Retrospectiva 2020: Gigante dentro e fora das pistas, Hamilton vira o maior de todos na F1

Em um ano absolutamente incrível, Lewis Hamilton quebrou recordes e escreveu páginas ímpares nos livros de história da Fórmula 1 e do esporte a motor como um todo. No aspecto extra pista, o britânico assumiu o papel de um grande líder ao tomar a frente em lutas fundamentais contra o racismo, o desmatamento de florestas e o negacionismo de líderes mundiais a respeito da Covid-19

Se o nome de Lewis Hamilton já figurava com destaque na história da Fórmula 1, 2020 definitivamente representou um passo além nesta trajetória. Um passo gigantesco que marcou a consolidação do britânico como o maior piloto de todos os tempos. Não somente pelos números incríveis e pelos recordes ímpares alcançados nesta atípica e insana temporada, mas também pela sua postura extra pista. Ao mesmo tempo em que pavimentava o caminho que o levou a superar a icônica marca de 91 vitórias e chegar ao heptacampeonato mundial, Hamilton se consolidou como a grande voz de uma F1 essencialmente esbranquiçada e elitista, mas que passou a discutir pautas fundamentais como a luta contra o racismo, o desmatamento de florestas e o negacionismo de líderes mundiais a respeito da Covid-19. Tudo graças a Lewis Hamilton.

Antes de a pandemia transformar e paralisar o mundo, Lewis Carl Davidson Hamilton entrava no novo ano ciente do seu favoritismo na luta pelo título mundial de Fórmula 1 e sabedor também que, se nada saísse do script — como saiu neste 2020 na MotoGP com Marc Márquez —, recordes seriam batidos e a história seria escrita mais uma vez.

Só que, em meio à pausa forçada provocada pelo avanço da pandemia no mundo, sobretudo na Europa, a Fórmula 1 chegou a ter sua próxima temporada em xeque. Ninguém teria muita ideia de como lidar com o tal inimigo desconhecido e como promover um campeonato de dimensões gigantescas, com milhares de pessoas envolvidas e, originalmente, viagens para os quatro cantos do mundo.

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LEWIS HAMILTON; LUTA CONTRA O RACISMO;
Lewis Hamilton: um grande campeão dentro e fora das pistas (Foto: Mercedes/LAT Images)

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O brado contra o racismo

Neste hiato outrora impensável de quase quatro meses desde quando os pilotos foram para a Austrália para uma corrida que acabou sendo cancelada pelo avanço da Covid-19, Lewis ergueu publicamente a sua voz contra uma das maiores excrescências da humanidade: o racismo. Horrorizado pelas cenas do assassinato de George Floyd, asfixiado pelo joelho do policial branco Derek Chauvin em maio, Hamilton saiu da bolha das redes sociais e foi para as ruas de Londres protestar, fazendo coro aos atletas da NBA e bradando ao mundo que vidas negras importam demais.

Ao mesmo tempo em que se manifestava, Hamilton viu a inércia dos seus pares alienados na Fórmula 1. Não à toa, disse que sua luta era solitária. Timidamente ou protocolarmente, alguns dos jovens pilotos do grid foram provocados a também se pronunciar e assim o fizeram, atendendo a um clamor de todo o mundo, mas também como uma maneira de ficar bem diante do melhor piloto da F1 na atualidade.

Lewis Hamilton, Mercedes, Fórmula 1
Em junho, Hamilton participou de manifestações em Londres em apoio ao movimento Black Lives Matter (Foto: Reprodução)

Naquele momento, Lewis marcava posição firme contra o racismo. E ao falar que lutava uma batalha solitária, o recado foi endereçado também à Mercedes, que sentiu que era preciso mudar. Foi aí que a equipe então hexacampeã do mundo tomou uma inciativa ímpar e jamais vista antes na sua história. Pela primeira vez na F1, a equipe anglo-alemã mudou as cores dos seus carros, trocando o tradicional prateado e substituindo pelo preto e a inscrição ‘End Racism’ pintada nas laterais do halo. O gesto não se resumiu somente à mudança do layout do W11, mas representou também uma mudança na política de inclusão da Mercedes, que se abriu para incluir no seu quadro mais profissionais pretos, mulheres e minorias num aspecto geral.

E foi a bordo do W11, pintado de preto como um grande símbolo contra o racismo, que Hamilton fez uma temporada irretocável que o colocou de vez no Olimpo do esporte como o maior de todos e um dos melhores de todos os tempos.

A Mercedes surpreendeu ao mundo ao trocar o prateado pelo preto no W11 em 2020 (Foto: Mercedes)

O caminho rumo à glória

Antes do início da temporada, os números de Hamilton já eram absurdos: seis títulos mundiais, 84 vitórias, 88 poles (recordista na estatística), 47 voltas mais rápidas, 151 pódios alcançados ao longo de 13 temporadas e 250 GPs disputados (110 pela McLaren e 140 pela Mercedes).

No primeiro fim de semana do campeonato, com a primeira prova sendo disputada somente em 5 de julho depois de todo o hiato em razão da pandemia — que fez com que quase todo o campeonato fosse realizado sem a presença do público nas arquibancadas —, Valtteri Bottas, que sempre costuma andar bem no início da temporada, surpreendeu Hamilton e garantiu a pole do GP da Áustria por somente 0s012. O britânico sofreu um pequeno revés ao perder três posições no grid e cair de segundo para quinto por não ter obedecido à sinalização de bandeiras amarelas.

Pilotos se ajoelham, e outros não, em protesto contra o racismo na Áustria
Uma das cenas do ano: pilotos da F1 ajoelhados em protesto contra o racismo. Mas houve quem não aderiu (Foto: LAT Images/Mercedes)

Momentos antes da largada, a Fórmula 1 promoveu pela primeira vez na sua história um protesto formal contra o racismo em frente à linha de chegada no Red Bull Ring. Lewis Hamilton puxou o gesto emblemático ao se ajoelhar e erguer o punho. Todos os 20 pilotos do grid vestiam camisetas com a inscrição ‘End Racism’, mas seis não aderiram à causa antirracista: Max Verstappen, Charles Leclerc, Carlos Sainz, Daniil Kvyat, Kimi Räikkönen e Antonio Giovinazzi ficaram de pé. Os seis pilotos ganharam a companhia, nas etapas seguintes, do dinamarquês Kevin Magnussen, da Haas.

Na corrida, o finlandês triunfou de ponta a ponta, enquanto Hamilton terminou em segundo na pista, mas teve de pagar uma punição de 5s em razão de um incidente com Alexander Albon, caindo para quarto na prova.

Mas a arrancada para o título começou pra valer mesmo no fim de semana seguinte, no mesmo Red Bull Ring, mas na disputa do GP da Estíria. Com uma volta espetacular, Lewis garantiu a pole debaixo de chuva e enfiou 1s2 de vantagem contra Max Verstappen. Na corrida, Hamilton venceu com enorme autoridade e iniciava a contagem: eram 85 triunfos naquele momento. No pódio, outro momento único na Fórmula 1. Stephanie Travers foi a primeira mulher preta e africana ao participar da cerimônia de premiação como representante do construtor vencedor. Engenheira química da Petronas, patrocinadora e fornecedora de combustíveis da Mercedes, a profissional nascida no Zimbábue esteve ao lado de Lewis na festa do champanhe.

Lewis Hamilton e Stephanie Travers
Stephanie Travers fez história ao lado de Hamilton no GP da Estíria (Foto: Twitter)

Em Hungaroring, palco da terceira prova do campeonato, Hamilton cravou a 90ª pole da sua carreira e ampliou o retrospecto vencedor no circuito magiar, chegando a oito triunfos com a sua segunda vitória na temporada. Depois de duas corridas em que Bottas chegou a ocupar a liderança do campeonato, Lewis assumiu a dianteira da tabela do Mundial de Pilotos na Hungria. Posição que manteve até o fim de um campeonato de 17 provas.

A inacreditável vitória de Hamilton em Silverstone

Um dos pontos altos da temporada é sempre o GP da Inglaterra, naquele que foi o berço da Fórmula 1 há 70 anos, Silverstone. Para Hamilton, correr em casa é especial por si só, ainda que neste ano tão estranho sua torcida não estivesse nas arquibancadas. Antes de 2020, Lewis já havia vencido seis vezes na antiga base aérea e tinha todo o favoritismo para alcançar o sétimo triunfo.

A luta pela pole foi vencida sem muita dificuldade, com o britânico conquistando a posição de honra com 0s3 de vantagem para Bottas. No domingo, a corrida em si foi completamente dominada pelo então hexacampeão. Mas a Fórmula 1 pregou uma das suas peças e transformou um desfecho que parecia tranquilo para um final eletrizante e imprevisível.

Nas voltas finais do GP da Inglaterra, vários pilotos sofreram com pneus furados. Bottas e Sainz tiveram de recorrer a pit-stops de emergência simplesmente para completar a corrida. Hamilton abriu a última volta com uma confortável vantagem de 40s perante Max Verstappen, o segundo colocado. Mas poucos metros depois, o pneu dianteiro esquerdo do Mercedes #44 estourou. Lewis se arrastou na sequência do giro derradeiro do circuito, controlou o carro com maestria de modo a equilibrar uma velocidade razoável com concentração no limite. Sendo informado o tempo todo por Pete Bonnington, o ‘Bono’, estrategista da Mercedes, sobre a aproximação de Verstappen, Lewis conseguiu cruzar a linha de chegada com pouco mais de 5s de frente.

O inacreditável Hamilton na chegada do GP da Inglaterra, vencido com apenas três pneus inteiros na última volta (Foto: AFP)

Uma vitória épica! Uma vitória para a história! Com o triunfo, Hamilton virou o maior vencedor da história da Fórmula 1 em sua corrida caseira, superando as seis vitórias de Alain Prost no GP da França.

O GP da Inglaterra era para ser de Hamilton. O GP dos 70 Anos da Fórmula 1, que também foi disputado em Silverstone, não. A pole ficou com Bottas, e o triunfo foi daquele que quase vencera uma semana antes: Verstappen. O holandês aliou pilotagem magistral e uma estratégia perfeita adotada pela Red Bull para quebrar a hegemonia da Mercedes no campeonato e colocar os taurinos e a Honda no topo do pódio pela primeira vez no ano.

Uma semana depois, no desfecho da segunda rodada tripla da Fórmula 1, o Mundial acelerou na Espanha, em Barcelona, que raramente produz corrida boa. No sábado, Hamilton conquistou uma pole-position na raça, a 92ª da sua carreira e a 200ª da história da Mercedes como fornecedora de motores na F1. O britânico superou Bottas por apenas 0s059. No domingo, o dono do carro #44 nadou de braçada, liderou de ponta a ponta e alcançou a vitória 88.

O mesmo cenário foi visto no GP da Bélgica. Spa-Francorchamps foi palco de uma homenagem marcante de Lewis Hamilton ao ator Chadwick Boseman, que ficou conhecido mundialmente pelo seu papel de protagonista no filme ‘Pantera Negra’. Boseman morreu em 28 de agosto, no fim de semana da prova em Spa. Amigo e fã de Chadwick, Hamilton o homenageou no sábado, logo depois de conquistar a pole, com o gesto característico do Pantera Negra. Lewis repetiu o tributo minutos depois de sacramentar uma vitória implacável no lendário traçado belga.

Lewis Hamilton e a homenagem a Chadwick Boseman, o Pantera Negra (Foto: Mercedes)

A 90ª vitória de Hamilton quase veio em Monza, a catedral do automobilismo. Pole no sábado com 0s069 de vantagem para Bottas, Lewis largou na frente pela 94ª vez na Fórmula 1 e partia como grande candidato a mais um triunfo na temporada, liderando as primeiras voltas da corrida.

Tudo mudou com o safety-car, que foi acionado por conta da posição do carro de Kevin Magnussen, parado em área perigosa após o dinamarquês abandonar. A Mercedes chamou Hamilton para a troca de pneus quando o pit-lane estava oficialmente fechado, o que se configura uma infração. Para piorar, logo depois, a bandeira amarela virou vermelha depois da fortíssima batida de Charles Leclerc, que estampou a sua Ferrari na curva Parabólica.

De uma vitória certa, Lewis teve de pagar o stop-and-go de 10s e caiu para 17º lugar, sendo obrigado a fazer uma corrida de recuperação nas voltas finais. Depois de tudo o que foi o GP da Itália, Hamilton ainda conseguiu cruzar a linha de chegada na sétima colocação. A vitória ficou, de forma incrível, com Pierre Gasly, da AlphaTauri.

O protesto de Hamilton contra o racismo ganha o pódio em Mugello

Pela primeira vez, Mugello foi palco de uma corrida de Fórmula 1. Famoso pelas provas na MotoGP, o circuito italiano recebeu o inédito GP da Toscana. E foi lá que Hamilton puxou um dos protestos mais veementes e emblemáticos contra o racismo.

No fim de semana da corrida 1.000 da história da Ferrari na F1, Lewis marcou a pole 95 da carreira com uma volta que o colocou 0s059 à frente de Bottas. O começo da prova foi caótico, com incidentes na primeira volta que culminaram com os abandonos de Gasly e Verstappen e com um verdadeiro strike na relargada que resultou nas saídas de Carlos Sainz, Antonio Giovinazzi, Kevin Magnussen e Nicholas Latifi.

Na segunda relargada, que veio depois de um longo período de bandeira vermelha, Hamilton superou Bottas na curva San Donato e jamais foi superado, pelo finlandês e por ninguém, na sequência da corrida. A prova teve ainda outra bandeira vermelha por conta do acidente sofrido por Lance Stroll, que bateu forte na curva Arrabbiata. O triunfo 90 na Fórmula 1 veio coroado pela volta mais rápida da corrida e o consequente ponto extra.

Lewis Hamilton usou camisa pedindo a prisão dos policiais que mataram a jovem negra Breonna Taylor (Foto: AFP)

Ao subir para receber o troféu no pódio, Hamilton vestiu a camiseta em tributo a Breonna Taylor, mulher preta norte-americana que foi morta pelas mãos de policiais que a mataram em Louisville, no Kentucky. A camiseta trazia o clamor por justiça: ‘Prendam os policiais que mataram Breonna Taylor’.

O gesto não agradou a cúpula da esbranquiçada FIA (Federação Internacional de Automobilismo), que chegou a colocar Hamilton sob investigação, mas desistiu da manobra. Entretanto, a entidade que gere a Fórmula 1 reforçou o veto a manifestações do gênero nos pódios do Mundial.

Na Rússia, Hamilton chegou a marcar a pole-position, que veio até com uma margem confortável de mais de 0s5 para Bottas, e liderou as 15 primeiras voltas da disputa. Entretanto, um erro inacreditável adiou o triunfo 91 e a chance de Lewis igualar a marca histórica de Schumacher para o GP de Eifel. Na volta de saída para o grid, bem antes da largada, Lewis fez práticas de largada fora da faixa designada pela direção de prova. A punição veio durante a corrida e fez Hamilton ser punido, terminando o domingo em Sóchi em terceiro.

O maior vencedor e o maior campeão da Fórmula 1

A Fórmula 1 e Hamilton mereciam que o recorde de vitórias de Michael Schumacher não fosse quebrado na insossa Sóchi, mas sim em um palco tradicional do esporte a motor: Nürburgring. O circuito alemão, que voltou de última hora ao calendário do Mundial em razão das mudanças proporcionadas pela pandemia, foi o cenário perfeito de um momento único na história do esporte em outra corrida única no Mundial: o GP de Eifel.

Antes da corrida daquele fim de semana, Hamilton bradou contra a possibilidade de a Floresta de Camboatá, no Rio de Janeiro, ser derrubada para dar lugar ao projeto do autódromo de Deodoro.

“Eu estava esperando que não perguntassem a mim, porque minha opinião pessoal é que o mundo não precisa de um novo circuito. Creio que há muitos circuitos no mundo que são ótimos”, afirmou o piloto em entrevista coletiva em Nürburgring.

“Amo Interlagos e conheço o Rio, é um lugar lindo, lindo. Derrubar [árvores] – e não conheço todos os detalhes -, apenas ouvi que seria uma corrida sustentável, mas o mais sustentável que pode ser feito é não derrubar nenhuma árvore. Especialmente num momento que estamos lutando contra uma pandemia e uma crise global. Não acho, pessoalmente, que o desmatamento seja uma decisão inteligente. De novo: não tenho todos os detalhes, mas não é algo que eu, pessoalmente, sou a favor”, declarou.

A passagem de cetro: Mick Schumacher entrega o capacete do pai a Hamilton, o novo recordista de vitórias na Fórmula 1 (Foto: Mercedes)

Três dias depois, em 11 de outubro, após ver o colega Bottas desta vez largar na pole-position, Hamilton andava perto do finlandês, em segundo. Valtteri tinha uma dianteira até confortável nas primeiras voltas, mas começou a perder rendimento e, na volta 11, cometeu um erro na primeira curva do circuito alemão e foi ultrapassado. Logo depois, o piloto do carro #77 abandonou com problemas no motor.

Daí em diante, Hamilton fez uma corrida tranquila, mas teve de lidar com o excessivo desgaste dos pneus. Mas nada que pudesse deter um dos maiores pilotos da história e, após 60 voltas do GP de Eifel, cruzou a linha de chegada na frente e conquistou a vitória 91 na carreira.

Na comemoração pelo feito que havia acabado de alcançar, Hamilton recebeu o capacete de Michael Schumacher das mãos do filho do heptacampeão, Mick. O gesto foi muito mais que uma linda e singela homenagem e representou uma verdadeira passagem de bastão. Dali em diante, Lewis Hamilton assumia definitivamente a condição de maior nome da história do esporte.

O triunfo histórico em Nürburgring abriu uma sequência vitoriosa para Hamilton. No regresso inesperado de Portugal ao calendário da Fórmula 1 neste ano, Lewis brilhou em uma corrida empolgante no circuito de Portimão e se consolidou como recordista máximo de vitórias no Mundial. Em seguida, vieram as conquistas dos GPs da Emília-Romanha, em Ímola, na base da estratégia e da melhor leitura da corrida, e uma inesquecível performance no GP da Turquia.

No asfalto escorregadio e traiçoeiro de Istambul, Lewis teve uma pilotagem magistral. Enquanto Bottas rodava seis vezes e passava vergonha, o britânico escalava o pelotão depois de ter largado em sexto lugar: ultrapassagens sobre Sebastian Vettel, Alexander Albon e, pouco depois de Sergio Pérez assumir a liderança, superou o mexicano sem cerimônia e manteve a ponta até o fim de 58 voltas para comemorar da melhor forma, no topo do pódio, a conquista do seu sétimo título mundial.

A glória na Turquia: o hepta veio com grande vitória em Istambul e foi festejado no pódio ao lado de Vettel (Foto: AFP)

O tenso GP do Bahrein, marcado pelo gravíssimo acidente sofrido por Romain Grosjean na primeira volta em Sakhir, foi palco da vitória 95 de Hamilton na carreira, sendo a 11ª na temporada.

Dias depois, o maior vencedor e campeão da história testou positivo para a Covid-19 e ficou fora do GP de Sakhir, uma corrida muito aguardada por ter sido disputada no anel externo do circuito barenita. George Russell foi o substituto do heptacampeão, cenário que provocou um alvoroço com a chance de um jovem e promissor piloto pilotar o melhor carro da Fórmula 1, guiado pelo melhor piloto do grid. O prodígio fez um fim de semana brilhante, ficou a apenas 0s024 da pole, conquistada por Bottas, e na corrida liderou desde o começo, sendo traído pelas trapalhadas da Mercedes nos boxes e por um pneu furado. A vitória, no fim das contas, ficou nas mãos de Sergio Pérez, também com todos os méritos.

Hamilton voltou ao cockpit do Mercedes W11 para a corrida final da temporada, o GP de Abu Dhabi. Longe do seu potencial por não estar 100% em forma em razão dos efeitos da Covid-19, Lewis desta vez não brilhou, largou em terceiro e em terceiro chegou. Uma jornada muito difícil depois de o piloto ter perdido muito peso nos últimos dias por conta da doença.

Aliviado depois de ter completado uma corrida muito desgastante, mas bastante abatido, Lewis se disse “destruído” ao fim de 55 voltas em Abu Dhabi. E disparou contra o negacionismo de líderes mundiais ao lidar com uma doença que infectou milhões de pessoas, ceifou muitas vidas e vem causando efeitos devastadores no planeta até os dias de hoje.

Lewis Hamilton: o maior campeão e o maior vencedor da F1 em todos os tempos (Foto: Mercedes)

Com o apagar das luzes na sua 14ª temporada como piloto de Fórmula 1, Hamilton tem um total de 95 vitórias, 98 poles, 53 voltas mais rápidas e incríveis 165 pódios. Nas pistas, o maior de todos, definitivamente.

Fora das pistas, Lewis Hamilton se consolidou como o nome mais importante da história da Fórmula 1 e o esportista que rompeu paradigmas, que quebrou barreiras e colocou o dedo na ferida. Ao falar sobre temas que muitos torcem o nariz, como o racismo, a luta contra o desmatamento e o posicionamento contra todo tipo de preconceito, o heptacampeão mostra do que é feito: um grande campeão em todos os aspectos da vida.

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