MotoGP peca na distribuição e transforma ‘MotoGP Unlimited’ em série limitada
A segunda-feira (14) começou com expectativa para os fãs do Mundial de Motovelocidade, que aguardavam a chegada de MotoGP Unlimited à plataforma Prime Video. A surpresa foi ver que o conteúdo não está presente em muitos países fora da Europa, incluindo o Brasil
O tão aguardado dia o lançamento de ‘MotoGP Unlimited’ começou com decepção para muitos fãs do Mundial de Motovelocidade. Mas não pelo conteúdo da série que se comprometeu a revelar os bastidores do campeonato de elite do motociclismo mundial. É que, ao contrário da promessa, o lançamento global não foi tão global assim.
Desde meados de fevereiro, quando anunciou a data de lançamento, a MotoGP alardeou que a série seria disponibilizada em 14 de março. E é verdade que o comunicado à imprensa que anunciava essa data fazia uma ressalva: “lançado exclusivamente no Prime Video em França, Itália, Espanha e mais de 170 países e territórios ao redor do mundo ― incluindo Reino Unido e Estados Unidos”.
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Mas aí eu pergunto: se estamos falando de um campeonato mundial, em um mundo globalizado, como é que alguns mercados acabam excluídos? E vou além: qual foi o critério para que esses mercados fossem excluídos?
Aqui no Brasil, por exemplo, ‘MotoGP Unlimited’ não está disponível. O GRANDE PRÊMIO entrou em contato com a assessoria de imprensa do Prime Video em meados de fevereiro, quando o serviço de streaming divulgou o calendário de lançamentos de março, e questionou sobre a ausência da série. A resposta foi direta: “No momento, não temos nenhuma informação sobre a série ser lançada no Brasil”.
Em outubro de 2019, quando pagou o mico de anunciar o retorno da MotoGP ao Brasil em um circuito que sequer existia ― ou vai existir, aliás ―, a Dorna, promotora do Mundial, nas palavras de Carmelo Ezpeleta, diretor executivo da empresa, colocou o país como “um importante mercado para motocicletas, corridas de moto e esporte a motor”. Então como assim a gente ficou de fora?
Mas, ok. Vá lá. Brasil não tem tradição de motos. Não temos campeões, só temos o Diogo Moreira na Moto3 e o Eric Granado na MotoE. Ninguém vai mesmo dizer que somos uma potência na motovelocidade. Com muito esforço, alguém pode até fabricar uma desculpa que justifique isso aí.
Só que a Austrália também ficou de fora. A Austrália! A Austrália do Casey Stoner! A Austrália do Mick Doohan! A Austrália de Phillip Island! A Austrália que tem corrida todo ano ― quando a pandemia deixa, claro!
Mas tem pior! Não tem ‘MotoGP Unlimited’ na Indonésia! O país do sudeste asiático é dos maiores mercados consumidores de motos do mundo, um dos queridinhos da indústria. E palco da corrida deste fim de semana! Os fãs indonésios são vidrados na MotoGP, alucinados mesmo! Quem os deixou de fora?
‘MotoGP Unlimited’ é uma oportunidade ímpar de levar a MotoGP para um público maior, para alcançar novos fãs, para levar o campeonato mais longe. Mas ao torná-la uma série limitada ― um trocadilho muito bem feito por Jordan Moreland no Twitter ―, a MotoGP dá uma enorme bola fora. Do jeito que está, parece que o grande objetivo era mostrar os bastidores para quem sempre vê os bastidores: a mãe do Marc Márquez, o tio do Valentino Rossi, o primo do Álex Rins, a sobrinha do Carmelo Ezpeleta, o melhor amigo de infância do acionista majoritário da Dorna e etc.
O conteúdo pode ser excelente, mas se ele não chega ao consumidor final, de que adianta? Que fã ‘MotoGP Unlimited’ vai conquistar se ela está limitada a “França, Itália, Espanha e mais de 170 países e territórios ao redor do mundo ― incluindo Reino Unido e Estados Unidos”, mas exclui mercados-chave, mercados com públicos imensos?
A MotoGP acertou ao entrar na onda da Fórmula 1 com ‘Drive to Survive’, mas deveria ter seguido literalmente os passos da irmã caçula e feito uma série que chegasse em todo mundo ao invés de um produto que se limitasse a uma parcela do mercado.
Pelas redes sociais, também dá para ver muitas criticas a opção do Prime Video colocar uma dublagem que tem sido classificada como “horrorosa”. Já que a ideia era mostrar os bastidores do esporte como ele é, os pilotos falaram com as equipes como eles sempre falam: em italiano, catalão, espanhol ou o que quer que fosse. E aí, ao invés de uma opção com legenda, meteram uma dublagem para padronizar todo mundo, tirando toda a originalidade do conteúdo. Isso, porém, parece ter sido uma falha técnica que pode ser solucionada de maneira rápida.
Até aqui, como diriam os jovens, o lançamento de ‘MotoGP Unlimited’ flopou.
A MotoGP volta às pistas no próximo dia 20, com o GP da Indonésia, no circuito de Mandalika. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades da segunda etapa do Mundial de Motovelocidade 2022.
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