GUIA 2020: Tudo diferente, alguma coisa igual: MotoGP enfim começa temporada

144 dias após o encerramento do teste no Catar, a MotoGP volta à pista nesta sexta-feira (17) para o pontapé inicial no GP da Espanha. A pandemia do novo coronavírus, porém, segue dando o tom do Mundial de Motovelocidade

MAIS DE QUATRO MESES DEPOIS, O JEJUM ESTÁ PERTO DE ACABAR. Longe das pistas desde o último dia de testes da pré-temporada no Catar, ainda em fevereiro, a MotoGP vai voltar à ativa neste fim de semana, quando inicia os trabalhos para o GP da Espanha em Jerez de la Frontera.

A pandemia do novo coronavírus, porém, deixou uma marca indelével no certame. Ao menos por enquanto, 2020 será a menor temporada da classe rainha em 25 anos. Mas, diferente daquele campeonato de 1995, quando o Mundial passou por Ásia, Oceania, Europa e América do Sul, desta vez a programação é toda centrada no continente europeu.

E há uma razão para isso: é melhor ter uma espécie de campeonato continental do que não ter campeonato algum. No entanto, a MotoGP vai para a pista ainda sem ter certeza da extensão total de sua programação: nos próximos dias, a Dorna deve anunciar o futuro das três etapas que ainda não tiveram o destino oficialmente sacramentado: os GPs da Argentina, da Tailândia e da Malásia.

MotoGP 2019 Espanha Jerez
Jerez de la Frontera vai receber duas etapas do Mundial neste ano
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As provas na Ásia e na América, porém, estão atreladas à presença do público, um fator considerável de dificuldade, já que a pandemia do coronavírus está longe de ser vencida. Até fim de junho, por exemplo, dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) contabilizavam quase o dobro dos casos de COVID-19 registrados na Europa no continente americano, número impulsionado pelo descontrole da doença em Brasil e Estados Unidos, especialmente.

Assim, a promotora espanhola fez o que dava com o que tinha em mãos. E, tal qual a Fórmula 1, que começou a temporada no início do mês com apenas oito etapas confirmadas, adotou a estratégia de repetir pistas. No total, serão oito circuitos, apenas três deles com corridas únicas.

A temporada começa por Jerez, que recebe os GPs de Espanha e Andaluzia. Na sequência, Brno sedia a etapa da Tchéquia, que será seguida pelos GPs da Áustria e da Estíria, ambos no Red Bull Ring. Misano vai acolher os GPs de San Marino e da Riviera de Rimini e de Emilia Romanha e da Riviera de Rimini. Os GPs da Catalunha e da França acontecem na sequência, antes de o MotorLand sediar as etapas de Aragão e Teruel. Valência fecha a temporada com os GPs da Europa e da Comunidade Valenciana.

Além da repetição de pistas, chama atenção a densidade do calendário. Afinal, serão 13 etapas no intervalo de 18 fins de semana. No ano passado, em comparação, foram 19 GPs distribuídos por 37 semanas.

E tudo isso, claro, tem consequências. Os erros, tradicionalmente custosos no esporte, vão sair ainda mais caros neste ano. Afinal, qualquer lesão que afaste um competidor das pistas terá seu impacto ampliado.

Mas não é só isso. Por conta da pandemia, o Mundial de Motovelocidade vai trabalhar com equipes reduzidas: 40 pessoas nos times de fábrica da MotoGP, 25 nas estruturas privadas da classe rainha, 20 na Moto2 e 15 na Moto3. Assim, estarão todos sobrecarregados.

Outra diferença em relação às temporadas habituais reside na ausência de jornalistas. Já que a meta era esvaziar o paddock, a Dorna só permitiu a participação dos repórteres das emissoras que transmitem o campeonato. E nem mesmo um protesto da Associação Internacional de Imprensa Esportiva foi capaz de alterar os planos da empresa espanhola.

A pandemia, contudo, também teve um ‘lado positivo’. Por conta dos mais de quatro meses de paralisação, Marc Márquez, por exemplo, teve tempo de se recuperar plenamente da cirurgia que fez no ombro. E o mesmo aconteceu com Takaaki Nakagami.

Mas nem todo mundo soube aproveitar o período com a ‘calmaria’ necessária. Andrea Dovizioso conseguiu liberação da Ducati para disputar uma corrida de motocross em Faenza, mas acabou caindo e fraturou a clavícula. O #4 passou por uma cirurgia e, desde o começo, garantiu a presença do grid de Jerez.

Mas foi Andrea Iannone quem conseguiu a impressionante proeza de ficar no meio termo. O adiamento da temporada fez o italiano ganhar tempo em meio à suspensão de 18 meses imposta pela FIM (Federação Internacional de Motociclismo), mas isso não faz lá muita diferença, já que o Tribunal Arbitral do Esporte ainda não marcou o julgamento do recurso. Para piorar, a Agência Mundial Antidoping também entrou no caso, pedindo um gancho de quatro anos.

O que não parou em meio à pandemia foi a negociação de contratos. Jack Miller fechou com a Ducati para 2021, o que empurrou Danilo Petrucci para a Tech3/KTM, já que a fábrica austríaca teve de substituir Pol Espargaró, que assinou com a Honda por dois anos. Álex Márquez, por sua vez, teve o contrato com a HRC renovado, mas vai correr com a LCR, na vaga de Cal Crutchlow. Enquanto isso, a Suzuki renovou por dois anos por Álex Rins e Joan Mir, assim como a Aprilia fez com Aleix Espargaró. A SRT, por outro lado, garantiu Franco Morbidelli até 2022 e negociou, mas ainda não oficializou o acerto com Valentino Rossi, mesmo caso da Ducati e Dovizioso, que entraram em um conflito financeiro.

As pequenas saíram na frente

É até difícil lembrar, mas a temporada de Moto3 e Moto2 já começou! Como estavam testando em Losail quando as fronteiras do Catar foram fechadas no início do ano, as classes menores conseguiram realizar o GP do Catar normalmente e, assim, avançam para a segunda etapa de 2020.

Vencedor da única corrida do ano, Albert Arenas já acumula quatro meses de liderança na Moto3, à frente de John McPhee e Albert Arenas. Na Moto2, Tetsuta Nagashima venceu em Losail e aparece na ponta da tabela à frente de Lorenzo Baldassarri e Enea Bastianini.

Apesar de ser a segunda parada do campeonato, as classes menores também partem para uma disputa com jeito de novo. Afinal, todos ficaram muito tempo longe das motos.

Ainda assim, importante dizer que a Dorna se preocupou em garantir a sobrevivência das equipes e ajudou com recursos financeiros durante a paralisação das atividades.

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