GUIA 2024: Marc Márquez encara recomeço na Gresini para descobrir se ainda é quem já foi

Depois de 11 temporadas com a Honda, Marc Márquez saiu do conforto da equipe que chamava de lar para se colocar a prova após quatro anos de absoluto caos. Com a melhor moto do grid, espanhol tenta controlar expectativas, mas sabe que, cedo ou tarde, vai ficar evidente se ele ainda é aquele campeão que um dia foi

A TEMPORADA 2024 É UM RECOMEÇO PARA MARC MÁRQUEZ NA MOTOGP. Dono de oito títulos mundiais — seis deles na categoria de elite —, o espanhol de Cervera virou a carreira do avesso, largou a Honda após 11 temporadas e agora vai vestir pela primeira vez o uniforme de uma equipe satélite: a Gresini.

Nos últimos quatro anos, Marc viveu uma legítima epopeia. Desde que fraturou o braço direito na abertura da temporada 2020, quase tudo deu errado. O #93 precisou passar por quatro cirurgias e viveu idas e vindas. Quando, finalmente, estava 100% fisicamente, foi a Honda quem ruiu.

Há anos apostando unicamente no talento peculiar de Márquez, a marca da asa dourada criou uma RC213V que só funcionava para ele. Mas, aos poucos, nem ele conseguia domar aquele touro bravo. Foram muitos os acidentes envolvendo pilotos da marca na temporada 2023. Marc, Álex Rins e Joan Mir perderam corridas em consequência disso.

Mas, fora o fato de arremessar pilotos pelo ar sem advertência, a moto da Honda não tinha nenhuma característica de destaque. E nem o #93 conseguia fazer milagres.

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Marc Márquez vai correr com a Gresini em 2024 (Foto: David Goldman/ Red Bull Content Pool)

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2023 foi um baque. Era uma temporada onde as esperanças de Marc estavam depositadas. Ele queria se testar contra uma nova geração de pilotos. Ele queria saber se ainda era o mesmo. Mas, sem uma moto com a qual pudesse minimamente parar de pé, o desespero bateu.

O pior momento do ano veio no GP da Alemanha. Conhecido como ‘Rei de Sachsenring’ pelas muitas vitórias na pista da Saxônia, Marc abandonou a etapa após sofrer cinco quedas no fim da semana. A partir dali, o destino parecia traçado.

Marc ainda tinha um ano de contrato com a Honda, assinado lá atrás, quando as duas partes acordaram um vínculo de quatro anos — algo bastante incomum no universo da MotoGP. Mas, cada vez mais, rumores se espalhavam falando de uma inédita mudança para a Gresini.

O piloto disse reiteradamente que tinha contrato, mas o teste de Misano, onde a Honda colocou na pista pela primeira vez aquilo que planejava para 2024, veio acompanhado de decepção. Marc não gostou do que viu e percebeu que a casa de Hamamatsu demoraria muito mais do que ele desejava para dar a volta por cima.

O GP do Japão, então, surgiu como um momento decisivo. Em Motegi, na casa da Honda, Marc se reuniu com a cúpula da HRC. O espanhol já falava abertamente em planos A, B, C… Naquela etapa, o irmão de Álex conseguiu um valente terceiro lugar, que classificou com um momento emocionante.

Ao lado de Márquez na coletiva pós-corrida, Francesco Bagnaia viu nas lágrimas do adversário a resposta da dúvida que pairava na MotoGP e arrancou risos da plateia ao comentar: ‘Bye, bye, Honda’.

Dias depois, após inclusive procurar Dani Pedrosa para uma conversa, o divórcio da Honda foi anunciado. Não muito tempo mais tarde, coube a Gresini anunciar a maior contratação da história do time fundado pelo ex-piloto Fausto Gresini, mas hoje comandado por Nadia Padovani: Marc Márquez e Álex Márquez formariam a dupla titular da equipe em 2024.

Márquez justificou a opção por um contrato de um ano alegando que precisava primeiro entender a própria performance. Depois de tudo que passou, o seis vezes campeão da classe rainha do Mundial de Motovelocidade diz que não sabe mais o próprio nível.

Ao correr com a Gresini, Marc elimina todos os outros poréns. Se não for competitivo, a ‘culpa’ será dele. Já que a moto da Ducati tem a excelência comprovada.

A mudança para a Gresini põe Marc em uma nova posição. Ele não é mais a estrela da fábrica — por motivos óbvios, Francesco Bagnaia é e vai seguir sendo o queridinho de Borgo Panigale — ou o foco do desenvolvimento. Mas ele segue sendo uma estrela. Os seis títulos na MotoGP lhe conferem esse status.

Como tal, estará sob os holofotes, como esteve durante toda a pré-temporada. O teste pós-temporada de Valência, aliás, atingiu uma visibilidade praticamente inédita. Silenciado pelo contrato ainda em vigência com a Honda, um simples sorriso de Marc ganhou as manchetes em todo mundo.

Em termos de performance, porém, o balanço dessa fase de testes é menos impressionante. Márquez foi bem em termos de ritmo, mas menos chamativo em volta lançada. Ele diz que ainda tenta pilotar como se estivesse na Honda, um hábito que precisa perder para extrair o máximo da GP23.

Por outro lado, tem quem diga que o namorado de Gemma Pinto escondeu o jogo e não mostrou tudo que podia. A própria Ducati saiu de Sepang crente que ele não tinha mostrado a plena capacidade.

Mas uma coisa é certa: Gemma, Roser, Julià e próprio Marc respiram aliviados com o fato de a moto ser mais ‘segura’. O #93 sofreu uma única queda até aqui: na hora final do último dia de atividades em Lusail. E escapou ileso.

Cedo ou tarde, a temporada 2024 vai mostrar se aquele Márquez de outrora ainda existe. Mas, depois de desfilar um imenso talento tantas e tantas vezes, ninguém se surpreenderia de ver que aquele campeão de antes ainda está lá.

Confira o guia da MotoGP para a temporada 2024. Acesse aqui (Arte: Thiago Rocha)

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