Yamaha reage após decepção catari e dá as cartas no primeiro dia em Mandalika

O primeiro dia de treinos da MotoGP na Indonésia trouxe uma variedade de fábricas e pilotos fortes, mas, ao fim de duas sessões livres, foi Fabio Quartararo quem registrou o melhor tempo, formando uma dobradinha com Franco Morbidelli

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É cedo para respirar aliviado, mas o primeiro dia de treinos para o GP da Indonésia serviu para fazer um carinho em Fabio Quartararo. Exasperado depois de uma performance apagadinha no GP do Catar, o francês chegou em Mandalika dizendo que aquela de Lusail era a verdadeira YZR-M1, mas o desfecho desta sexta-feira (18) já serve como um ‘shot’ de ânimo.

É claro que o problema maior segue inalterado. Com os motores congelados, como determina o regulamento da FIM (Federação Internacional de Motociclismo), a Yamaha não tem como operar um milagre de uma etapa para outra. Sendo assim, Fabio não vai brotar misteriosamente no topo do Speed Trap. Nesta sexta, por exemplo, o francês de Nice foi autor da 13º maior velocidade ― 307,6 km/ ―, 3,6 km/h mais lento que Enea Bastianini, que liderou a estatística ao alcançar 311,2 km/h. Mas, ao menos por enquanto, a Yamaha deu conta do recado e não só conseguiu o melhor tempo, mas fez dobradinha e ainda segurou um paredão de Ducati.

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Fabio Quartararo saiu bastante mais animado do primeiro dia na Indonésia (Foto: Yamaha)

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Depois de fechar o TL1 em 16º e enfrentar um problema com a elétrica da YZR-M1 titular, Fabio aproveitou a 16ª das 18 voltas que completou na sessão vespertina para cravar 1min31s608 e assegurar o topo da folha de tempos com só 0s030 de margem para Franco Morbidelli, o segundo colocado.

Encerrado os trabalhos, Fabio assumiu a culpa pela atuação apagada da manhã, mas se mostrou consideravelmente mais animado com a performance.

“Basicamente, nesta manhã eu não estava lá, pois Franco acho que estava dentro do top-5, então a culpa foi minha. De tarde, eu me senti muito melhor. As condições estavam melhores. Eu tive um pequeno problema com a eletrônica, mas no fim me adaptei rapidamente e consegui fazer uma ótima volta”.

Questionado se estava mais confiante do que no GP do Catar e no teste da Indonésia, Fabio respondeu: “Sim, claro. É a primeira vez este ano que termino um treino realmente confiante. No teste aqui, eu me senti confiante, me senti rápido, mas acho que hoje foi bom também para reagir do que fizemos no Catar, que foi bem desapontador. Voltando para cá, mesmo que seja só um teste, você tem a sensação de se ver em uma posição melhor e mais rápido”.

Diferente de Fabio, Morbidelli ficou entre os ponteiros o dia todo e fechou a manhã com o quarto melhor tempo, 0s382 atrás de Pol Espargaró, o líder do TL1.

“Muitas coisas estavam diferentes em comparação ao teste: os pneus, o asfalto, então foi muito difícil mudar as coisas na moto, pois muitas coisas já tinham mudado”, pontuou Franco. “Então hoje nós apenas tentamos nos adaptar a esta nova situação e acho que nos saímos bem, pois fomos decentemente rápidos e, com pneus novos, eu e Fabio fomos rápidos. No geral, diria que foi um dia positivo para nós”, resumiu.

Franco Morbidelli ficou com o segundo posto (Foto: Yamaha)

Perguntado se, assim como Fabio, também se sente mais confiante do que no Catar para esta etapa da Indonésia, Morbidelli respondeu: “Eu me sinto bem. Me sinto bem. Também no Catar estava me sentindo bem, o problema é que me faltava performance no Catar. Aqui eu me sinto do mesmo jeito que no Catar, mas estou no topo, estou ali, então… é difícil dizer, difícil julgar assim cedo”, completou.

Depois dos muitos questionamentos sobre qual a melhor das motos da Ducati, foi a GP22 que começou os trabalhos em Mandalika na ponta, com Johann Zarco e Jorge Martín em terceiro e quarto, separados por só 0s011. Enea Bastianini, de GP21, ficou em quinto, seguido por Jack Miller.

“Estou meio feliz com hoje. Foi um bom dia”, falou Johann. “De manhã, com alguns pontos úmidos na pista e pneus slicks, eu me senti bem, o que foi uma boa surpresa para mim, pois normalmente sou bem cuidadoso, mas o tempo de volta estava sempre com os ponteiros, então isso é importante, pois parece que pode voltar a chover durante o fim de semana”, alertou.

“De tarde, com tudo seco, o ritmo foi bem interessante, pude fazer um bom trabalho com a equipe e, quando chegou a hora de fazer tempo com um pneu macio, ele veio bem, então estou feliz. Fizemos um bom trabalho. Veremos amanhã. Se o sábado de manhã for no seco, com certeza teremos de ficar bem focados, pois todos vão melhorar”, falou.

Vindo de vitória, Bastianini destacou o bom trabalho da Gresini neste primeiro dia, mas avaliou que é preciso dar outro passo no sábado.

Enea Bastianini elogiou o trabalho no primeiro dia em Mandalika (Foto: Gresini)

“Fizemos um bom trabalho, especialmente no TL2”, avaliou Enea. “A pista estava bem úmida esta manhã e aproveitamos a oportunidade para trabalhar neste tipo de condições também, especialmente porque nunca foi o meu melhor cenário”, comentou.

“As condições de pista mudaram de tarde: aderência diferente, pneus diferentes… Precisei criar um plano de última hora e, apesar de um erro no final, as coisas correram bem. Mas ainda não estamos 100% e vamos precisar dar outro passo amanhã, tomara que a pista melhore”, torceu.

Seguindo a boa linha demonstrada na pré-temporada, Aleix Espargaró voltou a colocar a Aprilia competitiva e, 0s400 mais lento que Quartararo ficou com o sétimo tempo. O catalão, porém, não se preocupou, também porque não espera muita coisa da rival de Iwata.

“Não me surpreendeu ver as Yamaha tão para cima, porque eles usaram dois pneus macios e outros, só um. Hoje eles podem estar em primeiro e segundo, mas, dependendo do que acontecer amanhã, podem ficar fora do Q2”, ponderou.

A KTM também fez bonito neste primeiro dia, já que viu Brad Binder e Miguel Oliveira em sétimo e oitavo, afastados pro só 0s032.

Após ir de mais para menos no Catar, a Suzuki chegou à Indonésia tentando inverter a estratégia e deixar o auge para domingo. Assim, a sexta-feira começou com Álex Rins em décimo e Joan Mir só em 20º, 1s033 atrás do ponteiro. O campeão de 2020, porém, sofreu com problemas técnicos com a GSX-RR e deu azar com bandeiras amarelas no fim do TL2, causadas por quedas de Bastianini e Marc Márquez.

Marc Márquez caiu e ficou bem atrás na tabela (Foto: Repsol)

“Tivemos alguns problemas técnicos e também com o freio dianteiro. Depois, ao colocar o pneu macio, não consegui melhorar por causa das bandeiras amarelas. Não conseguimos tirar nada de positivo”, reclamou. “É difícil fazer o pneu traseiro funcionar. Não conseguimos dar muitas voltas, e este é um pneu que melhora com as voltas. Mas existe uma grande margem de melhora para este sábado”, frisou.

A decepção do dia, contudo, ficou na conta da Honda. Líder da pré-temporada, Pol Espargaró ficou apenas em 19º, 1s020 atrás de Quartararo.

“Quando olhamos para o dia, no geral, foi um bom dia”, falou Pol. “Começamos bem, com o primeiro lugar pela manhã e, depois, pela tarde, não foi tão ruim. Houve um problema com o freio dianteiro durante nossa tentativa com os pneus macios, então não pude melhorar como eu queria, mas éramos capazes de entrar no top-5”, avaliou.

“Havia potencial para chegar no top-5 e, infelizmente, esse tipo de problema acontece. Não estamos preocupados com isso. O importante é que os tempos de volta estão aparecendo quando quero. Amanhã é um novo dia e espero que a manhã seja seca, para que possamos entrar no Q2”, torceu.

Marc Márquez, por sua vez, sofreu uma queda no fim da sessão e, com 1min33s578, não passou de 22º, 1s239 atrás do líder. Agora, o hexacampeão vai torcer por tempo firme para tentar avançar direto ao Q2.

“Vou rezar para que não chova de manhã para tentar me manter entre os dez primeiros”, comentou. “O dia foi positivo, mas não podemos ficar felizes, porque estamos muito atrás. Não era momento de cair”, advertiu.

A classificação do GP da Indonésia de MotoGP acontece neste sábado (19), às 4h05 (de Brasília), no circuito de Mandalika. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades da segunda etapa do Mundial de Motovelocidade 2022.

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