GUIA 2024: Albon vai de renegado a desejado e começa temporada em alta na Williams

Rejeitado pela Red Bull em 2020, Alexander Albon deu a volta por cima com a Williams e agora espera nova oportunidade em uma equipe de ponta

Depois de ter sido deixado de lado pela Red Bull em 2020 e ficar de fora do grid da Fórmula 1 para o ano seguinte, Alexander Albon deu a volta por cima e fez uma ótima temporada com a Williams em 2023. O tailandês provou que, agora, mais maduro, é capaz de extrair mais do carro e de conseguir resultados importantes para o time. Desta forma, o dono do #23 voltou a entrar no radar das grandes equipes.

Albon fez sua estreia na F1 pela Toro Rosso — atual RB, ou Visa Cash App RB —, em 2019, ocupando uma vaga ao lado do russo Daniil Kvyat. Após conquistar bons resultados ao longo do primeiro semestre daquele ano, Alex logo foi promovido para a equipe principal da marca de energéticos e se tornou companheiro de Max Verstappen a partir do GP da Bélgica, a 13ª prova do certame. No time de Milton Keynes, Albon substituiu Pierre Gasly, que foi rebaixado para a Toro Rosso.

Na equipe comandada por Christian Horner, o desafio de enfrentar o neerlandês acabou sendo demais para Albon. Na única temporada completa que fez ao lado de Verstappen, em 2020, o #23 terminou 109 pontos atrás do tricampeão. Enquanto o companheiro de equipe venceu duas corridas e subiu ao pódio 11 vezes naquele ano, Alex só terminou entre os três primeiros em duas oportunidades, sem conquistar nenhuma vitória. O desempenho discreto fez com que Helmut Marko, consultor da Red Bull, optasse por substituí-lo por Sergio Pérez no ano seguinte, deixando o tailandês sem vaga no grid de 2021.

Uma nova oportunidade surgiu quando a Williams, em 2022, ainda chefiada por Jost Capito, decidiu colocar Albon na vaga deixada por George Russell, que se mudou para a Mercedes. “Quando você fica um ano fora da F1, nunca é certo que fará um retorno, então estou extremamente grato à Red Bull e Williams por acreditarem em mim e ajudarem em minha jornada de volta ao grid”, disse Albon na época.

Jost Capito e Alex Albon na temporada 2022 (Foto: Williams)

A primeira temporada no time inglês não foi nada boa: a equipe de Woking somou apenas 8 pontos e terminou o Mundial de Construtores na última posição. Albon conquistou metade dos tentos, enquanto que a outra parcela ficou por conta de Nicholas Latifi (2) e Nyck de Vries (2), que fez uma única aparição no carro azul durante o fim de semana do GP da Itália, quando o próprio tailandês teve de ser hospitalizado por conta de uma apendicite e foi substituído.

Ao longo de todo o ano, Alex pontuou em apenas três das 22 corridas que foram disputadas — GP da Austrália, GP de Miami e GP da Bélgica. Claro, o modelo para a temporada, o FW44, era bem inferior aos demais carros do grid, o que prejudicou o #23 na busca de melhores resultados. No entanto, o fato de ter ficado um ano longe da categoria e ter retornado exatamente em 2022, quando um novo regulamento entrou em vigor na F1, influenciou na performance de Albon, que demorou a se acostumar com as mudanças.

Depois que a empresa de investimento privado Dorilton Capital, sediada nos Estados Unidos, comprou a Williams em meados de 2020, as expectativas eram de que o time voltasse a figurar entre os mais importantes da categoria. Os resultados de 2022 foram um balde de água fria na nova proprietária, que agiu rapidamente para fazer mudanças. A maior delas ficou por conta do cargo de chefe de equipe: Jost Capito foi demitido e James Vowles, contratado para o seu lugar.

O britânico, ex-diretor de estratégia da Mercedes, chegou no início de janeiro de 2023 e revolucionou a estrutura interna da Williams. As melhorias começaram a ser sentidas a partir do GP do Canadá, a oitava etapa do campeonato, quando o único grande pacote de atualizações do ano foi introduzido no FW45.

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James Vowles com Alexander Albon e Logan Sargeant (Foto: Williams)

Albon começou a temporada 2023 com o pé direito. Na corrida de abertura, no GP do Bahrein, o tailandês conquistou 1 ponto ao terminar na décima colocação, depois de ter largado somente em 15º.

As etapas seguintes não foram tão boas assim para o companheiro de Logan Sargeant, que não conseguiu ver a bandeirada final no GP da Arábia Saudita e no GP da Austrália, e ficou fora dos pontos em Baku, Miami, Mônaco e Barcelona. Somente na oitava etapa, em Montreal, já com as atualizações feitas no carro #23, é que o tailandês conseguiu terminar em sétimo e garantiu mais 6 pontos para a equipe comandada por Vowles.

De fato, a corrida no circuito Gilles Villeneuve foi o grande ponto de virada de 2023. Antes dela, Albon havia somado apenas 1 ponto, mas conquistou mais 26 a partir do GP do Canadá. Claro, as mudanças no FW45 desempenharam um papel fundamental, mas as performances de Alex foram dignas de nota e chamaram atenção de todos na categoria. Para comparação, o companheiro de equipe, Sargeant — novato e mais inexperiente —, somou apenas 1 pontinho em toda a temporada, ocasionado pelas desclassificações de Charles Leclerc e Lewis Hamilton no GP dos Estados Unidos, em Austin.

No geral, Albon foi o grande responsável pela sétima colocação do time no Mundial de Construtores, superando AlphaTaruri — agora RB —, Alfa Romeo — agora Sauber — e Haas. Um feito enorme que o fez entrar na mira das grandes equipes do grid para os próximos anos.

Alexander Albon espera ser ainda melhor em 2024 (Foto: Williams)

O desempenho ruim de Sergio Pérez na última temporada colocou o futuro do mexicano na Red Bull em xeque. Apesar de ter conquistado o vice-campeonato no Mundial de Pilotos, garantindo ao time dos energéticos uma dobradinha na competição pela primeira vez na história, ‘Checo’ ficou muito distante de Verstappen, companheiro de equipe e campeão em 2023 — 290 pontos separaram os dois na tabela. A situação incomodou a equipe de Milton Keynes, que passou a observar o mercado de pilotos com atenção em busca de candidatos à vaga do #11. O nome de Albon pode estar presente na lista de desejos de Helmut Marko, embora o austríaco de 80 anos negue.

Caso a antiga equipe não abra as portas para um possível retorno, Alex tem outras opções no mercado. Após o anúncio da saída de Lewis Hamilton da Mercedes para a Ferrari em 2025, a vaga deixada no time de Brackley ao lado de George Russell pode ser a melhor escolha para o tailandês. Embora não tenha um carro capaz de competir com a Red Bull no momento, o projeto das Flechas de Prata para os próximos anos pode ser interessante. A equipe alemã terminou o último Mundial de Construtores na segunda colocação e parece ter encontrado um novo caminho com o W15.

A Mercedes, por sua vez, não terá pressa para escolher o substituto de Hamilton para os próximos anos. Há muitos candidatos que gostariam de ocupar a vaga do britânico e, por isso, Toto Wolff não precisa se precipitar e correr o risco de fazer uma escolha errada. Sabe-se, no entanto, que Albon terá concorrência forte se quiser brigar pela vaga, já que pilotos como Esteban Ocon, Pierre Gasly, Carlos Sainz e Fernando Alonso estão em último ano de contrato com suas respectivas equipes e disponíveis para 2025. O jovem Andrea Kimi Antonelli, que vai disputar a Fórmula 2 pela Prema, também está sendo cotado.

Se a oportunidade não vier na Mercedes, restam algumas opções pouco prováveis. Uma possível saída de Alonso da Aston Martin pode abrir uma vaga ao lado de Lance Stroll, embora o time de Silverstone possivelmente dê preferência aos pilotos que já possuem certa ligação com a escuderia esmeraldina como, por exemplo, o brasileiro Felipe Drugovich, reserva da equipe — ainda que nomes como Sainz e Albon sejam mais experientes para tocar o projeto de Lawrence Stroll.

Além de Red Bull, Mercedes e Aston Martin, as outras opções não são tão boas. Difícil imaginar Albon se mudando para equipes como Haas, Alpine ou Sauber, que são tão instáveis ou mais do que a própria Williams. Um retorno para a RB é altamente improvável. Na Ferrari e McLaren os assentos já estão ocupados.

FW46 da Williams (Foto: Williams)

Uma outra opção seria permanecer na equipe inglesa. Desde a chegada de Vowles, o time de Woking vem se organizando e já deu passos importantes no desenvolvimento do bólido. Claro, a esquadra não será capaz de competir contra as primeiras colocadas do grid tão cedo, mas Albon pode ser convencido pelo projeto de médio e longo prazo e permanecer para liderar a Williams nos próximos anos. Vale lembrar que uma nova mudança no regulamento da F1 vem em 2026, o que deve reorganizar a ordem de forças atual.

Apesar do avanço e das melhorias internas realizadas na estrutura da fábrica, o próprio Albon tem mostrado desejo de sair. O tailandês completa 28 anos de idade no mês que vem e não vai querer esperar mais algumas temporadas para ter a chance de disputar o título. O próprio Vowles tem consciência disso. Embora o chefe da equipe tenha afirmado recentemente que Albon tem contrato até o fim da próxima temporada, o dirigente sabe que acordos são facilmente quebrados na F1 e que Alex pode chutar a porta e escolher um novo destino para a carreira.

Enquanto o futuro não se resolve, o #23 vai entregar tudo o que pode nas pistas e extrair o melhor do FW46. Durante os testes coletivos de pré-temporada realizados na semana passada, no Bahrein, Albon fechou as atividades com o oitavo melhor tempo, marcando 1min30s984 como melhor giro. Claro que os testes não definem as reais posições de cada equipe no grid, mas, apesar dos problemas que a Williams ainda precisa resolver, o rapaz mostrou que continua entendendo o carro e que vai começar a temporada com um bom ritmo.

Albon tem tudo para fazer mais um bom ano e ajudar a Williams a figurar novamente ali pela sétima força do grid. Embora equipes como a Alpine apresentem sinais de queda em relação ao ano passado, outras como a RB parecem realmente firmes para subir no pelotão e podem dificultar a vida da esquadra inglesa, assim como já aconteceu no fim da temporada passada. De qualquer forma, Alex terá desafios maiores para mostrar o seu valor e depende somente de si para atrair a atenção de equipes mais poderosas que optem em apostar em seu talento e lhe dar uma segunda oportunidade na parte de cima do grid.

Fórmula 1 abre a temporada 2024 no próximo fim de semana, entre os dias 29 de fevereiro e 2 de março, com o GP do Bahrein. O GRANDE PRÊMIO transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após cada dia de atividade.

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