Retrospectiva 2022: Haas deixa lanterna da F1 e vive momento histórico em Interlagos
A Haas viveu uma verdadeira montanha-russa de emoções na Fórmula 1 em 2022: crise política, troca de piloto em cima da hora, acidentes fortes e até a primeira pole-position da história da equipe.
Depois de abdicar completamente da temporada de 2021 da Fórmula 1 e de parte de 2020, a Haas precisava entregar resultados em 2022. Após passar o ano passado inteiro focando no novo regulamento e o na construção do VF-22, a equipe americana teve seu melhor ano na categoria desde 2018, terminando o Mundial de Construtores na oitava colocação. Além disso, a Haas ainda proporcionou um dos momentos mais marcantes da temporada, com a pole-position de Kevin Magnussen no GP de São Paulo.
Um fato que se contado no início de 2022 não faria sentido algum. Isso porque a Haas havia mantido a dupla de pilotos do ano passado, com os jovens Mick Schumacher e Nikita Mazepin. O patrocínio da Uralkali, empresa do pai de Mazepin, era inclusive essencial para a sustentabilidade financeira da equipe. Até que a Rússia decidiu invadir a Ucrânia, um movimento que abalou geopoliticamente o mundo e que inevitavelmente teve seu impacto no mundo do esporte.
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Esportistas russos passaram a sofrer sanções em diversas modalidades e quem podia se desatrelar da imagem do país assim o fez. Foi o caso da Haas, que apareceu já para o último dia de pré-temporada da Fórmula 1 em Barcelona sem as cores da bandeira russa e com um carro praticamente em branco.
No dia 5 de março, a equipe americana cortou o patrocínio com a Uralkali e anunciou a saída de Nikita Mazepin da equipe. Com o iminente início da temporada, era preciso tomar uma decisão rápida. E assim Guenther Steiner voltou sua atenção para trazer um piloto já conhecido e experiente e evitar novas aventuras. Depois de um ano se aventurando no automobilismo americano, Kevin Magnussen estava de volta à Fórmula 1.
E o dinamarquês fez questão de mostrar que ainda merecia estar na categoria. Sem praticamente nenhum tempo de preparação e adaptação com o carro de 2022, Magnussen colocou o carro da Haas na sétima posição na classificação do GP do Bahrein, largando ao lado da Mercedes do heptacampeão Lewis Hamilton.
A escolha de abdicar da temporada 2021 parecia ter sido a correta e foi confirmada no domingo em Sakhir. Magnussen aproveitou as quebras de ambas as Red Bulls de Max Verstappen e Sergio Pérez para terminar em uma histórica quinta colocação. Um “retorno viking” de Kevin comemorado com muitos palavrões pela equipe no rádio, que viu os dias de luta de um ano inteiro entregarem resultados.
“Um dia muito bom para nós, é bom estar de volta por todo o time”, declarou Steiner, após a etapa no deserto bareinita. “Eles (funcionários) fizeram um trabalho fantástico, não só no Bahrein como nos últimos dois anos. Todos mantiveram a cabeça erguida e ficaram prontos para o momento em que tivéssemos um bom carro. Quando esse momento chegou, todos fizeram sua parte e estou muito orgulhoso deles. Eles podem estar orgulhosos de si mesmos”, finalizou o chefe da Haas.
Magnussen manteve o bom momento, pontuando também na Arábia Saudita e em Ímola. Enquanto isso, Mick Schumacher parecia perdido, vivendo nas sombras dos êxitos de seu companheiro de equipe. Enquanto o dinamarquês acumulou 15 pontos nas primeiras sete provas, o alemão saiu zerado.
Se o saldo de pontos foi ruim, o financeiro foi ainda pior. Schumacher teve dois graves acidentes, o primeiro na classificação em Jedá, que o tirou da corrida por faltas de peças de reposição e gerou um prejuízo de R$ 4,7 milhões, e o segundo na corrida em Mônaco. Duas batidas extremamente custosas para uma equipe que está bem longe de nadar em dinheiro.
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Mas Mick foi aos poucos se acostumando com o carro e a de fato disputar posições com outros pilotos, algo que não aconteceu durante todo o ano de 2021. Por mais que o desempenho nas classificações não fosse dos melhores, o alemão terminou 13 das 22 corridas na frente de Magnussen.
O problema é que, conforme a temporada de 2022 se desenrolou, as equipes rivais passaram a evoluir seus carros em uma taxa superior à da Haas e Schumacher acabou pontuando em apenas duas corridas, no GP da Inglaterra, terminando na oitava posição, e no GP da Áustria, com um ótimo sexto lugar em uma prova que foi coroado piloto do dia.
Com a evolução da Aston Martin, a briga da Haas na segunda metade da temporada acabou sendo com a AlphaTauri pela oitava posição. O time americano só voltou a pontuar após a corrida em Spielberg no GP dos Estados Unidos, com um nono lugar de Magnussen. Mas o momento mais marcante da equipe ainda estava por vir.
O circuito de Interlagos tem uma capacidade única de proporcionar momentos históricos e, em 2022, foi a vez de Kevin e a Haas criarem uma memória inesquecível. A classificação para o GP de São Paulo começou já no fim da tarde, com chuva leve caindo no circuito. Todos os pilotos saíram no Q1 com pneus intermediários, mas logo já haviam mudado para os macios. Magnussen soube se virar nas condições, passou para o Q2, e avançou novamente para o Q3.
O tempo voltou a fechar em Interlagos antes da última parte da classificação. Sem querer, o ano jogado fora de 2021 trouxe uma última vantagem para a Haas em 2022. Dona do último box do grid, a equipe conseguiu colocar Kevin na frente da fila para abrir volta no Q3. Com a chuva caindo, o dinamarquês anotou o tempo de 1min11s674 para superar Verstappen e marcar a primeira pole-position da carreira e a primeira pole da história da Haas.
“É o tipo de coisa que você fica assustado de sonhar sobre. Toda a equipe tem tentado muito por sete anos e as circunstâncias nos deixaram conseguir hoje”, disse Steiner logo após a classificação. “Não foi sorte, foi algo muito merecido para um piloto e para o time que estavam com os pneus certos, no momento exato. Kevin fez a volta que precisava e quando precisava. Foi o primeiro a sair. Até podem dizer que foi uma vantagem, mas ele também tinha a desvantagem de não ter ninguém para acompanhar”, elogiou o chefe da Haas.
Kevin claramente não tinha o ritmo de corrida para acompanhar os rivais, mas ainda conseguiu salvar um ponto na corrida sprint antes de ser acertado por Daniel Ricciardo e ter que abandonar o GP de São Paulo no domingo. Com a AlphaTauri saindo zerada das três últimas provas, a Haas garantiu o oitavo lugar por apenas dois pontos de diferença.
O trabalho da Haas feito no carro de 2022 nos últimos anos trouxe resultados, mas a equipe sabe que precisa ter um desenvolvimento melhor durante a temporada para brigar por coisas maiores. Justamente por isso veio a decisão de não renovar com Schumacher e trazer Nico Hülkenberg de volta para a Fórmula 1 aos 35 anos, alguém que Steiner acredita ser capaz de guiar a equipe para novos momentos memoráveis.
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