Ausência de Marc Márquez altera dinâmica da MotoGP. Mas não tira valor do feito de Mir

Protagonista da MotoGP desde 2013, o piloto da Honda fraturou o braço direito na abertura da temporada, mas uma tentativa frustrada de volta precoce ainda põe em dúvida a data de retorno do hexacampeão da classe rainha

Não foi só a pandemia do novo coronavírus que deu uma dinâmica diferente para a temporada 2020 da MotoGP. Protagonista desde que subiu à classe rainha, em 2013, Marc Márquez passou quase todo o campeonato ausente no departamento médico e, apesar da longa pausa, ainda são muitos os rumores que indicam que o espanhol não está completamente recuperado.

Depois de uma pré-temporada onde a Honda foi apenas discreta, Marc mostrou força no GP da Espanha, primeira parada do campeonato, mas andando claramente acima do limite da RC213V, caiu quando vinha em uma prova de recuperação e acabou com o braço direito fraturado.

Marc Márquez, Honda, MotoGP 2020, Barcelona
Marc fraturou o braço direito no início da temporada (Foto: Repsol)

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O revés, porém, veio acompanhado de imprudência. E não só de Marc, é bom que se diga. A Honda concordou com a ideia de um retorno precoce. E a proposta teve respaldo médico, já que foi sancionada pelo Dr. Xavier Mir, que fez a operação, mas também aprovada pelo médico local, que submeteu o hexacampeão a uma avaliação física prévia ao GP de Andaluzia.

Muito embora o piloto não tenha dado conta de correr na segunda etapa de Jerez, Marc insistiu nos treinos físicos, acabou por danificar a placa de titânio colocada para consolidar a fratura inicial e foi submetido a uma segunda cirurgia. Chefe da Honda, Alberto Puig foi rápido em jogar os médicos debaixo do ônibus, alegando que não sabia que a placa poderia ser danificada. Bom, isso não é exatamente um dos grandes mistérios da humanidade, mas, é como diz o ditado: não adianta chorar pelo leite derramado.

Uma vez que a segunda intervenção foi necessária, os prazos de retorno foram ficando mais e mais elásticos. No fim das contas, com exceção do primeiro GP e do TL3 da segunda corrida, Marc não disputou a temporada. E ninguém sabe exatamente quando o piloto de Cervera voltará a subir no protótipo da asa dourada.

Aí você pode pensar: ‘Mas então 2020 não teve graça nenhuma’. Só que tudo nesta vida é uma questão de referencial. Não teve graça em comparação a o que?

Se o seu conceito de diversão é ver Marc Márquez dominando, então, é, a temporada foi um horror mesmo. Mas se uma boa corrida é aquela com um vencedor inesperado ou definida apenas nos metros finais, então não dá para reclamar muito do campeonato deste ano.

É fato que a ausência de Marc é sentida. Afinal, o piloto não é só talentoso, mas, ao menos dentro da pista, é um verdadeiro ‘showman’. Márquez gosta e contribui ― muito ― com o espetáculo. Então é claro que o espectador sente falta de um dos pilotos mais brilhantes da história.

Mas seria injusto com os demais dizer que a falta do irmão de Álex tornou a temporada ruim. E, mais do que isso, seria mentia também.

A temporada não foi ruim. Foram nove vencedores diferentes! E quatro fábricas no topo do pódio: Yamaha, KTM, Ducati e Suzuki. A Aprilia segue sem chances de vencer, mas a Honda viu a performance sumir sem o líder habitual.

O que é injusto, entretanto, é diminuir o título de Joan Mir por causa da ausência de Márquez. O espanhol de Cervera não estava na pista por causa de um erro. Por causa de uma lesão. Nada incomum ao esporte. Como bem disse o piloto da Suzuki, não é como se ele tivesse sido raptado.

Marc fez falta, claro. Mas Mir fez o dele para ser o justo campeão de 2020.

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