GUIA 2021: Hamilton parte para ser maior campeão da F1 em ano de possível adeus

Piloto mais importante da história da Fórmula 1, Lewis Hamilton tem tudo para superar Michael Schumacher, conquistar seu oitavo título e se consagrar como o maior campeão de todos os tempos no ano que pode marcar também sua despedida das pistas

Como foi o terceiro e último dia de pré-temporada da F1 em Sakhir (Vídeo: GRANDE PRÊMIO)

Heptacampeão mundial, consagrado como o maior vencedor de todos os tempos e a maior voz do esporte a motor em toda a história. Lewis Hamilton chega à temporada 2021 da Fórmula 1 laureado por tudo o que já fez dentro das pistas, dono de incontáveis recordes de performance e pela postura que se diferencia dos seus pares fora delas ao levantar questões fundamentais para a humanidade como a luta antirracista, o combate à violência e repressão policial, a defesa do meio ambiente e da sustentabilidade e da batalha contra a homofobia. Hamilton, de longe o piloto mais importante que a F1, encara a nova temporada com três frentes principais: pavimentar o caminho rumo ao octacampeonato e se eternizar como o maior campeão da história do esporte, reforçar ainda mais o discurso e as atitudes em prol de causas humanitárias e, por fim, enfrentar o dilema sobre seu próprio futuro: afinal, 2021 vai ser o último ano de Lewis na Fórmula 1?

Hamilton possui no currículo alguns dos melhores números da história: sete títulos mundiais (2008, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020), 95 vitórias, 98 poles, 53 voltas mais rápidas e 165 pódios, para ficar apenas nas principais marcas do britânico de 36 anos e dono de 266 GPs ao longo de 14 temporadas. Em 2021, Lewis terá, logo nas primeiras corridas, a oportunidade de alcançar recordes ímpares na Fórmula 1 e chegar às 100 vitórias e 100 poles, algo inimaginável nem mesmo nos tempos em que Michael Schumacher dominou a categoria no começo do século.

Em teoria, Hamilton parte como grande favorito ao título, traz todas as ferramentas para chegar ao octacampeonato para, enfim, superar Schumacher e se tornar o maior campeão da Fórmula 1 em todos os tempos. O piloto vive o auge da forma física e técnica, está mais maduro do que nunca e tem uma pilotagem quase sem erros. Lewis é parte fundamental do casamento mais bem-sucedido da F1 na história: com a Mercedes, o britânico conquistou seis títulos, 74 vitórias, 72 poles e alcançou o Olimpo do esporte a motor. A tríade Mercedes, Hamilton e Toto Wolff já é a maior que a Fórmula 1 conhece. A permanência de todas essas bases dá ao hoje heptacampeão todas as condições de buscar o oitavo título.

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O casamento perfeito entre Lewis Hamilton e a Mercedes pode levar o britânico ao oitavo título mundial de F1 em 2021 (Foto: Mercedes)

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Só que, também em teoria, Hamilton talvez seja menos favorito do que nos últimos anos. Durante os testes de pré-temporada que a Fórmula 1 promoveu entre 12 e 14 de março, em Sakhir, a Mercedes sofreu muito com a falta de equilíbrio do novo W12, sobretudo na parte traseira do carro, e ficou longe de indicar uma performance dominante. Claro, testes são testes, corridas são corridas, mas não foi o começo dos mais promissores para o modelo, apelidado pelo chefe Toto Wolff como “pequena diva” e “um carro tóxico para pilotar”. Um dos fatores listados pelo dirigente austríaco pela falta de equilíbrio do W12 foi o vento forte, principalmente nos dois primeiros dias de atividades de pista de pré-temporada. Mas há quem levante a questão: o vento barenita foi o mesmo para todos, mas foi a Mercedes quem apresentou maior sensibilidade.

Em contrapartida, a Red Bull teve um desempenho muito sólido com o RB16B e impressionou tanto em volta lançada como, principalmente, em ritmo de corrida. Caso os ensaios em Sakhir reflitam a realidade, Max Verstappen desponta como grande concorrente de Hamilton na disputa pelo título da Fórmula 1 em 2021. O surgimento de uma ou mais forças é bom até para Lewis, que ficaria feliz por ter mais diversão nas pistas.

Imagine que a Red Bull comece mesmo a temporada em um nível um pouco acima da Mercedes. Se tal cenário de fato se concretizar, a única certeza é que tanto Mercedes como Lewis Hamilton têm capacidade enorme de reação. A história recente da Fórmula 1 assim diz. Em 2017 e 2018, anos em que a equipe baseada em Brackley também sofreu com as suas “divas”, a Ferrari se lançou como a grande concorrente na batalha pelo título. Sebastian Vettel liderou boa parte das duas respectivas temporadas, mas Lewis teve calma e reagiu no momento certo para virar o jogo e conquistar mais dois títulos.

Portanto, pelo conjunto da obra, Hamilton desponta, sim, como grande favorito à taça. A concorrência que lute.

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Um campeão da vida

No ano passado, Hamilton saiu do sofá e foi às ruas de Londres para protestar contra o racismo, levantou o brado retumbante contra o insano projeto de derrubada da floresta para a construção do autódromo de Deodoro e levou ao pódio da Fórmula 1 a discussão sobre a repressão policial. A tradicional Mercedes aderiu ao discurso do seu maior representante, se posicionou e trocou a tradicional cor prata pelo preto. Lewis entendeu o tamanho que tem e tonou ciência do alcance da sua voz.

Em 2021, o piloto mais importante da história da Fórmula 1 já se posicionou diante de vários temas. Lewis levantou o debate sobre o ‘We Race As One’ (Corremos como um só, em tradução livre), projeto da Fórmula 1 que busca tornar a categoria mais inclusiva, aberta à diversidade e livre de preconceitos. Só que a ação hoje se resume a uma hashtag para ‘subir’ nas redes sociais, mas não há nenhuma ação efetiva. A própria F1, como um todo, se calou diante do ato criminoso de Nikita Mazepin ao apalpar um dos seios de uma modelo em dezembro do ano passado.

Lewis lembrou que não basta um slogan bonitinho, mas que “ações são necessárias”. Em outra frente, Hamilton criticou a postura da Igreja Católica, que é contra a união LGBTQIA+, e bradou: “Amor é amor. É inaceitável que hoje em dia qualquer um tenha de enfrentar preconceito ou discriminação baseado na pessoa que você ama, ainda mais em nome de um Deus que, pelo que nos dizem, ama todos da mesma forma”. Só verdades.

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Lewis Hamilton vai muito além do esporte e faz sua voz ecoar na luta contra o preconceito (Foto: Mercedes)

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Nesta última semana, Hamilton veio a público para lamentar mais um tiroteio ocorrido nos Estados Unidos, desta vez no Colorado, onde tem uma casa. “Devastador saber que este lugar lindo foi despedaçado por uma violência sem sentido”.

Há outras questões sobre as quais Hamilton certamente vai ser confrontado neste ano, como o fato de correr na Arábia Saudita, palco da penúltima etapa da temporada 2021 da Fórmula 1. O país é um notório violador dos direitos humanos, pauta que é muito cara a Lewis. Várias ONGs já pediram ao heptacampeão mundial o boicote à prova, marcada para 5 de dezembro no circuito de rua de Jedá.

A pauta antirracista foi, é e sempre vai estar no coração de Hamilton. Uma luta que o piloto promete encarar “enquanto tiver ar nos pulmões. Precisamos continuar a lutar pela igualdade para todos, para que possamos ver a verdadeira mudança em nosso mundo. Enquanto estiver vivo, vou continuar a lutar por mudanças em tudo que eu faço”, avisou o maior vencedor da história da Fórmula 1.

A grande interrogação

Hamilton foi o grande protagonista de uma novela que se arrastou desde meados do ano passado e só teve seu desfecho nos primeiros dias de fevereiro. A renovação do seu contrato com a Mercedes parecia ser favas contadas e apenas mera formalidade, mas as conversas se estenderam por longos meses antes de um final feliz. A assinatura foi sacramentada, mas levantou algumas questões: por que, depois de várias renovações com duração de três anos, o novo vínculo vai ter só um ano? Será 2021 o ano da ‘última dança’ do maior de todos?

Motivação não falta a Lewis, que garante: “Ainda amo o que faço”. O piloto deixou claro que, no entanto, o futuro está realmente em aberto.

“Escolhi ter um ano de contrato para poder ver como vai ser o ano. E aí vamos discutir a respeito o ano todo. É ver se quero seguir, se é isso mesmo que desejo, mas isso vai acontecer durante o ano. Ainda acredito muito nisso, aposto alto em mim, sei o que posso entregar. Tenho uma relação extraordinária com a Mercedes, incrivelmente profunda. Acho que essa relação vai bem além das corridas”, completou.

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Contrato de apenas um ano de duração levanta dúvida sobre futuro de Lewis Hamilton na F1 (Foto: Mercedes)

Uma das pessoas que melhor conhece Lewis na vida, o pai, Anthony Hamilton, lembrou que há outro fator que contribuiu para o tempo bem menor do novo contrato do piloto com a Mercedes. “Acho que é a percepção de que ele está ficando mais velho e quer fazer outras coisas na vida. Há mais coisas na vida do que o automobilismo, mas ele está feliz de correr por mais um ano”.

Lewis traz na mente o objetivo de seguir quebrando recordes e se consolidar, também nos números, como o maior campeão da história da Fórmula 1. No coração, a luta vai mais além: a defesa dos direitos humanos, a defesa da vida, da batalha contra qualquer tipo de preconceito e tendo o amor como principal lema. Certamente, o discurso pelas causas humanitárias vai permanecer mesmo quando Hamilton deixar o esporte que o consagrou.

Seja 2021 o ano da ‘última dança’ ou não, o fato é que estamos diante da história ao ver Lewis Hamilton na pista. Desfrutemos, pois, de cada segundo, de cada momento, do maior de todos em ação na Fórmula 1.

O GRANDE PRÊMIO preparou um GUIA 2021 com tudo que é preciso saber sobre a temporada que começa em 28 de março, que terá cobertura completa dos treinos livres, classificação e corrida. Tudo acompanhando ao vivo e em tempo real. Além disso, o GP faz a análise da definição do grid de largada no sábado e tem ainda o pré e pós-corrida no domingo, sempre no BRIEFING, na GPTV.

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