GUIA 2022: Desafiante e mordido, Hamilton vai atrás de melhor versão em revanche na F1

Heptacampeão do mundo, Lewis Hamilton sofreu derrota pesada para o rival Max Verstappen, na última volta da última corrida de 2021. Agora, o britânico retorna após quase dois meses de silêncio para uma revanche aguardada pelos fãs

A temporada de 2021 da Fórmula 1 reservou aos fãs uma disputa em proporções épicas, das maiores da história. Ao longo de um ano, Max Verstappen e Lewis Hamilton deixaram claro que apenas os dois reuniam condições de ocupar um lugar no topo, e o holandês saiu vencedor na última corrida do ano, em Abu Dhabi — em meio a muita polêmica —, aonde os dois rivais haviam chegado empatados em pontos. A derrota foi doída, mas mais pela forma como se deu, diante de uma interpretação singular do regulamento. Talvez uma briga direta tivesse tido menos efeitos. Assim, o homem que tem sete títulos mundiais decidiu se calar, mas o silêncio ecoou e forçou mudanças. Agora, o multicampeão tem a chance da revanche.

Antes, porém, é preciso recapitular sobre os eventos da etapa derradeira de 2021. Hamilton liderou todas as voltas daquela corrida — após tomar a ponta de Verstappen na largada —, exceto uma: a última. O safety-car foi acionado na parte final da disputa por uma batida de Nicholas Latifi na barreira de proteção, e o então diretor de prova, Michael Masi, tomou uma série de decisões em tentativa de fazer a prova decisiva do campeonato terminar em bandeira verde. O acidente com o canadense da Williams aconteceu a cinco giros do fim, quando Lewis mantinha uma distância de 11s para o adversário direto.

Do posto de controle, Masi primeiro ordenou que os retardatários mantivessem suas posições antes de declarar o contrário apenas para aqueles que separavam os dois ponteiros e candidatos ao título. Com pneus macios novos colocados pela Red Bull ainda em regime de bandeira amarela, Verstappen não encontrou resistência para ultrapassar Hamilton e seus compostos desgastados.

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Lewis Hamilton está de volta após “sumir” no final de 2021 e início de 2022 (Foto: AFP)

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Após a derrota, o heptacampeão mundial sentiu o golpe e decidiu se afastar. Sumiu completamente das redes sociais e do olhar do público, exceto por uma aparição no Castelo de Windsor para receber o título de ‘Sir’, Cavaleiro da Rainha. No meio de tudo, a Mercedes permaneceu na pressão contra as decisões tomadas pela direção de prova e não escondeu a insatisfação, usando até mesmo o silêncio de Lewis como um fator determinante, que acabou gerando diversas especulações sobre uma eventual aposentadoria do inglês.

No fim das contas, Hamilton precisava apenas descansar. Dois meses depois, o britânico reapareceu. Em um curto post, que provocou um engajamento enorme, o multicampeão escreveu que havia ido, mas estava de volta, tendo como cenário de fundo a imensidão do Grand Canyon.

Dizendo-se “energizado” pelo descanso fora do período de disputa, Hamilton ainda demonstra rancor com as decisões da FIA na última corrida de 2021 e na repercussão do caso. No entanto, está definitivamente de volta e diz ter a fome de um novato em busca de seu oitavo título mundial — o que representaria um recorde absoluto. “Se vocês acham que o que viram no final do ano passado foi o meu melhor, esperem para ver neste ano”, prometeu, ainda durante o lançamento do carro 2022 da equipe alemão.

O fato é que o silêncio representativo do heptacampeão, assim como a revolta da Mercedes, causou uma espécie de efeito dominó que abalou as estruturas da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Também se sentindo pressionada a tomar uma decisão, a entidade levou até fevereiro para decidir remover Masi do cargo de diretor de prova, que agora terá Niels Wittich e Eduardo Freitas se revezando no posto, além de Herbie Blash como conselheiro-sênior e uma ‘cabine de vídeo’ para auxiliar nas observações sobre os lances de pista.

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Perda do título de 2021 abalou Hamilton, que “sumiu” por quase dois meses (Foto: Clive Rose/Getty Images/Red Bull Content Pool)

Após se dizer “desiludido” com os eventos que se desenrolaram na corrida em Yas Marina, Hamilton está de volta em 2022 ainda não totalmente satisfeito com as ações recentes da FIA — quer que o relatório elaborado pela entidade seja tornado público, por exemplo. Mas se em sua opinião precisou brigar com fatores externos no ano passado, a situação dentro da equipe também não foi de grande ajuda para o inglês.

Em 2021, o inglês encarou quase que sozinho a batalha direta com Verstappen pelo título, já que o colega Valtteri Bottas — parceria mais saudável da carreira, nas palavras do próprio Lewis — nunca se mostrou em nível de auxiliar na disputa. Para essa temporada, o prodígio George Russell se junta à Mercedes, e fica a dúvida sobre se o ex-piloto da Williams conseguirá ajudar o compatriota na briga pelo caneco ou se até mesmo irá além — é claro, ainda existe a possibilidade de não conseguir dar o suporte necessário, já que encara um ano de adaptação.

Verstappen, por outro lado, pode contar com o mexicano Sergio Pérez em algumas poucas ocasiões como em Turquia e Abu Dhabi e torce para que a parceria se fortaleça ainda mais em 2022. Será o segundo ano da dupla como titular da Red Bull, e a equipe acredita que ‘Checo’ apresentará performance superior à do ano passado.

Por fim, vale ressaltar que o regulamento técnico é completamente novo em 2022. Entra em cena, então, um componente diferente: tanto Verstappen quanto Hamilton — e todos os outros pilotos do grid — vão precisar se adaptar a carros aerodinamicamente remodelados, que certamente vão exigir questões diferentes na pilotagem.

Lewis Hamilton vai viver uma nova parceria em 2022 com o também britânico George Russell (Foto: Mercedes)

Desta forma, o raciocínio é lógico: aquele que se adaptar melhor e mais rápido às novas exigências de pilotagem sai na frente. E é justo imaginar que os dois melhores pilotos do grid tenham possibilidades mais fortes de alcançar estes resultados.

Em 2021, a rivalidade entre Hamilton e Verstappen — assim como entre Mercedes e Red Bull — reverberou bastante fora das pistas, com trocas de farpas entre os chefes Toto Wolff e Christian Horner, pedidos de investigação à FIA, pressão sob a direção de prova, mensagens exaltadas pelo rádio, enfim, todos os ingredientes de uma disputa explosiva que deixou clara sua força em acidentes marcantes — e potencialmente perigosos — ao longo da temporada.

As memórias de Ímola, Inglaterra, Itália, Arábia Saudita e, principalmente, Abu Dhabi permanecem vivas, e a disputa está prestes a recomeçar entre dois dos maiores nomes do automobilismo mundial. Com tantas polêmicas somadas ao longo de 2021, um título mundial inédito e um campeão ‘mordido’, a Fórmula 1 promete uma continuidade quente em 2022.

O GRANDE PRÊMIO acompanha o campeonato e abre nesta segunda-feira (14) um guia completo sobre tudo que é preciso saber para o Mundial de 2022. A primeira corrida acontece no Bahrein, no próximo domingo (20).

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