um nível muito bom. A grande preocupação é com o clima, mas, mesmo assim, Jack acredita que tem a oportunidade de se sair bem, ainda que tenha de fazer outra tentativa em cima de Bagnaia.

“Vamos encarar a corrida do jeito que for. O clima é uma grande dúvida e a previsão não é brilhante”, apontou. “Mas me sinto bem e estamos ficando mais e mais fortes a cada semana e no último fim de semana [na Áustria] foi realmente a primeira vez que eu pude dar uma investida nele, mas ele logo me colocou para dormir”, brincou.

Francesco Bagnaia cumpriu a meta e fez tempo de primeira fila para sair na segunda depois da punição (Foto: Divulgação/MotoGP)

“Vamos tentar de novo essa semana. Temos muitos caras realmente rápidos, mas a classificação também colocou alguns desses caras mais atrás no grid do que eles gostariam de estar”, comentou. “Acho que temos uma boa chance. Não vamos olhar muito para isso e encarar conforme acontecer. Estou em boa forma no momento e a moto está funcionando extremamente bem”, elogiou.

Vindo de três vitórias seguidas, Bagnaia tenta ganhar terreno na classificação do campeonato, onde tem 44 pontos a menos do que o líder Quartararo, mas tinha um desafio extra neste sábado, já que a primeira fila era especialmente importante por causa da punição que recebeu do Painel de Comissários da FIM (Federação Internacional de Motociclismo) por ter atrapalhado Álex Márquez durante os treinos de sexta-feira.

“Não foi uma classificação fácil: estava chovendo no início, e eu saí com pneus de chuva, mas o asfalto não estava molhado o bastante, então voltei para trocar a moto. Saí com os slicks, mas começou a chover mais forte”, relatou. “Tentei ficar calmo e colocar o pneu na temperatura, aí forçar forte na última volta e conquistar a primeira fila”, continuou.

“Fomos bem sucedidos e estou muito feliz por isso, pois era a nossa meta hoje, já que amanhã seremos forçados a começar três posições atrás por causa de uma punição”, lembrou. “A segunda fila não é um grande problema, mas ainda assim será crucial fazer uma boa largada”, completou.

Vice-líder do Mundial, Aleix Espargaró seguiu Quartararo na decepção com o sábado. O catalão cravou 1min32s577 e vai sair apenas em nono, logo atrás do francês.

“Meu pessoal me disse: ‘Fabio está na sua frente’. Mas eu não ligo. Esse é um GP muito especial. Quer terminar no pódio, pois é a corrida de casa da Aprilia”, observou.

O pai dos gêmeos Max e Mia avaliou evitou riscos no asfalto úmido, uma reação natural para evitar erros como o que cometeu no GP da Grã-Bretanha, quando sofreu um forte high-side.

Aleix Espargaró também saiu descontente da classificação (Foto: Divulgação/MotoGP)

“Quando saí do pit-lane, senti um misto de raiva e decepção, pois pilotar nessas condições é muito complicado e muito perigoso”, frisou. “Toquei a linha branca na primeira volta e quase voei. Então tentei focar e não cometer erros, ser o mais rápido possível, mas sem risco. E, talvez, eu devesse arriscar um pouco mais, pois o nono lugar não é bom”, admitiu.

“Não queria cometer um erro bobo, com cometi em Silverstone, pois ainda faltam muitos pontos, muitas corridas, muitos dias pela frente. É só a classificação”, considerou. “Mas, obviamente, se chover amanhã, terei de arriscar um pouco mais, pois é quando pontuamos, não hoje”, sublinhou.

Longe do pódio nos últimos cinco GPs, o mais velho dos irmãos Espargaró considera que o top-3 em Misano é vital para manter vivas as chances de título.

“Sei que, se quero brigar pelo campeonato, preciso terminar no pódio. Então é isso que estou mirando”, garantiu. “Não acho que será uma corrida estratégica. Dá para acelerar no máximo da primeira a última volta e isso é algo que não acontece há algum tempo. Não sei se as Ducati vão escolher o pneu traseiro macio, mas com o médio, eu comecei essa manhã com 19 voltas e, na 27, fiz 32s5. O desgaste é muito baixo. O pneu não baixa. Então estou muito feliz com isso”, completou.

A expectativa da Michelin, fornecedora única dos pneus da categoria, é que a maioria dos pilotos opte por dianteiro duro e traseiro médio em caso de pista seca.

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