GUIA 2021: Ducati faz mudanças arriscadas para deixar decepções de 2020 no passado
Os dias de Andrea Dovizioso na Ducati chegaram ao fim. É a grande mudança em uma equipe que agora posta em dois jovens, Jack Miller e Francesco Bagnaia, para ter uma temporada 2021 no mínimo menos decepcionante que a de 2020
2020 TINHA TUDO PARA SER UM GRANDE ANO PARA A DUCATI. A equipe manteve a estrutura de anos anteriores e viu Marc Márquez, grande rival de anos passados, fora da temporada com o braço direito lesionado. Ainda assim, deu tudo errado: a equipe perdeu rendimento, ficou para trás da Suzuki e seguiu sem título na MotoGP. Foi o ponto de partida para um 2021 que aparenta ser um grande ‘reset’ na montadora italiana.
A história da Ducati em 2021 precisa ser contada desde o começo, o que nos leva de volta para 2020. A equipe italiana vinha em mais um ano com Andrea Dovizioso, consolidado como grande esperança de título, e Danilo Petrucci, um segundo piloto dos mais dignos. Só que a temporada foi decepcionante, com a Suzuki se provando uma adversária forte demais e a chance de aproveitar o ano de ausência de Marc Márquez indo pelo ralo.
Por trás disso, uma relação cada vez mais azeda entre Dovizioso e Ducati, com a equipe não estava muito interessada em oferecer um novo contrato ao piloto. Aí, no melhor estilo Paul McCartney dissolvendo os Beatles só para tirar de John Lennon a honra de fazer isso primeiro, Andrea avisou que estava de saída ao fim de 2020. Petrucci também rodou e, aos trancos e barrancos, a escuderia ganhou uma oportunidade de ouro de repensar seu futuro.
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É justo dizer que a oportunidade foi bem aproveitada. Dois pilotos com potencial de crescimento e anos de carreira pela frente foram contratados: Jack Miller e Francesco Bagnaia, que já formaram dupla na Pramac em 2020.
Miller chega após sete anos na MotoGP, sendo os três últimos na Pramac, equipe satélite da Ducati. O ponto alto da carreira foi a vitória em 2016 pela Marc VDS, satélite da Honda, mas o que realmente importa aqui é o acúmulo de nove pódios pela Pramac, deixando claro que o australiano pode ir longe com equipamento de ponta. Aos 25 anos, o piloto já é maduro o suficiente para ser menos errático, mas ainda com muitos anos pela frente. A dúvida, entretanto, é se o reforço tem condições de comandar o desenvolvimento da moto, algo inédito em sua carreira até aqui.
Bagnaia é outro piloto em uma crescente na carreira, com 24 anos recém-completos e um título da Moto2 como destaque no currículo. Depois da conquista em 2018, a subida para a MotoGP rendeu dois anos honestos, mas ainda muito erráticos. O piloto não viu a bandeira quadriculada em 14 dos 33 GPs que disputou, um número assustadoramente alto. É a cara de um piloto que flertou com vitórias em 2020, mas nunca conseguiu transformar a velocidade em resultados consistentes.
A grande questão é se a Ducati terá paciência. A equipe já teve condições de ser campeã, principalmente em 2017 e 2018, mas esbarrou no talento simplesmente superior de Marc Márquez na comparação com Dovizioso. Um clima produtivo logo azedou, forçando um reset para 2021. Mas e se Miller não for um líder tão bom assim? E se Bagnaia seguir inconsistente? E se a temporada atual for pior que a passada? Não dá para ficar trocando de pilotos a bel-prazer. Que os italianos tenham a paciência necessária para que a nova fase do projeto tenha chances de sucesso.
Outro componente importante para ter um 2021 de sucesso é a moto em si. A expectativa, até pelo que se viu na pré-temporada, é de que a Desmosedici GP21 ainda seja competitiva a ponto de brigar por vitórias. O problema é que 2020 foi um ano decepcionante, com a montadora ficando para trás no desenvolvimento. É aí que entram Miller e Bagnaia, com a missão de entender pontos fracos e ajudar na busca por soluções. O que joga a favor é que os dois, por já terem usado equipamento Ducati nos dias de Pramac, terão dificuldades menores na adaptação.
Já estamos contando os dias para o começo da temporada 2021 da MotoGP. Muitos com saudades, muitos com ansiedade. A Ducati tem motivos de sobra para estar no segundo grupo: as mudanças ousadas serão postas à prova, e o primeiro desafio é o GP do Catar deste domingo.
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