GUIA 2022: Talentoso Russell enfim recebe carro à altura e vira peça-chave na Mercedes
Após três anos de 'estágio' na Williams, a Mercedes finalmente cedeu ao talento de George Russell e alçou o piloto à titularidade. Agora, o jovem britânico tem de lidar com novas responsabilidades e expectativas
“Estaria mentindo se dissesse que não estou absurdamente empolgado. É uma grande oportunidade e quero agarrar com as duas mãos. Meu objetivo deve ser recompensar a confiança que Toto Wolff, a equipe e a diretoria depositaram em mim, garantindo que eu desempenhe minha parte na continuidade desse sucesso. Quero deixar meus novos companheiros de equipe orgulhosos. Claro, um desses novos companheiros é, na minha opinião, o maior piloto de todos os tempos.” Essas foram as primeiras palavras de George Russell como titular da Mercedes.
Era questão de tempo, pois. Só que como esse tempo demorou para chegar, hein, ‘Georgie’? Depois de três intermináveis anos, a temporada de 2022 da Fórmula 1 contará com a esperada estreia do piloto na Mercedes. Intermináveis para ele porque a equipe alemã parecia, de todo jeito, evitar a promoção de seu jovem prodígio. Intermináveis para nós porque, enfim, poderemos ver o britânico tendo à disposição um carro correspondente ao seu dom.
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Desde cedo, Russell chamou a atenção pelo talento. Desde cedo, também, esteve ligado à Mercedes. Com a carreira gerenciada por Toto Wolff a partir de 2013, quando tinha somente 15 anos de idade, George teve as portas da Academia de Pilotos da equipe abertas. Conquistou a GP3 – atual Fórmula 3 – em 2017 e a Fórmula 2 em 2018. No ano seguinte, já foi promovido à principal categoria do automobilismo mundial, mas defendendo a Williams. Era preciso, claro, um período de adaptação.
Nas três temporadas no time da família Williams, o britânico obteve 1 pódio, 16 pontos e um ritmo de classificação impressionante. Parece pouco, mas, em uma equipe que não conseguiu mais do que o oitavo lugar no Campeonato de Construtores, é muito. Não só: como o próprio time alemão ressaltou ao anunciar sua contratação, Russell mostrou ter uma “ética de trabalho impressionante”. Por obra do destino, no entanto, o destaque da carreira do britânico até aqui foi vestindo o macacão de outra equipe: justamente a Mercedes.
No primeiro dia de dezembro, em 2020, Hamilton contraiu a Covid-19. No calendário, ainda a disputar o GP de Sakhir e o de Abu Dhabi. Não que importasse, afinal, Lewis já havia garantido o heptacampeonato – o foco era na saúde, e nisso, o piloto esteve sempre bem, com sintomas controlados.
Restava, então, definir quem o substituiria na corrida seguinte, no deserto bareinita. Stoffel Vandoorne parecia ser a escolha óbvia, afinal, era o piloto reserva das Flechas de Prata e estava no Bahrein. Mas o chefe da equipe, Wolff, bancou o seu ‘protegido’. Costurou acordo com a Williams e deu a chance que Russell tanto precisava e esperava.
GUIA FÓRMULA 1 2022
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No GP, expectativas correspondidas e superadas. No sábado, Russell ficou a 0s026 da pole-position: seu temporário companheiro de equipe, Valtteri Bottas, largou à frente. Entretanto, na corrida, o britânico assumiu a dianteira logo na primeira curva e, não fosse uma trapalhada da Mercedes – que colocou os pneus do carro do finlandês no carro que o jovem conduzia após safety-car causado por Jack Aitken -, além de um furo no pneu já no fim do domingo, George teria potencialmente vencido a disputa. Ficou o gostinho de “quero mais”, a ser saciado durante este ano.
Para a temporada, também, Russell terá a companhia do próprio Hamilton na equipe. Isso significa substituir Bottas, o que pode aparentar ser um dever relativamente simples para o público, já que o finlandês nunca ofereceu resistência ao heptacampeão e optou por uma abordagem de embate mais pacífica. Mas Bottas tinha muito moral internamente, principalmente com Lewis, que fez campanha por sua permanência ao declarar o piloto de 32 anos “o melhor companheiro de equipe que tive o prazer de trabalhar”. A resistência de Hamilton é entendível: pela primeira vez, já na reta final da carreira, o piloto da Mercedes terá de lidar com um companheiro de time muito mais jovem e cheio de promessas e expectativas. Receio das possíveis dificuldades?
Se a primeira missão na Mercedes for a de superar o ‘pé atrás’ do próprio ídolo Hamilton, que seja. Futuro líder da equipe alemã, Russell vai ter a oportunidade de iniciar uma trajetória de sucesso sob a tutela do multicampeão e ícone do esporte – isso sim deve ser valorizado. Experiência, George tem, graças à Williams. Estrutura para vencer e reagir aos obstáculos, se houver, agora também. Então, precisa corresponder às expectativas e entregar resultados, pela primeira vez na curta trajetória na F1.
“Estou em uma posição privilegiada de se estar, ao lado do melhor de todos. É uma oportunidade incrível para progredir novamente como piloto e ver como eu me saio.” É o que todos nós esperamos, ‘Georgie’: queremos ver como você se sai.
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