GUIA 2022: Williams, Alfa Romeo e Haas miram subida no grid em ano de renovação
Equipes que formaram o fundo do grid da F1 ao longo de todo o ano passado, Williams, Alfa Romeo e Haas apostam em soluções diferentes para enfim deixarem a rabeira do campeonato, no ano de estreia do novo regulamento técnico
Depois de mais um ano inteiro em que não foi possível sonhar com nada além dos três últimos lugares do Mundial de Fórmula 1, Williams, Alfa Romeo e Haas tentarão dar o ‘pulo do gato’ em 2022, aproveitando o novo regulamento técnico da categoria — e algumas novidades — para enfim subirem no grid. No entanto, os seis dias de pré-temporada em Barcelona e Bahrein formaram visões distintas em cada uma das garagens.
Oitava colocada no Mundial de Construtores de 2021, a Williams conseguiu somar 23 pontos muito em função do segundo lugar de George Russell no caótico ‘não-GP’ da Bélgica, em que a chuva interrompeu a corrida e cada piloto do top-10 recebeu metade dos pontos equivalentes à sua posição. Ao longo do ano, se mostrou — mais uma vez — um carro que não oferecia aos pilotos a menor possibilidade de serem competitivos.
Em 2022, os primeiros sinais foram positivos à Williams. Nos testes de pré-temporada em Barcelona — onde as equipes buscam a maior quilometragem possível para obtenção de dados —, a equipe britânica conseguiu dar 347 voltas ao redor do Circuito da Catalunha, apenas 11 a menos do que a Red Bull, por exemplo — foi a quinta equipe que mais andou.
O resultado, como não poderia deixar de ser, animou um time acostumado a passar por dificuldades nas últimas pré-temporadas, mas que não é mais comandada pela família Williams e conta com um importante fundo de investimento no Dorilton Capital para equilibrar as finanças e tentar formar uma equipe vencedora novamente.
As mudanças já foram postas em prática pelos novos donos, que retiraram a homenagem ao brasileiro Ayrton Senna na confecção do FW44 e optaram por contratar o tailandês Alexander Albon para substituir George Russell, que vai para sua esperada estreia na Mercedes.
Nem tudo são flores, entretanto. Os mecânicos da equipe de Grove, apesar de satisfeitos com os primeiros resultados dos três dias de testes em Barcelona, ainda buscam resolver a fumaça que saía do carro de Albon na sexta-feira (25), último dia na Catalunha. Além disso, o último dos três dias de testes no Bahrein reservou — literalmente — um incêndio na equipe, que viu a traseira do carro de Nicholas Latifi pegar fogo.
O problema enfureceu o chefe da equipe, Jost Capito, que lamentou perder quase um dia inteiro de programação para combater o fogo. Na tabela combinada de tempos da pré-temporada do Bahrein, os dois pilotos da equipe ficaram à frente apenas de Pietro Fittipaldi, piloto reserva da Haas, que só andou um dia e sem os pneus macios. A esperança em Grove é de que a impressão obtida em Barcelona, com uma ótima quilometragem, seja a toada da equipe britânica ao longo do ano.
Último time do grid a apresentar a pintura do carro para a temporada, a Alfa Romeo terá o único novato da categoria a bordo da C42: o primeiro chinês da história da Fórmula 1, Guanyu Zhou. Além disso, o time de Hinwil também foi o único a trocar totalmente a dupla de pilotos para este ano: o finlandês Valtteri Bottas também foi contratado, de modo a equilibrar a experiência de um com a juventude do outro.
E, apesar de parecer um bom plano na teoria, a adaptação de um piloto novato à Fórmula 1 é sempre bastante complicada, ainda mais em um carro que não ofereceu grandes possibilidades nos últimos anos. Zhou queria aproveitar a pré-temporada para dar o maior número possível de voltas no carro, mas sofreu com problemas mecânicos e deu apenas 175 voltas em Barcelona — à frente apenas da Haas.
Por outro lado, no Bahrein, a equipe ficou atrás apenas de Mercedes, AlphaTauri e Ferrari no número de voltas completadas: 343, sendo 184 de Zhou e 159 de Bottas. Ainda assim, não foi possível recuperar terreno em relação aos três primeiros dias, e a escuderia terminou mesmo no penúltimo lugar em voltas completadas — novamente, à frente da Haas.
Apesar de alguns erros do chinês também terem sido responsáveis pelo pouco tempo de pista da equipe, a Alfa Romeo sofreu com problemas de confiabilidade em Barcelona e até conseguiu resolver a maioria deles no Bahrein — antes de novamente sofrer uma quebra no carro de Bottas, o que fez o time perder algumas sessões de simulação de corrida.
A escuderia ainda contou com a presença de Robert Kubica na Espanha, um piloto experiente e de larga vivência na Fórmula 1, para aproveitar os momentos de pista de modo a acumular o máximo possível de informações, para que o feedback recebido pela equipe seja o mais detalhado possível. Vale ressaltar que, ao contrário da maioria das equipes do grid, a Alfa Romeo não sofreu com o limite de peso da categoria, o que pode vir a ser um trunfo este ano em comparação ao ano passado.
Por fim, a única equipe que não conseguiu somar pontos em 2021. Apesar do cenário não ter como piorar em relação ao ano passado, a Haas já entrou em 2022 com problemas graves a serem resolvidos — dentro e fora das pistas. Titular da equipe em 2021, Nikita Mazepin viu o patrocínio de seu pai ser retirado do carro e perdeu a vaga, dando lugar ao experiente dinamarquês Kevin Magnussen, que retorna à F1 e já chegou inclusive a liderar a tabela de tempos na sexta-feira, no Bahrein.
Primeiramente em relação ao carro, o VF-22 foi o que menos andou entre as dez equipes do grid na pré-temporada de Barcelona: apenas 160 voltas. O próprio chefe da equipe, Guenther Steiner, demonstrou frustração com os diversos problemas sofridos pelo modelo da Haas: danos no assoalho, quebra na bomba de combustível, vazamento de óleo e um problema no sistema de arrefecimento (resfriamento) do motor, que superaqueceu a bateria.
No Bahrein, a situação melhorou — mas nem tanto. Schumacher e Magnussen conseguiram registrar tempos competitivos, mas que não necessariamente demonstram o nível da equipe para a temporada de 2022. Com 253 voltas completadas em Sakhir, o time americano ficou à frente apenas da McLaren no quesito, mas certamente demonstrou que possui um carro melhor do que o do ano passado, que se arrastava nos dois últimos lugares.
O carro dos americanos conta com algumas características visivelmente diferentes de algumas rivais — principalmente nas laterais —, o que levanta dúvidas sobre como será o desempenho da Haas quando conseguir controlar os problemas de confiabilidade e colocar tudo que tem à disposição na pista.
Como se não bastasse, a invasão do território ucraniano por parte da Rússia gerou repercussões diretas na equipe, que tinha como patrocinadora principal a Uralkali — gigante de fertilizantes comandada por Dmitry Mazepin, pai de Nikita. O nome da empresa foi retirado do VF-22 e dos equipamentos do time, que também apagou as cores que faziam referência à bandeira russa — o carro foi todo pintado de branco, com alguns detalhes em vermelho.
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Logo em seguida, o próprio Mazepin sofreu as consequências: sem o patrocínio da empresa russa, o piloto perdeu a vaga na equipe e viu Magnussen retornar à equipe que defendeu em sua saída da F1, ao final de 2020. O dinamarquês chegou com tudo e liderou a sexta-feira de treinos no Bahrein, em contagem de tempo que na prática, vale muito pouco para a disputa da temporada. Especialmente porque veio a partir de uma hora extra da categoria para o time.
A Haas já havia anunciado em 2021 que não investiria no modelo do ano passado. Em uma temporada na qual apresentou dois novatos à Fórmula 1 — Mick Schumacher e Mazepin —, o time americano capitaneado por Gene Haas focou todos os seus esforços no VF-22. A partir de 20 de março, com uma dupla diferente de pilotos, será o momento de mostrar se o trabalho valeu a pena.
GUIA FÓRMULA 1 2022
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