Quartararo parte favorito na França, mas atento às Ducati. Especialmente na largada

Dono da pole-position, o piloto da SRT Yamaha vai precisar de uma boa saída para segurar Jack Miller e Danilo Petrucci, com quem divide a primeira fila

Fabio Quartararo vai precisar enfrentar a força das Ducati se quiser vencer em casa na MotoGP. Líder do campeonato, o piloto da SRT Yamaha conquistou a pole-position neste sábado (10), mas está cercado pelas Desmosedici de Jack Miller, Danilo Petrucci e Andrea Dovizioso ― segundo, terceiro e sexto, respectivamente. Além disso, a segunda fila do grid conta ainda com Cal Crutchlow e Maverick Viñales ― em quarto e quinto.

O déficit de velocidade da YZR-M1 não é nenhum mistério e fica especialmente claro na comparação com a Ducati. Na classificação, por exemplo, Francesco Bagnaia, da Pramac, registrou a maior velocidade em 319,6 km/h. Quartararo, por sua vez, foi a melhor entre as quatro Yamaha, mas alcançou apenas 312,6 km/h. De Honda, Cal Crutchlow também ficou na parte de cima do Speed Trap, com 317,5 km/h.

O ano de 2020 mostra, porém, que a M1 não tem problemas de ritmo, mas é difícil para os pilotos ultrapassarem, ainda mais se o confronto for com motos sabidamente mais rápidas. Daí a importância de largar na frente e largar bem.

Depois de um primeiro dia marcado pela chuva, a pista secou e o frio diminuiu, dando uma ideia melhor da performance de cada competidor. Nos treinos deste sábado, Quartararo foi mesmo quem se destacou, completando o maior número de voltas em um passo forte de corrida. Nos ensaios, Franco Morbidelli aparece como rival à altura, mas o ítalo-brasileiro não fez uma boa classificação e vai sair apenas em 11º, atrás de Valentino Rossi, o que dificulta a presença dos dois na briga pelo pódio. Viñales também mostrou boa forma nos ensaios, mas não tem sido o mais confiável dos pilotos no apagar das luzes no domingo.

Assim, Quartararo sabe que a principal preocupação é o mesmo dos pilotos da marca de Borgo Panigale. E, para encará-los, a melhor estratégia é entrar primeiro na curva 1 e tratar de impor um ritmo forte para criar distância.

Quartararo vai precisar encarar as Ducati em Le Mans (Foto: SRT)

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Com apenas oito pontos de folga na classificação, Quartararo adotou cautela nos últimos dias. Para evitar o risco de lesões, o francês de Nice faltou ao teste coletivo realizado em Portimão no início da semana ― onde os pilotos da MotoGP tiveram de usar motos de rua ― e também foi muito mais cauteloso na pista molhada de sexta-feira. Nesta tarde, porém, o vencedor de três GPs em 2020 se expos um pouco mais.

“Arrisquei muito na classificação. Tinha o feeling para poder fazer isso. Consegui marcar 1min31s6 na primeira saída e, na segunda, dei tudo para ver o que acontecia”, contou Fabio. “Senti coisas que nunca pensei que sentiria em uma volta de classificação. Nas últimas duas curvas da minha volta, fui ao limite. A verdade é que é uma pista que estava difícil hoje e arriscamos bastante”, seguiu.

“Agora que já estamos aqui, temos de arriscar amanhã até o fim, mas com cabeça. O objetivo é estar na frente, lutar pelo pódio e, se possível, pela vitória, mas com muito juízo. Temos duas Ducati ao lado e elas são muito rápidos. Temos de manter a frieza”, reconheceu.

O francês considerou que é uma vantagem ter a primeira curva tão perto da posição de largada, mas reforçou que terá de fazer um trabalho certeiro no instante em que as luzes apagarem na reta do circuito Bugatti.

“É melhor ter a primeira curva tão perto, mas temos de largar bem e mergulhar primeiro. Vimos que Maverick saiu bem em Barcelona, mas as Ducati passaram por cima dele”, recordou. “Aqui, nós somos os primeiros e temos de aproveitar a situação para chegar na frente e impedir a ultrapassagem das Ducati”, receitou.

Dupla de Quatararo, Morbidelli saiu bastante menos animado da classificação, mas falou em tentar uma prova de recuperação nesta nona etapa da temporada 2020.

Danilo Petrucci, MotoGP 2020, GP da Emília-Romanha, Classificação
Danilo Petrucci larga atrás de Miller e Quartararo (Foto: Ducati)

“Foi uma classificação estranha e estou um pouco desapontado. Eu me senti ótimo o dia todo, fui rápido nos treinos livres e tinha muita confiança na moto. Na classificação, me senti bem no primeiro ataque, fiz um tempo de volta decente e era terceiro”, contou o filho de uma brasileira de Recife. “Eu estava mirando algo bom, mas no segundo ataque, não tive a mesma sensação com o pneu traseiro. Não podia atacar como queria e também não melhorei meu tempo de volta”, continuou.

“11º não é o que eu estava esperando, não é o que eu queria, mas vamos tentar ter uma boa corrida amanhã. Nosso ritmo é realmente forte, então, vamos tentar avançar no pelotão o máximo que pudermos, apesar de ser difícil ultrapassar, e vamos ver onde estamos na hora da bandeira quadriculada”, completou.

Traumatizado pelas corridas anteriores, Viñales está até mesmo evitando pensar na largada em Le Mans. “Prefiro nem pensar. Estou rodeado de motos que saem melhor”, disse.

“Vamos olhar para o lado positivo. Trataremos de largar bem e ultrapassar o mais rápido possível para poder estar com os ponteiros”, planejou. “Temos de preparar bem a largada para chegar na frente nas primeiras curvas”, frisou.

O espanhol reconheceu, ainda, que esperava um rendimento melhor da fábrica que está desfalcada de seis integrantes por causa de um teste positivo para Covid-19 no traçado francês.

“Esperava muito mais de Le Mans. Não tinha boas sensações, pouca aderência com a moto inclinada, então, vamos tentar melhorar amanhã. Ontem não forçamos por causa da chuva, mas hoje fomos fortes. As condições foram difíceis para nós”, comentou. “Não sei o que vai marcar a diferença. A largada será complicada no meio das Ducati e das KTM. O objetivo era a primeira fila”, admitiu.

Joan Mir vai largar apenas na quinta fila (Foto: Suzuki)

O frio de Le Mans, inclusive, ajuda a Ducati a dar sinal de vida enquanto conjunto. Até agora, apenas um ou outro piloto se destacava aqui e ali. Desta vez, porém, as Desmosedici se fizeram presentes no traçado de 4.2 km.

Apesar da boa posição de partida, Miller não teve um sábado 100%, já que sofreu uma forte queda.

“O fim de semana tem sido bom, mas estava bem frio e descobri isso em primeira mão logo na segunda saída”, comentou Miller. “Foi estranho. Saí da curva 6, deixei Frankie [Morbidelli] passar, então, não estava no caminho dele. Tentei forçar e colocar alguma temperatura no pneu do lado direito. Passamos pela [curva para] esquerda, sem dramas, mas aí… vocês viram o que aconteceu”, relatou.

“É a segunda em três corridas, então, estou ficando resistente. Meu pescoço está meio duro, minhas costas também, mas vai ficar tudo certo”, assegurou.

Mesmo assim, o australiano se mostrou confiante em brigar pelo pódio, também pelo histórico positivo no circuito Bugatti.

“Le Mans é uma pista de que sempre gostei. Venci aqui na Moto3 e fui forte com Honda e Ducati, mas não consegui pódio aqui, então, vou tentar amanhã. Os rapazes colocaram um bom ritmo. Vamos esperar pelo clima”, frisou.

Ninguém, porém, estará mais motivado do que Petrucci. No último ano com a Ducati ― vai correr com a KTM da Tech3 em 2021 ―, Danilo encerrou um longo jejum e conseguiu voltar ao top-3 do grid pela primeira vez desde o GP da Itália do ano passado.

“Estou feliz por voltar para a primeira fila depois de um longo tempo, um período difícil”, comemorou. “Já nesta manhã eu senti potencial para fazer uma boa classificação. Infelizmente, no TL3, encontrei diferentes bandeiras amarelas na pista e perdi a chance de fazer uma boa volta para ir direto ao Q2. No entanto, consegui fazer uma classificação excelente”, comentou.

“Largar na primeira fila é claramente muito importante para amanhã, já que ao menos dez pilotos têm ritmo para lutar pelo pódio”, ponderou. “Depois da última corrida na Catalunha, consegui uma boa sensação na freada e até mesmo as baixas temperaturas vão ajudar, então, estou muito confiante de que posso conseguir um bom resultado”, acrescentou.

Ainda vivo na briga pelo título, Dovizioso foi 0s407 mais lento que Quartararo na classificação, mas mostrou uma performance bastante mais sólida no fim de semana.

“Estou satisfeito com a classificação de hoje. Minha sensação com a moto foi excelente e, apesar de não estar próximo da volta perfeita, vamos largar das duas primeiras filas, que era nosso principal objetivo”, falou Andrea. “Nosso ritmo para a corrida de amanhã também é positivo. Ainda precisamos melhorar alguns aspectos para assegurar que podemos brigar na frente por toda a prova, mas comparado aos outros circuitos, minha sensação é muito melhor e estou muito confiante para amanhã”, celebrou.

Takaaki Nakagami foi superado pelo companheiro de equipe (Foto: Red Bull Content Pool)

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Não é de hoje que é evidente que a principal fraqueza da GSX-RR está na classificação. Mas a dificuldade para aquecer os pneus ficou ainda mais clara no frio de Le Mans. Vice-líder do Mundial, Joan Mir sequer conseguiu avançar ao Q2 e vai iniciar a disputa no traçado do noroeste da França apenas em 14º.

“Foi um dia difícil. Sofri muito com a moto e não tinha uma boa sensação. Tudo era difícil. Melhoramos, mas não foi o suficiente. Vai ser importante melhorar as minhas sensações para fazermos uma boa largada”, disse o espanhol, que tem oito pontos de atraso para Quartararo na classificação. “Sofremos com o pneu dianteiro frio. Estamos trabalhando nisso. Eu perco muito no primeiro setor, nas curvas para a esquerda. Se forço, perco a dianteira. Aí eu perco meio segundo. No resto, não perco, sou rápido. Vamos ver se encontramos uma solução para perder só dois ou três décimos. Precisamos de mais voltas nesta pista. Por algum motivo, custa mais aqui do que em outros lugares. É complicado ter confiança se você não sabe por que cai. No primeiro setor, não estamos no nível esperado”, admitiu.

Nas últimas corridas, Mir foi a surpresa do fim dos GPs, já que conseguia escalar o pelotão para brigar pela ponta. Desta vez, porém, Joan não sabe se poderá fazer o mesmo.

“Não me vejo em posição de pódio amanhã. Não tenho as mesmas sensações de sempre. Normalmente, tenho ritmo, mas aqui não vai. Nunca descarto nada, as coisas podem mudar muito. Piorar, não vamos, então, é torcer para que os fatores externos nos beneficiem”, declarou.

Joan, porém, negou que o resultado seja efeito da proximidade com Quartararo na tabela do campeonato. “Não tem nada a ver com pressão. Normalmente, gosto de pressão. Dei o máximo de mim mesmo. É um problema que temos de solucionar”.

0s570 mais lento que o companheiro de Suzuki, Álex Rins vai sair apenas em 16º e reconheceu que teve a confiança abalada pelas quedas que sofreu antes da sessão.

“Não é bom ter duas quedas antes da classificação, pois afeta a confiança. Mas a coisa positiva é que entendemos o motivo de ter acontecido e o principal foi de manter a temperatura do pneu. Meu ritmo não é ruim, acho que é bom o suficiente para o top-5, mas as temperaturas baixas tornaram as coisas difíceis para nós hoje”, indicou. “Amanhã a primeira volta vai ser importante para a corrida. Caso consiga ser competitivo no início, acredito que podemos recuperar muitas posições e ter uma boa disputa”, encerrou.

O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do GP da França, décima etapa do Mundial de Motovelocidade 2020.

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