GUIA 2025: Honda enfim desempaca, mas crescimento na MotoGP esbarra em rivais

Depois de muito protelar para adotar medidas sólidas para mudar a RC213V, a Honda começou a se mexer durante a temporada 2024 e, ainda que nem tudo tenha tido tempo para fazer efeito neste início de ano, a moto dos testes de pré-temporada mostrou alguma evolução. Ainda assim, o tamanho do crescimento depende também dos passos dados pela concorrência

DEPOIS DE MUITA DEMORA, A HONDA, ENFIM, CONSEGUIU FAZER PROGRESSOS COM A RC213V. Ainda que os testes não sejam decisivos na hora de medir a nova ordem de forças da MotoGP, as atividades de Malásia e Tailândia mostraram, pelo menos, que os sorrisos na garagem voltaram a aparecer.

Campeã pela última vez em 2019 — quando Marc Márquez conquistou o último dos seis títulos que detém na MotoGP —, a marca de Hamamatsu entrou em uma incrível espiral negativa desde então. O ponto de partida do caos foi a lesão do #93, que fraturou o braço direito em uma queda na abertura do campeonato de 2020. Depois, a série de problemas físicos do espanhol se fundiu à crescente dificuldade da moto, que não funcionava com mais ninguém.

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Pouco a pouco, a Honda perdeu o caminho de vez e nem mais Márquez conseguia fazer a RC213V render. Após muito insistir, o piloto de Cervera entregou os pontos, rompeu o contrato antes do fim e partiu para a Gresini para tentar recuperar a competitividade — o que, aliás, conseguiu.

Para a gigante japonesa, então, sobrou a tristeza de ter perdido a cria e o desespero de se ver cada vez mais distante das rivais. Nos últimos cinco campeonatos, o melhor resultada Honda no Mundial de Construtores foi o quarto lugar de 2021, um desempenho que remete aos anos 70, quando a marca ainda dava os primeiros passos na categoria. Entre 1982 e 2019, a Honda não experimentou nada pior do que o terceiro lugar na classificação final.

Luca Marini quer melhor organização da equipe de testes (Foto: Honda)

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Mas, apesar de estar grudada no fundo da tabela e ver os pontos minguarem mais e mais — em 2024, por exemplo, a Honda somou quase 60% menos pontos do que na temporada anterior —, faltava ação. Os sinais indicavam certa calmaria, como se a marca estivesse esperando um milagre para voltar à briga pela ponta. O que, claro, não aconteceu.

A perda de Márquez, todavia, causou um forte impacto. Sem ele, a Honda não tinha mais uma esperança onde se agarrar e nem podia se dar ao luxo de que um dos melhores pilotos da história resolvesse no braço as falhas da moto.

Ainda no ano passado, o desempenho da RC213V começou a dar sinais de evolução, especialmente nas mãos de Johann Zarco, na satélite LCR. Foi na segunda metade do ano, também, que a Honda passou a anunciar novidades, duas de maior impacto: a contratação de Romano Albesiano para o cargo de diretor-técnico e a de Aleix Espargaró para o posto de piloto de testes.

O engenheiro italiano, que vinha liderando o trabalho na Aprilia, marca uma mudança importante, pois não só é alguém cuja assinatura estava na única moto a derrotar a Ducati no ano passado, mas também muda o foco do desenvolvimento do Japão para a Europa.

Por anos, a Honda — assim como a Yamaha — contou com o trabalho do time japonês para dominar, mas a MotoGP de hoje é muito mais europeia. A fabricante resistiu à mudança, mas, no fim, entendeu que era preciso abraçar a modernidade.

A contratação de Aleix também é vital. Ao longo dos últimos anos, a HRC contou com o trabalho de Stefan Bradl, mas agora ganha a experiência de alguém que, além de conhecer como a palma da mão a moto de uma rival, é reconhecido pelo trabalho e desenvolvimento que fez não apenas na casa de Noale, onde era conhecido como ‘Capitão’, mas também na Suzuki.

Além disso, Takaaki Nakagami deixou a titularidade na MotoGP e se uniu à equipe de desenvolvimento centrada no Japão. Nos sete anos em que passou na classe rainha do Mundial de Motovelocidade, o agora ex-LCR não mostrou uma capacidade acima da média, mas, na nova função, o #30 tem potencial para fazer a diferença.

Ao longo dos últimos anos, a Honda sinalizou uma dificuldade de comunicação com o Japão. Agora, Nakagami preenche essa lacuna, já que, além do japonês fluente, também entende a língua dos pilotos da MotoGP. Assim, vai ajudar a traduzir com mais precisão para os engenheiros aquilo que os titulares apresentam como feedback.

Este trabalho, contudo, não tem efeito imediato. Albesiano era cotratado da Aprilia até o fim de 2024 e, por isso, teve pouco tempo para trabalhar. Isso, contudo, não inviabilizou a evolução da moto.

Ao longo dos testes, Joan Mir e Luca Marini indicaram uma evolução da moto, que apareceu mais competitiva em Malásia e, especialmente, Tailândia. Mesmo assim, alguns problemas ainda permanecem, como as vibrações.

No entanto, as pessoas voltaram a sorrir na Honda. Ainda que a RC213V esteja longe de voltar a ser uma moto campeã, evolução houve.

O único problema é que ela não foi a única a melhorar. Penúltima colocada no Mundial de Construtores do ano passado, a Yamaha também conseguiu avançar com a YZR-M1, assim como fizeram Ducati, Aprilia e KTM.

Ao fim da pré-temporada, Marini confirmou a evolução da moto, mas avaliou que, com o crescimento dos outros, a RC213V ia manter a mesma diferença que tinha anteriormente.

Mesmo que o passo precise ser maior, é um alento ver que a Honda começa, enfim, a dar sinais de vida. Em se tratando de uma gigante, não é difícil imaginar que a marca da asa dourada vai conseguiu completar a maratona rumo a competitividade. Mas, para isso, precisava dar um primeiro passo. E 2025 está aí para mostrar que ele finalmente aconteceu.

MotoGP volta às pistas neste fim de semana, com o GP da Tailândia, em Buriram, abertura da temporada 2025. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.

Confira o Guia da MotoGP do GRANDE PRÊMIO (Arte: Thiago Rocha)

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