Potência x aderência: Quartararo e Dovizioso divergem sobre necessidades da Yamaha

Enquanto o piloto de 23 anos defende que precisa de uma moto mais veloz, o veterano pede que a casa de Iwata foque em aderência para melhorar a performance da YZR-M1 na MotoGP

Queda de Marc Márquez durante o TL3 em Portugal (Vídeo: MotoGP)

A Yamaha não tem um caminho claro para dar sequência ao desenvolvimento da YZR-M1. Enquanto Fabio Quartararo acredita que a potência é a grande necessidade do protótipo dos diapasões, Andrea Dovizioso defende que a moto japonesa precisa mesmo é melhorar a aderência na traseira para ser mais competitiva.

Campeão vigente da classe rainha do Mundial de Motovelocidade, ‘El Diablo’ não esconde a insatisfação com o motor da M1 e tem pressionado a Yamaha por mudanças, inclusive sinalizando com a possibilidade de deixar a equipe, já que o contrato com a estrutura comandada por Lin Jarvis chega ao fim em 2022.

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Fabio Quartararo tem opinião diferente da de Andrea Dovizioso sobre as necessidades da Yamaha (Foto: Yamaha)

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E Fabio não está errado. Falta potência à M1. Especialmente na comparação com as motos de Ducati e Honda. Mas a Yamaha usa um motor de quatro cilindros em linha, caracterizado por privilegiar a performance em curva, enquanto os V4 favorecem o desempenho nas retas.

O que atesta contra a causa da Yamaha é justamente a melhora de motor apresentada pela Suzuki neste ano. A casa de Hamamatsu segue a mesma filosofia com o propulsor da GSX-RR, mas conseguiu colocar mais potência nas motos de Joan Mir e Álex Rins em 2022.

Dovizioso, porém, acredita que a solução não está no motor, lacrado no início do campeonato. Piloto mais experiente do grid, o italiano de Forli defende que a Yamaha precisa mesmo é melhorar a aderência na traseira na M1, um problema que já apontado anteriormente por pilotos como Valentino Rossi e Maverick Viñales , por exemplo.

“Eu não concordo”, disse Quartararo. “Se você perguntar para todos os pilotos, eles vão dizer que precisam ser mais rápidos, vão dizer aderência, mas a maneira de guiar a Yamaha ― e eu tenho muita experiência com isso ― é que para ser rápido, você precisa de potência, não aderência”, seguiu.

“É claramente potência e se você me perguntar 20 vezes, vou sempre responder a mesma coisa”, garantiu. “Em Austin, claramente perdemos meio segundo entre as duas retas. Se você tirar esse meio segundo do nosso tempo de volta, lutamos pela vitória. Foi a mesma coisa na Argentina”, ponderou.

Fabio avaliou que a maneira de guiar a Yamaha exige uma moto mais potente e, por isso, pressionou mais uma vez por mudanças no motor.

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Andrea Dovizioso apontou inexperiência de Fabio Quartararo com outras motos (Foto: RNF)

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“Eles precisam ser mais agressivos, precisam fazer uma mudança maior, mas não é uma questão de aderência na traseira, é uma questão de potência”, defendeu. “No ano passado, aprendi muito sobre a moto, e a aderência da traseira não era um problema. Nos falta muita aderência no molhado, isso é verdade, mas, no seco, não é tão ruim. E, se você checar nosso estilo de pilotagem, é muito mais um estilo da Moto3. Muito mais arredondado. Quando você vê as outras motos, eles estão muito mais em um V [trajetória de um V] nas curvas, e essa é a maior diferença entre a nossa e as outras motos”, indicou.

Embora o déficit de potência seja uma queixa constante dos pilotos em relação à YZR-M1, a casa de Iwata tem feito apenas mudanças discretas no motor, já que teme perder os pontos fortes da moto: a velocidade de curva e boa dirigibilidade.

Na visão de Dovizioso, porém, é normal que Quartararo resuma os problemas a potência já que, além de nunca ter guiado um protótipo de outra marca, ele é também o único que consegue fazer a Yamaha funcionar atualmente. Andrea, por sua vez, já tem experiência com motos de Honda e Ducati e teve grande contribuição no crescimento da Desmosedici de 2013 para cá.

“É normal. Fabio é o único piloto que consegue ser rápido com a Yamaha sem aderência na traseira. Isso, na minha opinião, é por causa do estilo de pilotagem dele, pois ele nunca testou outra moto e se acostumou a usar o potencial desta moto”, avaliou o veterano. “A moto tem um grande potencial para a entrada, para fazer curva e no meio dela, pois a dianteira é muito boa. Se der a ele um pouco mais de potência, ele pode ser um pouco mais rápido na reta. Concordo com ele, mas a maneira dele pilotar é única, por isso que estou pressionando bastante por aderência”, justificou.

“90% dos pilotos precisam de mais aderência ― e isso é estranho na moto. O perdemos de grip é enorme, e posso dizer isso, pois venho de outra moto. Fabio não está dizendo a coisa errada, ele só não sabe da aderência [que as outras têm]. No lugar dele, eu também gostaria de um pouco mais de potência, pois poderia ser um pouco mais rápido”, concordou.

A classificação da MotoGP para o GP de Portugal, em Portimão, acontece no sábado, às 10h10 (de Brasília). O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades da quinta etapa do Mundial de Motovelocidade 2022.

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