Marc Márquez isenta médicos por voltar “cedo demais” de fratura em 2020: “Minha decisão”

Em entrevista ao site da MotoGP, o piloto da Honda voltou a assumir que voltar à ativa apenas dias após fraturar o braço direito na abertura da temporada 2020 foi erro. O hexacampeão, porém, chamou para si a responsabilidade, já que entende que foi ele quem tomou a decisão final de voltar a subir na RC213V apenas quatro dias após operar o úmero

Marc Márquez chamou para si a responsabilidade por ter voltado à MotoGP “cedo demais” após a fratura no braço direito na abertura da temporada 2020. O hexacampeão da classe rainha do Mundial de Motovelocidade assumiu que viveu um pesadelo nos últimos dois anos, mas considerou que o erro foi dele, ainda que relatado que os médicos apontaram que o retorno precoce ao trabalho não seria um problema.

Marc fraturou o braço direito em 19 de julho de 2020, depois de uma queda na curva 3 de Jerez de la Frontera, quando foi atingido pela roda da RC213V. Dois dias depois, no dia 21, o espanhol foi operado pelo Dr. Xavier Mir em Barcelona, mas, ainda no hospital, começou a fazer flexões para voltar de imediato ao campeonato, que tinha uma corrida marcada para o próprio circuito andaluz no dia 26.

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Marc Márquez fez flexões ainda no hospital para voltar à MotoGP de imediato (Foto: Repodução)

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O piloto da Honda foi aprovado no exame médico, que consistiu em mais uma série de flexões — no solo e na parede — e, depois de se poupar na sexta-feira, entrou na pista apenas nos treinos de sábado. Marc acabou desistindo de correr por causa das dores, mas seguiu empenhado em voltar na etapa seguinte, marcada para 9 de agosto, na República Tcheca.

13 dias depois da primeira operação, o mais velho dos irmãos Márquez teve de se submeter a uma segunda intervenção, já que danificou a placa de titânio colocada na primeira cirurgia para estabilizar a fratura. O dano, embora tenha ocorrido de maneira decisiva ao abrir uma janela, foi resultado do efeito cumulativo do estresse ao qual ele submeteu o braço, com exercícios para voltar à MotoGP.

A partir de então, o processo de recuperação foi muito mais lento. Em 3 de dezembro, o piloto passou por uma nova cirurgia, desta vez com o Dr. Samuel Antuña, em Madri, onde fez enxerto ósseo e colocou uma nova placa, já que o osso não calcificava.

Marc conseguiu voltar a correr, mas não sem dores e tampouco sem a forma de antes. Em meados deste ano, o espanhol anunciou que se afastaria da MotoGP após o GP da Itália para passar por uma quarta operação, desta vez nos Estados Unidos, para tentar resolver de uma vez por todas as limitações causadas pela fratura e todos os procedimentos cirúrgicos que vieram a seguir. O irmão de Álex voltou a correr apenas em Aragão e ainda está recuperando a velha forma física.

“É um pesadelo, porque vem de uma queda forte em Jerez. E aí vem de um grande erro. Nós voltamos cedo demais”, assumiu Marc em entrevista ao site da MotoGP. “Os médicos, especialmente naquele caso, eles me disseram que não seria um problema, e foi minha decisão. No fim, quem toma a decisão é o piloto, então foi erro meu”, insistiu.

Como já fez outras vezes, Marc reconheceu que encerrar a carreira era uma possibilidade e chegou, inclusive a debater o assunto com a família, mas a quarta cirurgia surgiu como solução não só para melhorar a qualidade da vida pessoal dele, mas também a profissional.

“Uma das possibilidades era encerrar a minha carreira. Eu conversei bastante com toda a minha… Especialmente com a minha família. A minha família e as pessoas realmente próximas a mim”, relatou. “E aí eu vi que havia uma solução para melhorar a minha [vida] pessoal e profissional. Não só a vida pessoal, mas também profissional”, continuou.

“E para passar por tudo isso e manter a motivação, só a paixão. A minha paixão pelas motos é maior do que qualquer coisa no mundo”, frisou. “E eu não fico quieto se estou no sofá assistindo às corridas. Eu ainda me sinto parte da MotoGP e parte deste mundo. Quando estou correndo, sinto que o nível está lá, então isso é o mais importante”, defendeu.

Marc deixou claro, porém, que os últimos dois anos deixaram marcas e fizeram dele uma pessoa mais forte. Ele citou como exemplo, inclusive o fato de ter decidido se afastar da MotoGP para operar, algo que o ‘antigo’ Márquez não faria.

“Eu mudei muito. É claro que eu mudei muito. Eu aprendi muitas coisas diferentes desde 2020, pois você se torna mais forte a partir de momentos difíceis”, afirmou. “Mas não confunda as coisas. Mais forte não quer dizer mais forte para vencer. É mais forte como pessoa. Caráter mais forte, mentalidade mais forte”, pontuou.

“Você está em constante evolução, também porque está ficando mais e mais velho. E porque tem mais experiência também. Por exemplo, eu fiz algo novo na minha vida em 2022, eu estava em condições de competir, de correr, mas eu decidi parar. E esse novo Marc, que, no fim, é o mesmo Marc, mas com mais experiência, mas eu decidi parar, pois pensei: ‘Assim não dá’”, detalhou.

Por fim, o #93 explicou que não está obcecado por adicionar um título à prateleira de troféus e que hoje acredita que é importante celebrar cada pequeno passo. O espanhol voltou a citar Mick Doohan, a quem atribui um importante papel nesse caminho de recuperação, já que o australiano foi um conselheiro, por também ter passado por uma lesão séria durante a carreira nas 500cc.

“Eu sei o que eu alcancei antes das lesões, mas agora eu não me importo. Vou pensar nisso quando me aposentar”, disparou. ‘Agora, neste momento, por exemplo, eu disse à equipe que, se avançarmos ao Q2, celebramos. Se ficarmos na segunda fila, na terceira, celebramos. Se ficarmos no top-5, nós comemoramos. Não dá para estar no topo todos os anos. Temos de ter altos e baixos”, avaliou.

“Muitas lendas no passado tiveram lesões feias, como, por exemplo, eu converso bastante com Mick Doohan. Sem a lesão na perna, quantos campeonatos Doohan teria? Não sabemos, mas, no fim, era o estilo dele e o que ele fez foi incrível”, alogiou. “Agora eu tenho uma nova motivação. Não estou obcecado por vencer outro campeonato. Pode ser, pode ser, o futuro vai dizer. Estamos em um esporte em que tudo precisa estar no lugar certo: a moto, a equipe, o piloto. Não é só o piloto, não é só a equipe, não é só a moto. Então, sim, eu estou trabalhando muito duro para ser um Marc mais forte”, encerrou.

A MotoGP volta às pistas neste dia 13, para o primeiro dia de treinos livres para o GP da Austrália, em Phillip Island. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.

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