Coadjuvantes tomam protagonismo em dia 1 nivelado da MotoGP na Austrália

O primeiro dia de testes da MotoGP em Phillip Island viu no top-3 dois pilotos satélites da Ducati e um demissionário da Honda. Enquanto isso, o líder do campeonato ficou em quarto, quatro posições à frente do vice-líder de 2022. 18 pilotos, contudo, ficaram separados por 0s731

A mudança de cenário não altera o que já virou uma tradição: a Ducati reinou no primeiro dia de treinos para o GP da Austrália de MotoGP. A grande diferença em Phillip Island, contudo, foi quem fez a fábrica italiana reluzir. Enquanto Francesco Bagnaia e Jack Miller ficaram em posições mais discretas, foram Johann Zarco e Marco Bezzecchi que marcaram a diferença a bordo da Desmosedici nesta sexta-feira (14).

O veterano da Pramac foi, sem dúvidas, o melhor do dia. Afinal, Johann liderou os dois treinos na pista de Victoria. Pela manhã, o #5 bateu Miller no final da sessão para assegurar o topo da tabela por 0s091. Pela tarde, a vítima foi Bezzecchi, que perdeu a liderança por só 0s038 já no finalzinho do treino 2.

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LADO A LADO
# Fabio Quartararo 2021 x Fabio Quartararo 2022
# Francesco Bagnaia 2021 x Francesco Bagnaia 2022

Johann Zarco comandou o primeiro dia de trabalhos em Phillip Island (Foto: Gold & Goose/ Red Bull Content Pool)

“Muitos pilotos esqueceram o quanto esse circuito é rápido”, comentou Zarco. “Foi um choque”, indicou.

“Eu estava feliz de terminar bem [o TL1], mas, claramente, não dei muitas voltas, só algumas voltas rápidas”, falou Johann. “Foi bom para me orientar e encontrar confiança na pista”, defendeu.

“De tarde, trabalhamos bem com a equipe. Eu estava bastante contente, porque avançamos, no sentido de que pude fazer mais voltas e pensar um pouco em ritmo de corrida. Foi positivo e se confirmou no tempo de ataque com o pneu macio na traseira, que foi ainda mais positivo. Foi um bom primeiro dia”, resumiu.

No primeiro dia em Phillip Island, Johann conseguiu ganhar tempo nas curvas, já que com velocidade máxima de 340,7 km/h — Francesco Bagnaia e Enea Bastianini alcançaram 348,4 m/h —, penou mais nas retas.

“Ser rápido neste circuito dá uma grande sensação, mas se é o contrário, é um pesadelo”, destacou. “O vento foi brutal e, de manhã, as poças evidentemente afetaram. Você passa a encarar uma curva a 170 km/h ao invés de 200. Isso é uma grande diferente”, pontuou.

Diferente de Zarco, que já conta com certa bagagem de MotoGP, Bezzecchi faz a primeira visita a Phillip Island com os protótipos de 1.000cc, mas não teve grandes dificuldades para se habituar.

Marco Bezzecchi destacou o dia positivo em Phillip Island (Foto: VR46)

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“Foi um dia lindo e uma ótima pista”, comentou Bezzecchi. “Demos um excelente passou à frente entre as sessões: Matteo [Flamigni] e Sergio [Martínez] e todos os técnicos da Ducati fizeram um grande trabalho e eu pude realmente pilotar como gostaria com TL2”, elogiou.

“Sou suave e posso lidar com os movimentos e vibrações da moto bem. Ainda nos falta alguma coisa, podemos melhorar o consumo do pneu, algo que é crucial no long-run, e também o vento”, listou. “A freada da primeira curva é realmente difícil, assim como a reta e o setor 3, mas podemos trabalhar nisso”, garantiu.

Outra surpresa da sexta-feira foi ver Pol Espargaró no comando da Honda. Meio escanteado nos boxes da marca da asa dourada — já que vai partir para a GasGas na próxima temporada —, o catalão está apenas contando os dias para encerrar o trabalho a bordo da RC213V, mas, na Austrália, conseguiu se mostrar competitivo e foi só 0s052 mais lento que Johann.

“Estou surpreso. Me encanta pilotar aqui. Esta manhã eu me sentia muito confortável e a experiência de ter rodado mais aqui do que os outros pilotos me ajudou”, observou. “A moto é ágil, então responde bem à mudança dos ventos. Como as temperaturas são baixas, tive melhor aderência na traseira e me senti muito confortável”, detalhou.

“Estou contente, mas é só sexta-feira. Com estas condições nós vamos bem, mas amanhã talvez seja diferente. A chave é estar preparado para tudo”, afirmou Pol. “Voltar a Phillip Island é maravilhoso, é um lugar que me encanta e isso também se reflete no meu ânimo em cima da moto”, completou.

Vindo de uma decepção na Tailândia, Fabio Quartararo fez um dia sólido na Austrália. O francês de Nice fechou o dia na quarta colocação, com a melhor volta em 1min29s614, e foi 0s139 mais lento que o líder.

Ao fim dos trabalhos, Quartararo se mostrou bastante confiante, já que acredita que pode melhorar ao longo do fim de semana.

“Foi um bom dia”, resumiu Quartararo. “Fiz um tempo decente esta manhã apesar das condições e, de tarde, cometi um erro na minha volta rápida, então tenho margem de melhora”, garantiu.

Fabio Quartararo se mostrou confiante na possibilidade de melhorar (Foto: Yamaha)

Em um traçado de layout rápido e sem freadas particularmente fortes, a Yamaha não sofre tanto. Mas Fabio insiste que ainda é possível avançar.

“Acho que vou bem no primeiro setor, mas ainda tenho margem de melhora”, comentou. “Não é que eu sofra com a moto inclinada, mas assim que a levanto. Mas, junto com a equipe, traçamos o objetivo de focar só nos pneus”, contou.

“Tenho confiança, pois estou pilotando bem e porque tenho alguns décimos que posso ganhar”, frisou.

Com Bagnaia fungando no cangote, Fabio não muda o objetivo de “manter a liderança até o fim da temporada”. “Comecei como esperava: demos um bom passo à frente”, garantiu.

Mais ou menos diferente do que normalmente acontece, Quartararo não está completamente cercado de Ducati. Elas até estão por ali, mas o contato mais próximo de quem vem de trás é feito pela Aprilia de Maverick Viñales. Fora da briga pelo título, o espanhol tem interesse na disputa, já que é o único aliado de Aleix Espargaró na luta pela taça.

Último vencedor do GP da Austrália, Marc Márquez se mostrou competitivo ao longo de todo o dia e acabou em sexto, mas só a 0s300 do ponteiro. Nesta sexta-feira, a Honda mostrou algumas novidades aerodinâmicas, inclusive a cauda estegossauro, uma cópia da criação da Ducati.

“Temos de apostar nessas mudanças. Não é a melhor maneira para conseguir um grande resultado este fim de semana, mas para a próxima temporada”, disse Marc. “É difícil provar coisas durante um fim de semana de GP, especialmente neste circuito, onde o vento é muito forte”, comentou.

“De manhã, eu me senti confortável, mas de tarde, eu voltei a testar e o resultado é positivo. Quando você está atrás e vê que as outras fábricas estão avançando tanto, você dá o máximo para tentar diminuir as diferenças. Mas a Honda está trabalhando duro e segue fazendo isso”, frisou. “É raro receber peças novas quando faltam três corridas, mas decidimos fazer isso na minha equipe. Em Misano, já provei coisas de aerodinâmica que funcionaram bem, então este é o caminho para poder seguir melhorando para o ano que vem”, defendeu.

Focado em atacar, Aleix Espargaró fez um dia de pouco destaque, mas também sem muito do que se queixar. O catalão foi o sétimo melhor, com 1min29s832 como melhor tempo, 0s357 atrás do melhor tempo.

Francesco Bagnaia, por outro lado, decepcionou um pouco. Para quem está diante da melhor chance da carreira, é pupilo de Valentino Rossi e recebeu conselhos de Casey Stoner na quinta-feira, o piloto de Torino mostrou pouco do encanto herdado dos dois maiores vencedores de Phillip Island. Ainda que tenha ficado a só 0s363 da ponta, o #63 passou a maior parte do dia no fundo da tabela e cresceu apenas nos minutos final.

Pol Espargaró e Francesco Bagnaia em Phillip Island (Foto: Gold & Goose/ Red Bull Content Pool)

Claro, a performance está muito longe de ser preocupante. É só que a expectativa era por um Pecco um pouco mais incisivo diante da primeira grande chance de tomar a liderança da MotoGP 2022. Ainda assim, o italiano fechou a sexta-feira satisfeito.

“Estou feliz, pois, mesmo que nenhuma das duas sessões de treino hoje tenham sido fáceis, melhorei muito”, declarou o italiano. “Achei que o passo dado no TL1 já tinha me preparado para o TL2, mas à medida que o vento aumentava, eu precisava principalmente de mais carga aerodinâmica na frente da moto”, explicou.

“Na segunda parte do TL2, fui rápido com pneus usados, o que é importante, mas estou menos satisfeito com a volta lançada, pois tanto no primeiro como no quarto setor cometi alguns erros”, assumiu.

Ainda, o #63 falou da iniciativa da Honda de copiar a cauda de estegossauro da Desmosedici, mas avaliou que é normal que esse tipo de coisa aconteça.

“Quando alguém tenta algo novo e funciona, é normal que outros copiem. A Honda provavelmente notou que usamos essa cauda há algum tempo, então eles acharam útil replicá-la. Em pistas como Phillip Island, onde a moto tende a ficar tinhosa, pode ajudar”, avaliou.

Pecco destacou, também, que esperava ver Quartararo rápido neste fim de semana, já que a pista australiana é melhor para a YZR-M1.

“Eu sabia que esta é uma pista da Yamaha, então esperava um Quartararo rápido. De qualquer forma, na final de ambas as sessões, eu estava no nível dele, mesmo que as condições do TL2 tenham sido difíceis. Se o vento tivesse diminuído, acho que poderíamos melhorar”, encerrou.

O terceiro treino livre da MotoGP para o GP da Austrália, em Phillip Island está marcado para às 19h55 (de Brasília) desta sexta-feira . O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.

MATEMÁTICA DO TÍTULO
🧮 Guevara tem primeiro match-point da Moto3 na Austrália

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