MotoGP assina memorando de intenções para realizar GP da Arábia Saudita no futuro

A Dorna anunciou nesta segunda-feira (5) que assinou com o príncipe Khalid Bin Sultan Al Abdullah Al-Faisal um memorando de intenções para levar o Mundial de Motovelocidade ao país no futuro. De acordo com o comunicado, a ideia é também levar o programa Road to MotoGP para desenvolver talentos da região

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A Arábia Saudita deu mais um passo no polêmico avanço em cima dos esportes ocidentais. Depois de Fórmula E, Fórmula 1, Rali Dakar e Extreme E, o principado assinou um memorando de intenções para receber a MotoGP no futuro. O comunicado divulgado nesta segunda-feira (5), porém, não menciona datas para a realização da corrida.

Por meio do plano Visão 2030, apresentado em 2016, a Arábia Saudita tem feito uma ofensiva aos esportes ocidentais em uma tentativa de melhorar a imagem do país no mundo. Apresentado pelo príncipe Mohammed Bin Salman, o plano tem como meta reduzir a dependência do país do petróleo, diversificar a economia e desenvolver setores como saúde, educação, infraestrutura, recreação e turismo. Foi esta iniciativa que levou ao país Fórmula E, Dakar e Fórmula 1.

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Carmelo Ezpeleta assinou acordo com Khalid bin Sultan Al Abdullah Al-Faisal (Foto: Divulgação/MotoGP)

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A Arábia Saudita, porém, é uma ditadura e um dos países mais fechados do mundo. São constantes as denúncias de violações aos direitos humanos e das mulheres. Em fevereiro do ano passado, o governo dos Estados Unidos divulgou um relatório de inteligência sobre a morte do jornalista Jamal Khashoggi. O texto conclui que foi o príncipe bin Salman quem autorizou o assassinato do colunista do The Washington Post, esquartejado dentro do consulado da Arábia Saudita, em Istambul, na Turquia.

O direito das mulheres é também um tema crítico na Arábia Saudita. No fim de agosto, uma mulher foi condenada a 45 anos de prisão por “rasgar o tecido social” e expressar opiniões críticas no Twitter. Na semana anterior, Salma al Shehab tinha recebido uma pena de 34 anos por uma acusação semelhante, sentença que, até então, era a maior do país neste tipo de caso.

De acordo com a organização Democracia Já para o Mundo Árabe (DAWN, na sigla em inglês), que teve acesso à sentença que condenou Nura Al Qahtani a 45 anos, a cidadã foi acusada por “criticar os governantes” do país e condenada na Lei contra Terrorismo e na Lei Contra Crimes Cibernéticos, que, segundo a ONG, são utilizadas pela monarquia local para processar ativistas ou críticos.

Porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Liz Throssel declarou após a condenação de Al Shebab que pena era “outro exemplo de como as autoridades sauditas usam as leis sobre terrorismo e crimes cibernéticos para intimidar e se vingar de defensores dos direitos humanos e de qualquer voz dissidente”.

De acordo com a empresa espanhola que promove o Mundial de Motovelocidade, o memorando com o príncipe Al-Faisal, que é presidente da Federação Saudita de Automobilismo e Motociclismo, foi assinado no domingo, em Misano. Além de prever a introdução do país no calendário “em um circuito multifuncional recém-construído, homologado pela FIM (Federação Internacional de Motociclismo) e pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) , o projeto pretende também levar ao reino o programa Road to MotoGP, iniciativa de desenvolvimento de talentos amparada pelo Mundial.

“Estamos empolgados em confirmar a assinatura de um memorando de entendimento com a Dorna hoje que descreve claramente nosso objetivo compartilhado de levar a MotoGP à Arábia Saudita”, disse Al-Faisal. “Faz perfeito sentido acrescentar a melhor categoria de motociclismo à nossa crescente lista de eventos de nível mundial”, ponderou.

“Estamos ansiosos para trabalhar com a Dorna para entregar nosso comprometimento compartilhado em levar o pináculo das corridas de duas rodas à Arábia Saudita e continuar a fornecer mais oportunidades e iniciativas para enriquecer as vidas de todos os nossos residentes”, encerrou.

Diretor-executivo da Dorna, Carmelo Ezpeleta se disse empolgado com a possibilidade de levar o Mundial à Arábia Saudita e destacou que 80% dos sauditas desejam assistir mais eventos de esporte a motor.

“Como campeonato global de duas rodas, estamos empolgados com essa oportunidade para a MotoGP expandir seu alcance no Oriente Médio adicionando um GP anual na Arábia Saudita”, declarou Ezpeleta. “A região é um mercado chave para o esporte a motor e a demanda do reino por eventos esportivos deste tipo está crescendo, com pesquisas mostrando que 80% dos fãs sauditas querendo ver mais no país”, seguiu.

“Nos últimos anos, a Arábia Saudita mostrou habilidade de receber grandes eventos globais de esporte a motor nos mais altos padrões. A assinatura deste memorando de intenções codifica a nossa vontade compartilhada de explorar ainda mais essa oportunidade”, apontou. “Estamos confiantes de que vamos encontrar uma empolgante e acolhedora nova casa no Reino e estamos ansiosos para colaborar com a Companhia de Esporte a Motor Saudita para entregar nessa ambição conjunta”, completou.

Esta, porém, não é a primeira ofensiva da Arábia Saudita na MotoGP. Em abril o ano passado, a Tanal Entertainment Sport & Media, uma holding do príncipe Abdulaziz Bin Adullah Al Saud — um dos mais de sete mil príncipes do Reino — anunciou uma aliança com Valentino Rossi para levar a VR46 à MotoGP. O pagamento, contudo, nunca foi feito e a equipe precisou encontrar outro parceiro para poder subir à classe rainha com Luca Marini e Marco Bezzecchi.

Diferente de outros países islâmicos, a Arábia Saudita segue o wahabismo, a vertente mais rígida e conservadora do Islã. O wahabismo, por sinal, é conhecido popularmente como a mãe de todos os movimentos fundamentalistas e é, também, apontado como o ‘pai ideológico’ do Estado Islâmico. A Arábia Saudita é, inclusive, acusada de ajudar voluntariamente a conseguir recrutas para o grupo terrorista.

Em fevereiro de 2020, o GRANDE PREMIUM conversou com especialistas e mostrou como a Arábia Saudita pratica o chamado ‘sportwashing’, o uso dos esportes para transmitir uma imagem melhor ao mundo.

A MotoGP volta às pistas no próximo dia 18 de setembro para o GP de Aragão, no MotorLand. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.

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