Com nova equipe, Granado mira performance constante para brigar pelo título da MotoE

Piloto brasileiro vai estrear com a SRT no terceiro na categoria elétrica do Mundial de Motovelocidade. Eric foca na constância para poder brigar pelo título na temporada 2021 da Copa do Mundo de MotoE

Eric Granado vai iniciar a temporada da MotoE neste fim de semana, em Jerez (Vídeo: Divulgação)

Eric Granado vai para a terceira temporada da Copa do Mundo de MotoE com uma nova equipe. O piloto de 24 anos trocou a Avintia pela SRT e vai encarar o campeonato deste ano focado não só no título, mas também disposto a aproveitar eventuais oportunidades com a estrutura que está presente também em Moto3, Moto2 e MotoGP.

Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO, Eric apontou a evolução da categoria ao longo dos anos e ressaltou que a MotoE não teve um início de vida fácil: às vésperas da estreia, as 18 motos Energia Ego Corsa foram destruídas em um incêndio. No ano passado ― e como também vai acontecer neste ―, foi a pandemia de Covid-19 que impôs dificuldades.

Eric Granado vai estrear pela SRT neste ano (Foto: SRT)

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“A moto, dentro das limitações que a categoria teve, evoluiu relativamente bem, especialmente na questão da suspensão, dos pneus, porque é uma moto que pesa muito e o que mais sofre é o pneu dianteiro, porque, imagina, todo o peso da moto ― são 260 kg, mais a força G, mais o peso do piloto na frenagem”, apontou. “A roda dianteira sofre bastante, então era muito difícil para gente no começo parar a moto e ter uma boa entrada de curva. Isso foi algo que realmente evoluiu bastante”, seguiu.

“Em relação a desempenho, acho que a categoria teve bastante dificuldade nos últimos dois anos, especialmente em 2019 com a questão do incêndio, que foram todas as motos queimadas. Depois, em 2020, a pandemia, então realmente não pôde evoluir muito na questão do desempenho”, considerou. “A gente tem melhorias de refrigeração, em que a moto trabalha um pouco mais fria, e temos algumas tecnologias novas de refrigeração nos boxes, porque hoje em dia, na bateria, o maior inimigo nosso é a temperatura. E nós conseguimos um pouquinho mais de autonomia na corrida, mas ainda assim a corrida é curta. Acho que está em um bom caminho, é uma moto que tem um ótimo pacote e possibilidade de evolução”, elogiou.

Desde que chegou à categoria, Granado sempre foi um dos mais rápidos, mas o sonhado título ainda não chegou. Eric foi terceiro na temporada inaugural e sétimo no ano passado, com a performance prejudicada também pelo azar, como no caso do acidente com Matteo Ferrari no GP da Andaluzia do ano passado.

Questionado pelo GP se tem algum ponto específico em que sente que precisa melhorar, Granado respondeu: “Sempre tem algo que a gente precisa melhorar. Com certeza. Eu acredito que neste ano eu consegui trabalhar alguns pontos fracos que eu tinha no passado, mas ainda, com certeza, têm pontos em que eu preciso evoluir”.

“Com certeza, a questão da falta de sorte foi complicada no ano passado, me tirarem da prova, depois eu acabei tendo alguns problemas com a moto na França, com o freio no treino, enfim, várias coisas que acabaram atrapalhando um pouco a gente, mas acho que o importante é ser constante, estar sempre ali nas primeiras colocações, marcar pontos para ter opção no final da temporada de brigar pelo título”, defendeu.

Ainda, Granado mostrou animação com a troca de equipe, também pela presença da SRT em Moto3, Moto2 e MotoGP.

“A estrutura, com certeza, é muito boa. Se é melhor ou não, isso depende do ponto de vista. Com certeza, a Avintia era uma equipe muito boa, mas acredito que a SRT tem uma estrutura ainda mais competitiva e que vai me dar uma ótima confiança para a temporada e, quem sabe, me dar opções no futuro”, comentou. “A gente nunca sabe o dia de amanhã, então talvez tenha oportunidade com eles em outras categorias”, sugeriu.

“É uma equipe que tem muita competência, já demonstraram isso com o Bradley Smith em 2019. Agora eu estou com eles e, com certeza, toda a atenção e foco vai estar em mim, pois sou piloto único, então acho que isso é muito positivo para mim”, avaliou. “Não que ter uma equipe com dois pilotos não seja positivo, isso daí é indiferente, mas eles estão apostando todas as fichas em mim e isso me deixa muito confiante para a temporada”, frisou.

Eric Granado citou Dominique Aegerter e Jordi Torres como rivais na briga pelo título (Foto: SRT)

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Eric, porém, afirmou que é difícil fazer uma comparação entre as duas equipes.

“Não tem muito como fazer comparativo de uma equipe e outra. As motos são iguais e não tem o que dizer. A estrutura é outra, tem outras pessoas trabalhando, outro método de trabalho, então acho que é isso”, disse.

Ao longo da pré-temporada, Dominique Aegerter se mostrou o rival mais forte do brasileiro, mas, ao GRANDE PRÊMIO, o brasileiro disse esperar outros pilotos também na briga pelo título.

“O Aegerter realmente foi muito rápido em Jerez nos testes, era eu e ele sempre nos tempos rápidos, mas, com certeza, durante a temporada vão surgir outros pilotos e outros nomes competitivos, que vão estar brigando ali nas posições dianteiras”, assegurou. “Acredito que Jordi Torres, que foi campeão no ano passado, vai estar na frente, Matteo Ferrari, tem outros rookies que também estão vindo forte, então eu acredito que vai ser mais um ano muito competitivo e uma disputa muito grande durante toda a temporada”, previu.

Neste terceiro ano, a Energica Ego Corsa permanece quase igual, apenas com algumas mudanças pontuais, inclusive nos pneus Michelin.

“A moto é basicamente a mesma. A gente tem uma suspensão dianteira nova e os pneus da Michelin, tanto o traseiro quanto o dianteiro, novos, que vão muito bem. A gente conseguiu evoluir um pouco mais, por isso também a gente conseguiu baixar os recordes. Em relação ao ano passado, a gente baixou mais de 0s5 no tempo do recorde, então é algo significativo”, comentou. “Também temos aí algumas evoluções de refrigeração. A moto consegue refrigerar um pouco mais no box enquanto a gente está esperando entre treino e treino, e isso ajuda que a moto fique mais fria, a gente tenha um pouco mais de autonomia e um pouco mais de performance”, detalhou.

Por fim, ao ser questionado pelo GP se gostaria de ver alguma mudança na categoria, Granado torceu por mais autonomia e falou que um novo formato para a ePole também seria interessante, já que os pilotos têm uma única chance de fazer volta rápida, o que várias vezes já causou problemas na MotoE.

“A única coisa que eu realmente mudaria na categoria, que eu gostaria que tivesse uma evolução, é em relação à autonomia. A questão do peso, a moto ser pesada, é algo que a gente se acostuma e não é um fator limitante, mas a autonomia realmente é muito baixa e seria mais interessante ainda a categoria se a gente tivesse mais voltas”, ponderou. “Mas todo o resto eu acho que é legal, porque é igual para todo mundo. A moto sendo pesada, sendo leve, tendo pneu X, freio X, não faz diferença. É igual para todo mundo e vai depender do piloto, mas com o fato de ter uma autonomia maior, você tem mais opções de corrida, você consegue fazer uma prova de recuperação, você tem mais opções, mais chances”, considerou.

“E também a questão da ePole, que é algo que é interessante, mas, para o piloto, nem sempre é o mais rápido que se destaca, mas, sim, o mais conservador, porque as vezes o piloto rápido pode errar e, se ele só tem uma oportunidade, ele não vai colocar tudo em risco, porque só tem uma volta”, falou. “Acho que se tivesse duas voltas ou se tivesse um método de treino igual o da MotoGP, com 15 minutos Q1, 15 minutos Q2, seria mais interessante com certeza”, concluiu.

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