Moreira veste Moto3 como luva e encanta logo de cara. E não só aos brasileiros
Estreante no Mundial de Motovelocidade, piloto brasileiro se destacou na igualmente novata MSi na primeira metade da temporada 2022. Entre elogios de jornalistas e fãs, o jovem de 18 anos mostra enorme potencial para o futuro e faz até sonhar com um novo capítulo na história do esporte nacional
Diogo Moreira começou em 2022 a escrever um novo capítulo na história do motociclismo nacional. Com só 18 anos, o brasileiro estreou neste ano no Mundial de Motovelocidade e o encaixe rápido à Moto3 encantou muita gente logo de cara. E não só dentro do Brasil.
Em um país onde o público está acostumado a torcer em modalidades onde os atletas da casa são bem sucedidos, a motovelocidade não é uma prioridade há muito tempo. Alexandre Barros, maior expoente do motociclismo nacional, fez a última corrida no Mundial em 2007, e Eric Granado hoje corre na MotoE, a Copa do Mundo de calendário muito mais enxuto.
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Nas classes mais robustas, faltava alguém que pudesse seduzir a torcida. Franco Morbidelli, que é filho de mãe brasileira, mas nasceu em Roma, até conseguiu, graças ao bom português que fala e a bandeira que carrega na metade do capacete. Mas aquela representatividade, aquele reconhecimento de enxergar um atleta como ‘nosso’, só veio mesmo com Diogo.
Vivendo fora do Brasil desde 2017, Moreira hoje fala um português com sotaque espanhol, mas até na hora de escolher o numeral para estrear no campeonato, pensou nas raízes e nos laços com o público. O #92 do início da carreira foi substituído pelo #10, o número mais conhecido do esporte número um do Brasil, o futebol. Moreira foi para o Mundial disposto a ser artilheiro. E, até agora, mostrou que tem talento para isso.
Contratado pela estreante equipe MSi, Diogo disputou dez das 11 corridas da primeira metade de 2022. A única ausência foi no GP da Catalunha, resultado de uma fratura no punho esquerdo sofrida no GP da Itália. O brasileiro chegou a tentar, mas acabou barrado por causa das dores.
Em termos de classificação, o melhor desempenho veio no GP da Indonésia, segunda etapa do ano, quando ele conquistou o segundo lugar. A moto, porém, apresentou um problema e ele conseguiu alinhar na posição e sequer terminou a disputa. No entanto, teve outras duas aparições no top-6: foi quarto no grid da França e sexto no GP das Américas.
A prova texana, aliás, foi um dos destaques do #10 anos. Diogo tomou a ponta em Austin ainda no início e esteve sempre entre os ponteiros, mas caiu na penúltima volta e não conseguiu completar.
No total, foram três abandonos no ano — incluindo, também, um na Itália, quando liderava a disputa —, mas quatro aparições no top-10. Diogo pontuou em cinco das dez corridas que disputou e hoje tem a 15ª colocação na classificação, com 34 pontos. Na disputa entre os novatos, o brasileiro aparece em segundo, 14 pontos atrás de Dani Holgado, que lidera com 48.
A performance, contudo, não empolgou apenas os fãs. Quem ouve a transmissão oficial da MotoGP, vê a empolgação com que equipe fala de Diogo. E a mesma coisa acontece com jornalistas de outros países.
Moreira vem de um país sem tradição no esporte. O grande trunfo dele foi, justamente, ter ido fazer a escola no lugar certo. Diogo fez a base do motociclismo na Espanha, passando pela Monlau, que formou Álex e Marc Márquez. O #10 fez o Mundial Júnior e a Red Bull Rookies Cup, duas das mais importantes categorias da atualidade. Diogo chegou preparado do Mundial, pronto para competir com pilotos que passaram por escolas tão boas quanto as que ele passou.
Agora, o brasileiro colhe os frutos do trabalho que fez. Mas esse é só o primeiro passo. A Moto3 é primeiro degrau de íngreme escada, mas o fato é que Moreira começou muitíssimo bem.
O que mostrou até agora indica que ele tem condições de não só brigar entre os ponteiros, mas voar ainda mais alto. Como rotineiramente acontece na categoria, o primeiro pódio tem resistido em chegar, mas, quando essa fronteira for cruzada, a tendência é que passe a ser natural.
A lesão do GP da Itália tirou um pouco de força de Moreira, mas a pausa para as férias veio a calhar. Recuperado fisicamente, o companheiro de equipe de Ryusei Yamanaka tem tudo para ser ainda melhor no restante de 2022. Mesmo que o calendário reserve a ele algumas pistas desconhecidas. Afinal, esse não foi um problema no início do ano.
A MotoGP agora entra em férias e volta à ativa apenas no dia 7 de agosto, com o GP da Grã-Bretanha, em Silverstone. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.
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